Nas primeiras noites da temporada da NBA, um craque voltou de lesão com fome de bola e reacendeu debates sobre recordes antigos.
Com atuações consecutivas dominantes, Luka Doncic colocou o torcedor no centro da conversa. O armador do Los Angeles Lakers retornou em alto nível, liderou vitória apertada fora de casa e, ao empilhar números raros, mexeu com memórias que pareciam intocáveis.
O começo arrasador de Doncic
Nos três primeiros jogos da temporada, Doncic registrou 43, 49 e 44 pontos. Em cada partida, somou duplo-duplo com 12, 11 e 12 rebotes. A regularidade nas duas extremidades da quadra manteve o Lakers competitivo mesmo sob pressão, e o esloveno voltou às quadras após perder três confrontos por causa de uma entorse no dedo da mão esquerda e uma contusão na parte inferior da perna esquerda.
O retorno veio na vitória por 117 a 112 sobre o Memphis Grizzlies, quando anotou 44 pontos e liderou a equipe nos minutos finais. O impacto imediato não apareceu só na pontuação. Ele controlou o ritmo, chamou marcações duplas e criou espaços para arremessadores, algo que muda a dinâmica do Lakers desde a saída de bola.
Três jogos, três duplos-duplos e 40+ pontos em cada: o início de temporada recolocou Luka Doncic na conversa das maiores arrancadas já vistas.
Três jogos, três performances dominantes
| Jogo | Adversário | Pontos | Rebotes |
|---|---|---|---|
| 1º | Golden State Warriors | 43 | 12 |
| 2º | Minnesota | 49 | 11 |
| 3º | Memphis Grizzlies | 44 | 12 |
As três partidas mostraram um padrão. Doncic alternou ritmo, atacou mismatch no poste baixo e castigou em pick-and-roll. Quando o adversário trocou a marcação, ele aproveitou o isolamento; quando dobrou a marcação, acelerou o passe para o lado fraco. O resultado aparece nos números, mas também no tipo de atenção defensiva que ele exige a cada posse.
Marca que resiste há 63 anos
Ao anotar ao menos 40 pontos nos três primeiros jogos do ano, Doncic igualou um feito que só Wilt Chamberlain havia alcançado. O lendário pivô iniciou temporadas com essa sequência em 1961-62 e 1962-63, período que já soma 63 anos de distância. Isso dá a medida da dificuldade: volume alto, eficiência e consistência em um recorte em que os times ainda tateiam ajustes táticos.
Somente Wilt Chamberlain, em 1961-62 e 1962-63, e agora Luka Doncic, abriram a temporada com três jogos seguidos de 40+ pontos.
Além do simbolismo histórico, a marca tem peso prático. Em começo de temporada, as comissões técnicas testam rotações, e as defesas variam bastante de plano. Manter produção acima de 40 mesmo assim sugere leitura rápida de cobertura, preparo físico ajustado após a pré-temporada e um arsenal ofensivo difícil de prever.
Acima de Michael Jordan nos três primeiros jogos
Outro recorte que ajuda a dimensionar a arrancada: apenas Chamberlain, Doncic e Michael Jordan alcançaram 125 pontos ou mais nos três primeiros jogos de uma edição da NBA. A sequência de Jordan foi de 50, 41 e 34. Doncic já aparece com 136 pontos no mesmo intervalo, pontuando com volume e impacto.
Com 136 pontos nos três primeiros jogos, Doncic ultrapassa o início de Jordan e crava lugar em uma lista de três nomes.
- 40+ pontos em cada um dos três primeiros jogos, algo que só Wilt havia feito.
- 136 pontos no total após três partidas, acima dos 125 de Michael Jordan em 1986-87.
- Três duplos-duplos consecutivos no início do calendário.
- Vitória por 117 a 112 em Memphis no jogo de retorno após lesão.
O que muda para os Lakers e para a liga
Para o Lakers, a explosão inicial facilita tarefas ao redor. Alas ganham arremessos mais limpos, pivôs recebem ângulos melhores de passe no short roll e a segunda unidade entra em quadra com vantagem de placar. Em jogos apertados, ter um criador capaz de gerar cesta em meia quadra reduz improviso e diminui a chance de desperdícios nos minutos de clutch.
Para a liga, a sequência de Doncic recalibra o sarrafo defensivo contra jogadores de alto volume. Técnicos se veem obrigados a alternar cobertura entre drop, blitz e zona em questão de posses. Em séries longas, esse nível de flexibilidade define quem entra no top 4 da conferência.
Como ele está produzindo tanto
Há três pilares nessa arrancada. Primeiro, o controle do ritmo: ele desacelera para ler a dobra e acelera na infiltração quando percebe o defensor de costas. Segundo, a seleção de arremessos: bolas de três em step-back, finalizações de contato e jogo de média distância quando a defesa fecha o aro. Terceiro, o rebote: ao garantir a posse defensiva, inicia o contra-ataque com vantagem e cria cestas fáceis sem precisar chamar jogada.
Somado a isso, o uso do corpo para proteger a bola ajuda a cavar faltas e a instalar o ataque na linha do lance livre. Em noites em que a mão não cai de fora, esse expediente mantém o placar girando e tira o adversário do ritmo.
Gestão física e próximos desafios táticos
O início veio após três jogos de ausência por uma entorse no dedo da mão esquerda e contusão na perna esquerda. A equipe técnica precisa equilibrar minutagem e treinos de contato. O objetivo: preservar explosão lateral e evitar sobrecarga nos períodos de back-to-back. Alternar pick-and-roll central com ações no lado curto do garrafão também poupa deslocamentos e mantém a defesa em dúvida.
As próximas pranchetas tendem a trazer mais blitz no alto e marcação por zona para retirar bola das mãos do armador. A resposta passa por:
- toques rápidos no poste alto para punir a dobra;
- cortes pela linha de fundo para atacar o espaço atrás da zona;
- sequências curtas de bloqueios consecutivos para quebrar o cronômetro da defesa.
Para o leitor: como ler números de começo de temporada
Sequências como essa empolgam, mas pedem contexto. Amostras de três jogos amplificam altos e baixos. Olhe além dos pontos: criação de arremesso para colegas, controle de perdas de bola, eficiência em diferentes áreas da quadra e impacto nos minutos de clutch. Quando esses indicadores caminham juntos, a tendência de manutenção melhora.
Glossário útil para acompanhar a temporada
Duplo-duplo: quando um atleta consegue dígitos duplos em duas estatísticas principais, como pontos e rebotes. Esse tipo de marca aponta impacto multifuncional. Em elencos com criadores pesados, duplos-duplos frequentes costumam vir acompanhados de maior volume de assistências e rebotes defensivos, porque o armador inicia mais posses e fecha mais jogadas.
Gestão de carga: distribuição planejada de minutos, treinos e recuperação. Vantagem direta aparece na performance em jogos seguidos e na redução de quedas de rendimento em quartas finais. Risco: perda de ritmo para quem fica fora em dias alternados. Equilíbrio, aqui, faz diferença na briga por mando de quadra.


