Um vilarejo serrano se prepara para virar ponto de encontro criativo. Gente famosa e talentos locais dividem a mesma cena.
São Pedro da Serra, distrito de Nova Friburgo, recebe um centro cultural com proposta de formação, pesquisa e apresentações. A pré-abertura acontece em 6 de novembro, com programação que une artes visuais e música.
Um centro que nasce com curadoria de peso
O Instituto do Ator – Clínica de Arte de São Pedro da Serra inicia atividades com um conselho curador que inclui Fábio Porchat e profissionais de diferentes áreas. Integram o grupo nomes como Dinah de Oliveira (artes visuais), Henrique Gusmão (pesquisa e artes cênicas), Carla Esmeralda e Joaquim Ferreira (cinema). A meta é conectar artistas, moradores e visitantes a experiências artísticas contemporâneas, sem perder a raiz local.
Com curadoria plural e foco em formação, o novo endereço pretende ser referência na serra fluminense.
Agenda de abertura: artes visuais e piano em foco
Nelson Félix inaugura a Galeria Claráguas
Às 18h30, a Galeria Claráguas abre as portas com mostra de Nelson Félix. O escultor, desenhista e professor, um dos nomes mais relevantes da escultura contemporânea brasileira, vive em Nova Friburgo há mais de quatro décadas. Ele apresenta obras inéditas que dialogam com projetos agendados para 2025 em São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea da USP e na galeria Almeida & Dale.
Raisa Richter leva repertório autoral à Sala Jerzy Grotowski
Às 20h15, a pianista Raisa Richter sobe ao palco da Sala Jerzy Grotowski, no terceiro andar. O concerto “O Piano de Raisa Richter” tem cerca de 40 minutos e reúne composições lançadas em 2021. A proposta se apoia em linguagem minimalista e sensorial, com atenção à textura sonora e ao silêncio como parte da música.
18h30: exposição na Galeria Claráguas. 20h15: concerto na Sala Jerzy Grotowski. Duração do recital: 40 minutos.
O que o prédio oferece
O Instituto ocupa um terreno de 1.400 m² na rua principal de São Pedro da Serra. O desenho arquitetônico prevê espaços para criação, difusão e acolhimento de artistas em residência, com estrutura para diferentes linguagens.
- Galeria de Arte Claráguas, com foco em exposições e instalações.
- Sala Jerzy Grotowski, equipada para teatro, música e dança, com 60 lugares.
- Estúdio Hermeto, preparado para gravações de som e vídeo.
- Consultório de Arte e Psicanálise, dedicado a processos criativos e acompanhamento.
- Camarins e hospedagem para até nove artistas residentes.
A ideia é que o espaço funcione como laboratório permanente: ensaio, apresentação, pesquisa e escuta do público se alimentam mutuamente. A proximidade com a Mata Atlântica amplia as condições para processos imersivos.
Programas permanentes para mobilizar moradores e visitantes
O calendário inaugural já lista ações com foco em intercâmbio e formação. Tradição local, convidados de fora e programação para crianças dividem a pauta.
- Mizanceni: temporada de teatro experimental e processos de cena.
- Cena Serrana: encontros entre grupos de diferentes regiões e países.
- Escuta!: recitais e rodas de música popular e erudita.
- Uorkixópis: oficinas práticas conduzidas por artistas convidados.
- Cineminha e Cinemão de Verão: cineclubes infantis e sessões ao ar livre, com acesso gratuito.
- Mesa aberta: experiências que aproximam gastronomia e arte.
- Manhãs de teatro: programação voltada à infância e escolas.
Residências artísticas, oficinas e cineclubes gratuitos devem ampliar o acesso e formar novos públicos no distrito.
Da capital à serra: uma guinada com lastro
Após 18 anos no Rio de Janeiro, o Instituto do Ator transfere sua base para a serra e adota um formato expandido. A idealizadora, Celina Sodré, desenvolveu o projeto a partir de uma orientação do diretor polonês Jerzy Grotowski, referência do teatro-laboratório, com quem trabalhou. O plano sempre mirou uma sede fora do eixo urbano, favorecendo concentração, pesquisa e convívio.
“Clínica de Arte” define um lugar de cuidado do processo criativo: música, teatro, cinema, artes visuais e formação caminham juntos.
O time que toca o projeto reúne profissionais com atuação na Região Serrana: Guilherme Bazana, Léo da Selva e a pianista Raisa Richter. A direção técnica é de Alexandre Boratto, com Jefferson Matos na assistência. O Instituto também abriga o Studio Stanislavski, ativo desde 1991, e o N.A.V.E. – Núcleo Artístico Veículo Espiritual, coletivo já atuante na região.
Serviço
| Evento | Pré-inauguração do Instituto do Ator – Clínica de Arte de São Pedro da Serra |
| Data | 6 de novembro |
| Endereço | Rua Rodrigues Alves, 801 – São Pedro da Serra, Nova Friburgo |
| 18h30 | Abertura da exposição de Nelson Félix (Galeria Claráguas) |
| 20h15 | Concerto “O Piano de Raisa Richter” (Sala Jerzy Grotowski) |
| Capacidade da sala | 60 lugares |
Por que isso importa para você
Para os moradores, o centro amplia o acesso a atividades culturais durante todo o ano, com eventos gratuitos em algumas frentes e ações para crianças. Para artistas, residências com hospedagem, estúdio de som e espaços de apresentação permitem testar repertórios e criar com tempo. A presença de um conselho curador heterogêneo, que inclui Fábio Porchat, abre portas para colaborações e circulação de trabalhos.
O impacto econômico tende a aparecer em hospedagem, alimentação e serviços criativos locais. Restaurantes e ateliês podem se articular com a programação “Mesa aberta” e com as temporadas de oficinas, atraindo visitantes em períodos fora do calendário turístico tradicional.
Como se envolver além da estreia
- Prepare um portfólio se você é artista; residências costumam selecionar por projetos.
- Fique atento às oficinas do Uorkixópis; elas funcionam como porta de entrada para processos criativos.
- Leve as crianças às Manhãs de teatro; escolas podem agendar visitas pedagógicas.
- Aproveite os cineclubes ao ar livre no verão; boa opção para famílias e para quem quer iniciar um debate sobre cinema.
Contexto para entender a proposta
O nome da sala principal homenageia Jerzy Grotowski, diretor que defendeu o “teatro pobre”, com foco no ator, no treinamento físico e na relação direta com o público, sem artifícios desnecessários. Essa base se reflete aqui: pesquisa continuada, grupos pequenos, imersões e cuidado com a dramaturgia do gesto. Ao mesmo tempo, a curadoria abre espaço para música, cinema e artes visuais, favorecendo encontros entre linguagens.
Se você pretende participar como público, vale planejar a visita: a Sala Jerzy Grotowski tem 60 lugares, o que torna a experiência próxima dos artistas, mas exige chegar com antecedência. Quem mora no distrito encontra um calendário que privilegia a constância, com sessões, oficinas e residências distribuídas ao longo do ano.


