Em Santarém, Lula promete luz na aldeia e universidade indígena: você confia nessas 3 ações?

Em Santarém, Lula promete luz na aldeia e universidade indígena: você confia nessas 3 ações?

Uma manhã de canto, artesanato e chão batido reuniu moradores e visitantes. A mata cercou o diálogo e pautou cada gesto.

A visita presidencial à Aldeia Vista Alegre do Capixauã, na Resex Tapajós-Arapiuns, levou governo e lideranças à mesma roda. Demandas antigas ganharam novas promessas, com foco em infraestrutura e ensino superior voltado aos povos originários.

Visita com escuta e compromissos

Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Santarém, oeste do Pará, em comitiva ampla. A primeira-dama, Janja Silva, acompanhou a agenda, ao lado das ministras Marina Silva e Sônia Guajajara. Também participaram Joenia Wapichana, da Funai, e Mauro Pires, do ICMBio.

Moradores da aldeia receberam o grupo com danças e rituais. Após a cerimônia, lideranças entregaram um documento com as principais reivindicações das comunidades do Tapajós e Arapiuns. O material prioriza água potável, energia e educação de qualidade perto de casa.

Promessa central: levar energia à Aldeia Vista Alegre do Capixauã e avançar no acesso à água potável.

Universidade indígena com sede em Brasília e polos nos estados

No encontro, Lula reafirmou que o governo lançará uma universidade indígena com base em Brasília. A proposta prevê cursos funcionando em polos fora do Distrito Federal. A ideia é reduzir deslocamentos, preservar vínculos territoriais e reconhecer saberes tradicionais nas grades curriculares.

O desenho institucional prevê sede em Brasília e oferta de cursos em polos regionais, com foco em formação intercultural.

Segundo o presidente, o anúncio oficial deve ocorrer ainda neste mês. O projeto mira licenciaturas específicas, gestão territorial, saúde indígena, direitos coletivos e áreas técnicas que dialogam com a realidade da Amazônia e de outros biomas.

O que muda para quem estuda nas aldeias

  • Redução de custos com viagens longas e moradia em capitais.
  • Formação com bilinguismo, valorizando línguas maternas e o português.
  • Currículos que integram ciência e conhecimento tradicional, com pesquisa em campo.
  • Polos de ensino em territórios indígenas ou cidades próximas, com tutoria local.

Energia e água: demandas urgentes no Tapajós

Lideranças apresentaram a falta de energia confiável como barreira diária. Sem rede, geladeiras ficam ociosas, a iluminação é precária e a conectividade quase não chega. O abastecimento de água limpa também aparece como prioridade, dado o risco de contaminação de poços rasos e igarapés.

Sem energia e água, a escola perde turnos, a saúde enfraquece e a renda local desaba na estiagem.

Como a energia pode chegar

Comunidades da Resex podem receber soluções híbridas. Sistemas fotovoltaicos com baterias, miniusinas comunitárias e extensão de rede são caminhos conhecidos. Em áreas ribeirinhas, arranjos com microgeração coletiva reduzem custos e mantêm a autonomia.

Solução Vantagem Risco/atenção
Solar com baterias Instalação rápida e modular Manutenção e descarte de baterias
Miniusina comunitária Garante escala e gestão coletiva Governança e rateio de custos
Extensão de rede Fornecimento contínuo Obras longas e licenciamento

Ritual, comida e economia local

A recepção incluiu danças e a partilha de alimentos. Lula provou beiju com geleia de cupuaçu, produzido por mulheres da região. O gesto destacou a força de cadeias curtas: mandioca, frutas nativas e manejo tradicional. O presente foi entregue por Lucas Tupinambá, vice-presidente do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns.

Após a conversa, a comitiva percorreu a aldeia e seguiu para a Floresta Nacional do Tapajós, no Jamaraquá. O roteiro incluiu visitas a espaços comunitários e escolas, com relatos sobre transporte fluvial, abastecimento e ensino.

Quem esteve na comitiva

  • Lula e Janja Silva
  • Marina Silva, Meio Ambiente e Mudança do Clima
  • Sônia Guajajara, Povos Indígenas
  • Joenia Wapichana, Funai
  • Mauro Pires, ICMBio

Próximos passos e o que observar

Lideranças aguardam cronograma para a eletrificação das comunidades e para o acesso à água. A proposta da universidade exige definição de orçamento, modelo de governança e critérios de seleção que respeitem especificidades territoriais. Também há expectativa por vagas para formação de professores e técnicos de saúde indígena.

Polos regionais podem acelerar a formação e evitar a saída de jovens do território por longos períodos.

Como a universidade pode funcionar na prática

Uma opção é combinar ensino presencial em polos com aulas síncronas por internet quando houver conexão. A pesquisa de campo ocorreria nas próprias aldeias, com parcerias entre docentes e sábios locais. O reconhecimento de mestres indígenas como formadores fortalece a transmissão de conhecimento e protege práticas tradicionais.

No financiamento, bolsas de permanência e auxílios para deslocamento fluvial fazem diferença. Materiais em línguas indígenas e bibliotecas comunitárias digitais podem ampliar o acesso a conteúdos. Em saúde, cursos práticos de vigilância, parteiras e atenção básica tendem a reduzir deslocamentos para centros urbanos.

Informações úteis para moradores e gestores

Ao planejar a eletrificação, comunidades podem mapear pontos críticos: escolas, postos de saúde e unidades de processamento de alimentos. Esse levantamento orienta a prioridade de instalação e o dimensionamento de sistemas. Planos de manutenção e capacitação local evitam paradas longas por falta de peças ou técnicos.

Para a educação superior, vale organizar oficinas de interesse por área. Assim, polos abrem cursos mais aderentes à realidade: manejo de açaizais, gestão de resíduos, arquitetura de palafitas, cartografia social e direito socioambiental. A combinação de turmas multisseriadas, calendário adaptado às cheias e mentoria de lideranças fortalece a permanência dos estudantes.

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