Água do São Francisco na sua torneira até 20 de dezembro? 290 mil pessoas contam os dias e cobram

Água do São Francisco na sua torneira até 20 de dezembro? 290 mil pessoas contam os dias e cobram

Com o verão batendo à porta, famílias do Sertão contam cada gota e olham o horizonte à espera de alívio.

Uma audiência pública em Teixeira, no interior paraibano, fincou a data de 20 de dezembro de 2025 para fechar a infraestrutura do Ramal do Cariri, ligado à Adutora do Pajeú. A meta abre caminho para a chegada das águas do Eixo Leste da transposição do Rio São Francisco a mais cidades do Semiárido.

O que muda para as cidades do Sertão

O plano oficial abrange duas frentes complementares. A Adutora do Pajeú, com 193 km, já leva água para 20 municípios de Pernambuco. Na Paraíba, o Ramal do Desterro estende a rede por cerca de 370 km, com atendimento previsto a 18 municípios e impacto estimado de 290 mil moradores. Teixeira e Maturéia aparecem entre os pontos críticos, com açudes exauridos e demanda reprimida.

Data cravada: 20 de dezembro de 2025 é o limite assumido pelo Dnocs para concluir a infraestrutura no Ramal do Cariri e habilitar o avanço do abastecimento.

Com a obra pronta, a operação passa para a Cagepa no lado paraibano, em cooperação com a Compesa. O Ministério Público da Paraíba acompanha cada etapa. O objetivo declarado é garantir previsibilidade, transparência e água efetiva nas torneiras, e não só em promessas de papel.

Como fica o cronograma

Autoridades técnicas vistoriaram a estação elevatória responsável pelo bombeamento e confirmaram a viabilidade do prazo. O roteiro abaixo organiza as entregas, a responsabilidade e o efeito prático esperado para quem vive nas áreas atendidas:

Etapa Data prevista Responsável O que muda para você
Infraestrutura no Ramal do Cariri Até 20/12/2025 Dnocs Rede pronta para receber água do Eixo Leste
Operação do sistema na Paraíba Após a conclusão Cagepa, com cooperação da Compesa Início da distribuição controlada por setores
Plano de contingência Até a normalização Defesa Civil, Cagepa e prefeituras Carros-pipa e gestão de mananciais locais continuam ativos
Monitoramento institucional Contínuo MPPB (projeto Elo D’Água) Fiscalização do cronograma e da qualidade do serviço

Pressão da seca e prioridade de atendimento

Teixeira vive situação crítica. Os açudes Bastiana e Sabonete apresentam volume nulo ou abaixo de 1% da capacidade. O quadro justifica filas por carros-pipa e aceleração de contratos emergenciais. Técnicos da Aesa e da Defesa Civil avaliam manobras de curto prazo para evitar colapso total em pontos mais sensíveis.

Com reservatórios no osso, a transposição deixa de ser projeto distante e vira medida de sobrevivência para famílias e pequenos negócios do Sertão.

Como a água chega à sua torneira

Depois da obra física, vem a etapa silenciosa e decisiva: testes, calibração e ajuste de pressão. A estação elevatória entra em operação gradativa. Trechos são energizados, válvulas se fecham e abrem em sequência e o fluxo ganha corpo. Equipes realizam descargas programadas para remover ar e sedimentos. A desinfecção com cloro garante padrão sanitário antes da liberação ao consumo.

  • Primeiros dias: distribuição intermitente e por setores para estabilizar pressão.
  • Qualidade: a água pode chegar turva no início; as descargas reduzem a coloração.
  • Avisos: a operadora publica janelas de manutenção e horários de bombeamento.
  • Vulneráveis: escolas, unidades de saúde e abrigos ganham prioridade de abastecimento.
  • Denúncia: canais de atendimento recebem queixas de vazamentos e ligações clandestinas.

Quem faz o quê

O Dnocs entrega a infraestrutura principal e as conexões do ramal. A Cagepa assume a gestão na Paraíba, agenda setorização, controla perdas e mede consumo. A Compesa coopera nos pontos de interface com Pernambuco. O MPPB acompanha prazos e verifica se a água prometida alcança a última rua. Prefeituras organizam a ponta do atendimento emergencial e orientam moradores sobre armazenamento seguro.

Transposição do São Francisco: onde entra o Eixo Leste

O Eixo Leste capta água do Rio São Francisco e a conduz por canais, túneis e estações de bombeamento. A Adutora do Pajeú recebe esse volume e redistribui para cidades do interior. Na Paraíba, os trechos vinculados ao Ramal do Cariri e ao Ramal do Desterro aumentam o alcance da rede e conectam sedes urbanas, distritos e comunidades rurais.

Essa integração reduz a dependência de açudes rasos e de poços com salinidade elevada. A previsibilidade do fluxo permite planejamento agrícola em pequena escala, protege serviços de saúde e diminui a migração forçada em períodos de estiagem severa.

O que você pode fazer agora

Com a data no calendário, vale organizar a rotina da casa e do comércio. Revise caixas d’água, limpe reservatórios e corrija vazamentos. Ajuste boias, desobstrua calhas e providencie tampas. Quem usa cisterna deve manter a cloração periódica e separar o que é água de beber do que serve para limpeza.

  • Armazene com segurança: recipientes limpos, fechados e fora do sol.
  • Priorize usos: cozinhar e higiene pessoal vêm antes de lavagem de calçadas.
  • Economize: chuveiro rápido, torneira fechada ao ensaboar, reuso de água da máquina.
  • Fique atento: vazamentos de rua e hidrômetros parados pedem registro imediato.

Riscos e como evitar desperdício

Vazões iniciais irregulares costumam estimular ligações clandestinas e quebras em redes antigas. Isso aumenta perdas e atrasa a normalização. Denuncie fraudes, proteja hidrômetros e não obstrua válvulas de descarga. Em dias de manutenção, mantenha uma reserva mínima para 24 horas e evite grandes consumos, como encher piscina.

Serviços, tarifas e atendimento

Com a operação plena, a leitura de hidrômetros volta a regularidade e o consumo real substitui estimativas. Famílias de baixa renda podem buscar programas sociais de tarifa reduzida nas sedes da operadora. Pessoas com laudos médicos que dependem de equipamentos elétricos devem solicitar cadastro como clientes sensíveis para receber aviso antecipado de interrupções programadas.

Órgãos de defesa do consumidor orientam sobre contas com valores fora do padrão, revisão de faturas e negociação de débitos. Vereadores e conselhos municipais de saneamento podem convocar reuniões públicas para discutir qualidade, pressão e cobertura por bairro.

Por que o monitoramento social importa

A data de 20 de dezembro virou compromisso público. A presença de moradores em audiências, o registro de problemas por aplicativos e o acompanhamento de obras no bairro ajudam a manter o cronograma vivo. Transparência de dados sobre volume bombeado, perdas e qualidade da água melhora decisões e distribui responsabilidade por resultados.

Quando a comunidade acompanha a obra e o serviço, a água não se perde no caminho e o benefício chega inteiro a quem precisa.

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