Você com 60, 70 ou 80 anos: aprender 1 nova habilidade por mês pode atrasar perdas? veja como

Você com 60, 70 ou 80 anos: aprender 1 nova habilidade por mês pode atrasar perdas? veja como

O Brasil envelhece rápido e com potencial de viver mais e melhor. O caminho passa por escolhas diárias e conexões ativas.

Com a longevidade em alta, especialistas e dados recentes mostram que manter a mente desafiada e o corpo em movimento muda o rumo do envelhecer no país.

Longevidade em movimento ganha força no país

A projeção do IBGE para quem nasce em 2025 aponta expectativa média de 76,8 anos. Esse avanço expõe um dilema: viver mais exige autonomia, saúde e propósito. Em São Paulo, o 18º Fórum da Longevidade do Bradesco Seguros reuniu pesquisadores, artistas e profissionais para discutir práticas que sustentam uma vida longa com qualidade.

No evento, veio a nova edição do Índice de Longevidade Pessoal (ILP). A pesquisa ouviu cerca de 4,4 mil brasileiros, em todas as regiões, e analisou 31 variáveis distribuídas em seis pilares de bem-estar. O relatório indica maior adesão a atividades físicas e atenção à saúde. Também revela obstáculos persistentes, como sedentarismo, isolamento social e desigualdades que afetam acesso a oportunidades.

Aprender algo novo protege corpo e mente

O pilar do conhecimento ganhou destaque no Distrito Federal. Segundo o levantamento, 79% dos brasilienses afirmam buscar aprender novas habilidades com frequência. Essa prática favorece neuroplasticidade, estimula memória, fortalece a autoestima e mantém vínculos sociais.

Aprender de forma continuada depois dos 50 amplia horizontes, sustenta a autonomia e ajuda a prevenir perdas funcionais.

O gerontólogo Alexandre Kalache, referência global no tema, defende que o cérebro responde a desafios ao longo de toda a vida. Quando a pessoa estuda, pratica uma atividade artística, resolve problemas ou se arrisca em uma competência diferente, cria novas conexões neurais. Essa rede mais robusta tende a retardar declínios cognitivos e a reduzir a sensação de isolamento.

O que revela o Índice de Longevidade Pessoal

  • Amostra: cerca de 4,4 mil participantes, de todas as regiões.
  • Dimensões avaliadas: 31 variáveis agrupadas em seis pilares de bem-estar.
  • Mudanças percebidas: maior engajamento em atividade física e atenção preventiva à saúde.
  • Desafios que persistem: desigualdade de acesso, barreiras financeiras e falta de estímulo em comunidades.

No DF, a busca ativa por novas habilidades alcança 79%, sinal de um caminho prático para envelhecer com saúde.

Histórias que inspiram além dos 50

Cleide Helena de Faria, 69, ilustra esse movimento. Ela acumulou cursos de panificação, confeitaria, idiomas e tecnologia da informação. Também dança em um grupo feminino 50+, o Divas Dance. Na rotina, alterna estudos, prática corporal e convivência. Resultado: mais vitalidade, novos círculos de amizade e senso de propósito.

A experiência dela confirma o que a literatura científica aponta. Aprendizagem combinada a atividade física leve ou moderada potencializa benefícios. Mãos em ação, música e coordenação motora reforçam atenção, linguagem e equilíbrio emocional.

Idadismo ainda limita oportunidades

Kalache chama atenção para o idadismo, termo cunhado por Robert Neil Butler em 1969. O preconceito contra pessoas mais velhas se manifesta no trabalho, na saúde e na vida cultural. Essas barreiras restringem chances de aprender, empreender e participar de projetos sociais. Países que reduzem o idadismo costumam abrir portas a cursos intergeracionais, mentorias e reciclagem profissional, o que reflete em mais renda e bem-estar.

O especialista também lembra que a curva de aumento da expectativa de vida no Brasil foi rápida, comparada a países ricos. O ritmo pede políticas públicas e redes de apoio que acompanhem a mudança demográfica, com foco em educação continuada, mobilidade urbana e prevenção em saúde.

Habilidade nova todo mês: ideias práticas

Começar não precisa custar caro. Pequenos desafios semanais constroem consistência e trazem prazer imediato. Veja sugestões para diferentes perfis.

  • Memória e linguagem: aprender 10 palavras de um novo idioma por dia.
  • Ritmo e coordenação: aulas de dança em grupo no bairro.
  • Manualidades: panificação, tricô, marcenaria leve ou cerâmica fria.
  • Tecnologia: curso básico de smartphone, foto digital ou planilhas.
  • Música: prática de percussão corporal ou teclado com exercícios simples.
  • Voluntariado: leitura para crianças, oficinas de escrita ou mentoria.

O que aprender traz para cada área da vida

Nova habilidade Benefício principal Por onde começar
Idioma estrangeiro Treina memória de trabalho e atenção sustentada Cartões de palavras e conversas curtas com parceiros
Dança em grupo Melhora equilíbrio, humor e sociabilidade Aulas comunitárias semanais com ritmos conhecidos
Panificação Coordenação fina e planejamento de etapas Receitas de fermentação simples e registro das tentativas
Fotografia Percepção visual e criatividade Desafios diários: luz, retrato, cores e movimentos
Programação básica Lógica, resolução de problemas e autonomia digital Exercícios curtos com metas semanais e projetos de interesse

Como começar agora, sem gastar muito

Defina uma meta modesta. Quinze minutos por dia geram progresso real. Registre as sessões em um caderno e ajuste o plano toda semana. Procure parceiros no bairro, grupos de leitura, corais e turmas abertas em centros comunitários. Bibliotecas públicas oferecem acervos, salas e oficinas. Universidades e instituições promovem atividades para 50+ em vários municípios.

Mais contexto e caminhos possíveis

Kalache acaba de lançar o livro A revolução da longevidade, que reúne reflexões sobre envelhecer com propósito. O debate ganha peso num país com grandes contrastes. Fatores raciais, de renda e território afetam o tempo e a qualidade de vida. Programas de aprendizado contínuo reduzem essas distâncias quando chegam a periferias e cidades pequenas, com apoio de redes locais e parcerias.

O ILP mostrou avanço no engajamento físico. A combinação de exercício, sono regular e aprendizado significativo tende a consolidar resultados. Quem enfrenta dor crônica ou limitações motoras pode adaptar atividades para sentado, com pausas e orientação profissional.

Riscos, limites e quando buscar orientação

O corpo envia sinais. Dor que persiste, cansaço extremo, tonturas e esquecimentos novos merecem avaliação. Um geriatra, educador físico ou terapeuta ocupacional ajuda a ajustar metas. A mente também pede pausas. Intercale esforço e descanso para manter motivação e evitar frustrações.

Plano rápido de 7 dias para testar

  • Dia 1: escolha a habilidade e defina uma meta simples.
  • Dia 2: 15 minutos de prática guiada.
  • Dia 3: revisão do que funcionou e ajuste do nível.
  • Dia 4: prática com alguém, nem que seja por chamada de voz.
  • Dia 5: leve atividade física (caminhada curta) antes da sessão.
  • Dia 6: faça um pequeno registro do progresso com foto, áudio ou texto.
  • Dia 7: comemore a constância e programe a semana seguinte.

Por que isso funciona

Aprender algo que faz sentido para a sua história ativa emoção, foco e memória. O hábito se consolida quando cabe na rotina, gera prazer e promove encontros. Em cidades como Brasília, onde 79% já buscam novas competências, o ambiente fica mais favorável. Redes ativas contagiam e sustentam mudanças ao longo do tempo.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *