Entre treinos, viagens e noites sem descanso, um goleiro inglês começou a questionar o rumo da própria carreira e do futuro.
Formado no Tottenham, Alfie Whiteman decidiu encerrar a carreira profissional aos 27 anos e iniciar uma jornada autoral por trás das lentes. A escolha, amadurecida ainda na adolescência, abre um debate que atinge atletas, torcedores e leitores: o que fazer quando o esporte deixa de fazer sentido?
Quem é Alfie Whiteman
Nascido em Londres, Alfie Whiteman cresceu nas categorias de base do Tottenham e chegou ao elenco principal do clube inglês, onde integrou o grupo que celebrou um título continental. Entre 2021 e 2022, viveu uma experiência consistente no Degerfors, da Suécia, com 34 partidas disputadas. No início de julho deste ano, ficou sem clube e passou a dedicar tempo integral a um plano que vinha construindo em paralelo: a fotografia.
“Percebi muito jovem que não era feliz”, admitiu Whiteman ao relatar a rotina de treinos, viagens e estudos em Ciências do Esporte enquanto ainda buscava espaço no futebol profissional.
Segundo relatos da imprensa britânica, ele já prestava serviços para empresas de fotografia e cinema desde que deixou de ter contrato ativo. O passo seguinte veio agora: assumir publicamente a aposentadoria e transformar o hobby em profissão.
A virada de carreira
Whiteman não tratou a decisão como impulso. Ele descreveu um processo gradual, que começou aos 17 ou 18 anos, quando percebeu que a rotina não entregava satisfação. A leitura sobre o ciclo curto de um atleta pesou.
“O futebol é uma carreira curta, mesmo que você vá muito bem, e eu sabia que não queria continuar nela.”
Do vestiário ao set
A migração do campo para o set exige disciplina e planejamento. Whiteman troca o reflexo debaixo das traves pela sensibilidade no enquadramento, mas carrega ativos valiosos: leitura de cenário, tomada rápida de decisão e controle emocional. Esses elementos cabem tanto numa saída de bola quanto na direção de um ensaio em locação.
- Rotina e método: a agenda de atleta ajuda a criar processos para captação e pós-produção.
- Trabalho em equipe: a convivência com comissão técnica facilita a comunicação com diretores de arte e produtores.
- Rede de contatos: vivência no futebol abre portas para trabalhos com marcas, moda esportiva e bastidores de partidas.
- Saúde mental: a transição pode reduzir pressões competitivas e abrir espaço para expressão criativa.
Whiteman já atua em sets comerciais. A perspectiva é de construir portfólio autoral, alternando projetos pagos com séries documentais. Em um mercado visual que valoriza histórias reais, a proximidade com o esporte tende a virar diferencial narrativo.
O que muda para o Tottenham
Sem Whiteman no radar, o Tottenham segue a temporada com três goleiros no plantel: o italiano Guglielmo Vicario, o tcheco Antonín Kinský e o inglês Brandon Austin. A hierarquia mantém Vicario como titular e reforça a disputa por minutos entre Kinský e Austin em copas e amistosos. A saída definitiva de um prata da casa ajusta a profundidade do elenco, mas não altera a espinha dorsal do time.
| Goleiro | Situação no elenco |
|---|---|
| Guglielmo Vicario | Titular |
| Antonín Kinský | Opção imediata no banco |
| Brandon Austin | Rotação e jogos de copas |
Próximo compromisso
A equipe volta a campo neste sábado (1º), às 14h30 (horário de Brasília), contra o Chelsea, pela 10ª rodada da Premier League. O clássico testa a consistência defensiva e a saída de bola sob pressão, um dos pontos fortes do modelo atual de jogo.
Por que a história atinge você
A pergunta que salta do caso Whiteman é direta: quando a vocação muda, vale recomeçar? Se você trabalha em área estável, mas sem motivação, o exemplo aponta um caminho. A transição não precisa ser abrupta. Ele começou com trabalhos paralelos, formou um portfólio e só então anunciou a mudança.
Carreira também é projeto autoral: exige tempo, testes, erros controlados e uma rede de apoio para amortecer o risco.
Como planejar uma mudança semelhante
Para quem pensa em seguir a fotografia — ou qualquer atividade criativa —, um plano de ação reduz incertezas e dá clareza de objetivos. Seguem passos práticos que cabem no seu calendário:
- Planejamento financeiro: reserve um fundo de três a seis meses de despesas antes do salto.
- Portfólio direcionado: selecione 12 a 20 imagens que contem uma história consistente no nicho desejado.
- Equipamento essencial: câmera com lente fixa luminosa, cartão rápido, bateria extra e backup em nuvem.
- Rotina de estudo: pratique edição de cor e gerenciamento de arquivos; padronize presets e fluxos de trabalho.
- Rede profissional: apresente-se a produtores, stylists e diretores de criação; marque ensaios colaborativos.
- Proteções básicas: contrato de cessão de imagem, nota fiscal e seguro de equipamentos.
Detalhes que explicam a decisão
Whiteman cursou Ciências do Esporte, seguiu a rotina rígida de um goleiro profissional e experimentou a pressão do alto nível. Ao perceber desalinhamento entre rotina e satisfação, preparou um plano B. A temporada no Degerfors deu casca competitiva, enquanto Londres forneceu um ecossistema fértil para trabalhos audiovisuais. Por fim, sem clube desde julho, ele acelerou a virada e formalizou o adeus aos gramados.
Para torcedores, a história provoca empatia e aproxima o ídolo do cotidiano. A ideia de “carreira curta” no futebol vale para qualquer setor exposto a ciclos rápidos de obsolescência. Atualização constante, poupança preventiva e projetos paralelos deixam a porta aberta para mudanças sem rupturas traumáticas.
Se você pensa em uma segunda carreira criativa, teste pequenos projetos remunerados ao lado do emprego atual. Simule prazos, orçamentos e logística de deslocamento. Meça a demanda do seu nicho local e estime receita mensal realista. Essa fotografia mais nítida das finanças ajuda a decidir quando — e como — virar a página.


