Num salão lotado em Tóquio, um 4×4 compacto chamou atenção com soluções simples, medidas certeiras e promessas de aventura.
Vimos de perto o Toyota Land Cruiser FJ, projeto que mira trilhas verdadeiras e foca robustez. Ele estreia em 2026 na Ásia, mas já levanta dúvidas no Brasil: faz sentido como “Renegade” da Toyota, mesmo sem venda local confirmada?
O que é o FJ e por que o público cercou o stand
O FJ ocupa um espaço novo dentro da família Land Cruiser. Ele nasce para entregar “freedom & joy” sem largar a tríade que tornou a sigla famosa: robustez, confiabilidade e competência fora de estrada. No Japan Mobility Show 2025, esse pacote atraiu curiosos e entusiastas que buscam um 4×4 prático, de manutenção simples e com visual honesto.
Apresentação no Japão em 2025, vendas previstas para meados de 2026 em Japão e Sudeste Asiático. América do Sul, por ora, fica de fora.
Design e proporções que falam a língua do off-road
Linhas retas, plástico aparente e para-choques “de trilha”
O FJ não tenta parecer um SUV urbano. A carroceria é angulosa, com para-lamas destacados e recortes que facilitam reparo. Os para-choques dianteiro e traseiro são segmentados e intercambiáveis, o que reduz custo de conserto após um toque mais pesado. O plástico sem pintura protege áreas de contato frequente.
Os estribos laterais não são enfeite. Ajudam no embarque por conta da altura do solo. A traseira traz porta que abre para a direita e estepe externo, solução prática para quem roda longe do asfalto.
Para-choques modulares e peças fáceis de trocar indicam foco real em uso severo e personalização.
Medidas e presença
- Comprimento: 4.575 mm
- Largura: 1.855 mm
- Altura: 1.960 mm
- Entre-eixos: 2.580 mm
- Rodas: 18 polegadas no veículo exibido
O entre-eixos menor que o do Land Cruiser 250 (encurtado em 270 mm) favorece manobrabilidade em trilhas fechadas e ruas apertadas. As proporções cúbicas ajudam na leitura de extremidades, útil quando a trilha exige precisão.
Cabine: funcionalidade acima de frescura
Posto de condução alto e comandos à mão
O acesso exige um passo firme no estribo e apoio no puxador da coluna A. O capô plano facilita a leitura do terreno. A Toyota posicionou várias funções da tração integral no console central largo, o que deixa tudo à mão de quem dirige. O Toyota Safety Sense faz parte do pacote e adiciona assistências ativas.
O volante não tem ajuste de altura no protótipo mostrado, e o console amplo isola um pouco o motorista. Atrás, o espaço para pernas é apenas razoável. O acabamento usa muito plástico rígido, coerente com a proposta de uso pesado e lavagem fácil.
Mecânica e chassi: foco no que aguenta pancada
Plataforma IMV evoluída e rigidez de carroceria
O FJ deriva de uma versão mais desenvolvida da plataforma IMV, a mesma família que sustenta picapes vocacionadas para trabalho. A marca cita reforços sob o assoalho para elevar a rigidez e durabilidade. A suspensão prioriza grande articulação de rodas, e a meta oficial é entregar capacidade fora de estrada equivalente à da Série 70, ícone do trabalho pesado.
Conjunto 2.7 a gasolina, câmbio automático e 4×4 selecionável
Debaixo do capô, o 2.7 2TR-FE entrega 163 cv e cerca de 25 kgfm. O câmbio automático é de 6 marchas. A tração integral é selecionável, o que combina o uso diário em 4×2 com o engate do 4×4 quando o terreno pede.
Motor 2.7 aspirado de 163 cv, câmbio automático de 6 marchas e tração 4×4 selecionável: simplicidade com foco em confiabilidade.
É o “Renegade” da Toyota?
