Um levantamento nacional expõe o mau humor do eleitorado e reacende dúvidas sobre o fôlego político da Casa Branca em 2025.
A aprovação do presidente Donald Trump caiu a 37% no seu segundo mandato, segundo pesquisa CNN/SSRS realizada entre 27 e 30 de outubro. A desaprovação chegou a 63% e bateu um recorde histórico para sua gestão. O estudo ouviu 1.245 adultos, sendo 954 eleitores registrados, por telefone e online. O resultado chega em um cenário de paralisação do governo federal, tensões com a Venezuela e disputa tarifária acirrada.
Queda na aprovação acelera e desaprovação atinge novo pico
O índice de aprovação atual é o mais baixo deste segundo mandato. A série do ano oscilou entre 48% e 41% antes da nova mínima. A desaprovação subiu um ponto em relação ao recorde anterior registrado no fim do primeiro ciclo de governo, em janeiro de 2021. O movimento repete um padrão observado também em novembro de 2017, quando a aprovação marcou 36% no mesmo ponto do mandato.
Desaprovação de 63% e aprovação de 37% colocam Trump no pior patamar de seu segundo mandato, com tendência negativa consolidada ao longo do ano.
| Indicador | Número |
|---|---|
| Aprovação no cargo | 37% |
| Desaprovação | 63% |
| Entrevistados | 1.245 adultos (954 eleitores) |
| Período do levantamento | 27 a 30 de outubro |
Humor do eleitor: economia fraca, paralisação e uso do poder
A percepção sobre a direção do país é predominantemente negativa. A maioria avalia a economia como ruim ou muito ruim. O shutdown federal aparece como crise ou grande problema para oito em cada dez entrevistados. Parte relevante do público considera que as políticas econômicas do governo pioraram as condições do país. Muitos veem excesso no uso do poder presidencial.
- 68% dizem que as coisas vão mal ou muito mal nos Estados Unidos.
- 72% avaliam a economia como em más condições, sendo 30% “muito ruins”.
- 61% afirmam que as políticas do governo pioraram a economia.
- 61% entendem que o presidente extrapolou no uso de seu poder.
- 81% classificam o shutdown como crise ou grande problema nacional.
Quem respondeu e como os pesquisadores mediram o pulso
O instituto SSRS entrevistou adultos com 18 anos ou mais por dois canais, telefone e internet. Entre os participantes, 27% se identificaram como democratas. Outros 29% se disseram republicanos. Um bloco de 44% se classificou como independente ou vinculado a outro partido. A composição indica forte presença de eleitores não alinhados, grupo que costuma definir disputas apertadas.
Os resultados se inserem em uma trajetória de perda de apoio em diferentes faixas partidárias e demográficas desde janeiro, quando começou o atual mandato. A soma de fatores econômicos, impasses no Congresso e crises administrativas compõe o pano de fundo do desgaste.
Contexto político e econômico pressiona a Casa Branca
A paralisação do governo, que suspendeu serviços e pagamentos, gerou descontentamento amplo. Famílias relataram atrasos em benefícios e empresas adiaram contratos com órgãos federais. A tensão com a Venezuela elevou o tom na política externa. A guerra tarifária seguiu afetando cadeias de suprimentos, custo de insumos e investimento. A retomada de testes nucleares, defendida pelo governo como medida de dissuasão, também alimentou temores sobre escalada militar.
Com serviços parados e incerteza econômica, a agenda doméstica perdeu tração e o desgaste político transbordou para o eleitorado independente.
Democracia em foco: valores institucionais sob questionamento
Outro levantamento, conduzido por The Washington Post e ABC News em parceria com o Ipsos, indica que uma maioria não vê o presidente comprometido em proteger a liberdade de expressão. O estudo também aponta descrença quanto a um sistema de justiça criminal justo. Há dúvidas sobre a preservação de eleições livres e equitativas. O dado contrasta com o discurso oficial, que se apresenta como defensor da livre expressão e crítico de uma justiça supostamente “politizada”.
Riscos eleitorais visíveis a um ano do pleito de meio de mandato
Falta um ano para as eleições que renovam cadeiras no Congresso. Aprovação abaixo de 40% costuma sinalizar ambiente adverso para o partido do presidente. Em cenários assim, candidatos governistas tendem a se descolar da Casa Branca em estados e distritos competitivos. O efeito se amplifica entre independentes suburbanos, que têm peso decisivo na Câmara.
No Senado, a dinâmica depende do mapa de disputas. Estados com economia mais exposta a tarifas e volatilidade internacional podem punir incumbentes. A continuidade do shutdown, se prolongada, aumenta o custo político. A economia é o vetor central para reverter expectativas, especialmente renda real e inflação.
O que muda para você e para o Brasil
Oscilações políticas em Washington afetam o câmbio, os juros globais e o apetite por risco. Um governo fragilizado tende a adotar medidas de curto prazo com impacto nos mercados. O dólar pode ganhar força em janelas de aversão a risco. Isso pressiona combustíveis no Brasil e encarece importados.
- Exportações brasileiras de aço e alumínio seguem sensíveis a tarifas americanas.
- O agronegócio monitora a disputa tarifária que afeta soja, carnes e fertilizantes.
- Empresas com receita em dólar podem se beneficiar de câmbio alto, enquanto varejo e turismo sofrem.
- Brasileiros nos EUA podem sentir efeitos em serviços públicos durante o shutdown.
Para quem investe, o cenário pede atenção à volatilidade. Títulos de menor risco ganham atratividade em movimentos defensivos. Ações de setores mais expostos à demanda externa podem oscilar mais. Planos de viagem aos EUA podem ficar mais caros com dólar pressionado. Remessas e compras internacionais tendem a pesar no orçamento doméstico.
Como ler pesquisas e acompanhar a tendência
Uma pesquisa é um retrato de curto prazo e não substitui o acompanhamento da tendência. Séries temporais ajudam a filtrar ruído semanal. A composição da amostra importa tanto quanto o número bruto. Distribuições partidárias e recortes regionais explicam variações entre institutos. Levantamentos por telefone e online capturam perfis distintos do eleitorado. A comparação entre médias móveis de institutos diferentes reduz vieses de método.
Você pode avaliar cenários observando três pontos: direção da curva de aprovação, humor econômico e mobilização de independentes. Se a aprovação permanecer abaixo de 40% por vários meses, candidatos governistas tendem a recalibrar estratégias. Se o shutdown terminar rapidamente e indicadores de emprego e renda melhorarem, parte do dano político pode ser mitigada. Se a economia seguir fraca e as tensões externas aumentarem, a pressão sobre o Congresso e sobre governadores alinhados ao presidente se intensifica.