O paralelo com o Jeep Renegade nasce do tamanho e da promessa de unir uso urbano com aptidões de trilha. O FJ, porém, pende mais para o lado raiz. Os para-choques reparáveis, o estepe externo e a cabine simplificada mostram prioridade no uso utilitário. Quem precisa encarar estrada de terra, pedra solta e barro encontrará recursos prontos de fábrica.
Para o uso diário, o conjunto traz compromissos. A altura facilita a visão do trânsito, mas exige cuidado na hora de entrar em garagens baixas. A porta traseira lateral pede espaço para abrir. O acabamento rígido resiste melhor a ferramentas e bagagem pesada, mas passa sensação menos “premium”.
Personalização e equipamentos para quem vai longe
A Toyota já sinaliza um catálogo amplo de acessórios. Haverá faróis redondos no estilo retrô, painéis MOLLE para prender equipamentos externos e itens de trilha. A marca também desenvolve o Land Hopper, pequeno veículo elétrico para uma pessoa que cabe no porta-malas e serve para deslocamentos curtos em estradas de chão, acampamentos e fazendas.
Brasil: vai chegar?
O plano atual não inclui América do Sul. A marca posiciona por aqui modelos como RAV4 e, nos próximos meses, o Yaris Cross. Ainda assim, o interesse local é alto, pois o FJ conversa com estradas rurais, propriedades agrícolas e turismo de natureza. Uma eventual chegada exigiria decisão de produto e produção, já que o foco inicial fica com Japão e Sudeste Asiático.
Sem previsão para o Brasil. O interesse existe, mas a prioridade da Toyota segue Ásia e mercados específicos em 2026.
Tabela de dados rápidos
| Plataforma | IMV evoluída (parentesco com picapes de trabalho) |
| Comprimento | 4.575 mm |
| Largura | 1.855 mm |
| Altura | 1.960 mm |
| Entre-eixos | 2.580 mm |
| Motor | 2.7 a gasolina (2TR-FE), 163 cv e ~25 kgfm |
| Câmbio | Automático, 6 marchas |
| Tração | Integral selecionável |
| Rodas | 18″ |
| Lançamento | Meados de 2026 (Japão e Sudeste Asiático) |
O que mais chamou atenção no contato inicial
- Para-choques modulares e plásticos expostos focados em uso pesado.
- Entre-eixos curto que ajuda em manobras e rampas fechadas.
- Comandos de 4×4 centralizados no console e ergonomia simples.
- Estepe externo e porta traseira lateral com apelo prático.
- Possibilidades reais de personalização, de faróis retrô a painéis MOLLE.
Para o leitor: como avaliar se ele cabe na sua rotina
Meça a vaga da sua garagem e simule manobras com 4,58 m de comprimento e quase 2 m de altura. Considere objetos que carrega no dia a dia e se o porta-malas com estepe externo ajuda ou atrapalha. Reflita sobre o uso em estrada de terra: a suspensão com grande curso trabalha melhor em piso ruim e preserva carroceria e pneus.
A mecânica aspirada tende a priorizar durabilidade e resposta linear. Em contrapartida, pode consumir mais que um turbo moderno em ciclo urbano. No off-road, o torque disponível cedo ajuda a controlar o carro em baixa rotação, ainda mais com o 4×4 selecionável e a calibração de câmbio longa.
Termos e ideias que valem guardar
MOLLE é um padrão de fixação que permite prender bolsas, ferramentas e acessórios por tiras. Ele adapta o carro a atividades específicas, de camping a trabalho de campo. A plataforma IMV, por sua vez, nasceu para veículos de carga e uso severo. Quando aplicada a um 4×4 compacto, ela reforça a proposta de resistência a torções e impactos repetidos.
Se você cogita um 4×4 para viagens mistas, pense no conjunto de custos, peso e pneus. Pneus mais agressivos aumentam grip na terra e ruído no asfalto. Acessórios pesados elevam consumo e exigem revisão do limite de carga. Cada item precisa fazer sentido para seu trajeto real, não apenas para um fim de semana por ano.


