Araras vermelhas tomam os telhados do Sul: você já viu as 9 aparições recentes em Paranavaí?

Araras vermelhas tomam os telhados do Sul: você já viu as 9 aparições recentes em Paranavaí?

Céu riscado de vermelho, telhados servindo de mirante e celulares em punho. Uma cena repetida virou assunto nas ruas.

Nas últimas semanas, moradores e visitantes de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, relatam voos rasantes de araras vermelhas entre árvores de quintal e praças, além de pousos em telhados. O colorido chamativo e as vocalizações potentes transformaram a rotina da cidade em um espetáculo diário, que já atrai curiosos de municípios vizinhos.

O que explica as visitas às cidades

Especialistas ouvidos por órgãos ambientais apontam um conjunto de fatores para o aumento de registros em áreas urbanas. Fragmentação de habitats, oferta de frutos em árvores de rua e quintais, além de períodos secos que reduzem recursos na mata, empurram bandos para trajetos diferentes. Ambientes urbanos com palmeiras e frutíferas podem oferecer comida e pontos seguros de descanso.

Outra hipótese é a presença de indivíduos provenientes de cativeiro, seja por soltura irregular, fuga ou tráfico. Também há deslocamentos sazonais e movimentos de jovens em busca de novas áreas. Em todos os cenários, a regra é a mesma: observar sem interferir.

Regra de ouro: não tente tocar, capturar ou alimentar as araras. Mantenha distância de, no mínimo, 10 metros.

Quem é a arara-vermelha

A arara-vermelha é símbolo da fauna brasileira. Mede cerca de 90 centímetros, tem bico forte e curvado, e plumagem majoritariamente vermelha com detalhes em azul e, conforme a espécie, amarelo ou verde nas asas. Vive em pares estáveis e forma bandos ruidosos. É sociável e aprende vocalizações com facilidade, o que aumenta o impacto sonoro quando cruza bairros silenciosos pela manhã e no fim da tarde.

A dieta inclui sementes duras, frutos e castanhas. Na natureza, cumpre papel de destaque como dispersora de sementes, ajudando na regeneração de matas. Sua presença em áreas urbanas, por outro lado, expõe as aves a riscos como fios elétricos, vidraças e alimento inadequado.

Como identificar as espécies mais vistas

No Brasil, dois nomes próximos costumam causar confusão: a arara-vermelha (Ara macao) e a arara-vermelha-grande (Ara chloropterus). Veja diferenças úteis ao observador:

Característica Ara macao (arara-vermelha) Ara chloropterus (arara-vermelha-grande)
Tamanho 80–90 cm 90–95 cm
Asas Faixa amarela visível no meio da asa Faixa verde substitui a amarela
Face Pele clara com fileiras finas de penas vermelhas Pele clara com fileiras mais marcadas de penas vermelhas
Distribuição típica Mais comum ao norte; ocorrência natural no Sul é rara Mais ampla no Brasil central; registros urbanos no Sul tendem a ser pontuais

Em cidades do Sul, registros costumam ser de indivíduos dispersos, reintroduzidos ou oriundos de cativeiro. Identificar corretamente ajuda a mapear rotas e planejar ações de conservação.

Viu uma arara com faixa verde nas asas? Alta chance de ser arara-vermelha-grande. Amarelo predominante sugere arara-vermelha.

O que moradores e turistas devem fazer

  • Observe à distância, sem tentar atrair a ave com comida ou assobios.
  • Não ofereça alimentos humanos. Evite pão, salgados, chocolate, bebidas e abacate.
  • Recolha restos de comida em quintais para não alterar o comportamento das aves.
  • Mantenha cães e gatos sob supervisão durante os voos, principalmente ao amanhecer e no entardecer.
  • Evite fogos e barulhos intensos quando bandos estiverem pousados em árvores de bairro.
  • Plante espécies nativas que sustentam a fauna, como palmeiras e frutíferas regionais.
  • Registre a presença com foto e repasse aos canais da prefeitura ou órgãos ambientais para apoiar o monitoramento.
  • Suspeita de tráfico ou cativeiro irregular? Denuncie na Linha Verde do Ibama: 0800 61 8080.

A melhor atitude é admirar, registrar e deixar que a natureza siga o curso sem intervenção humana.

Riscos e benefícios dessas visitas

Aves em área urbana enfrentam colisões com vidraças, eletrocussões e perseguição. Capturar ou manter em casa, além de crime ambiental, aumenta ainda mais o estresse e a mortalidade. Ofertas de comida industrializada levam a deficiências nutricionais e doenças.

Por outro lado, o encontro com araras gera ganhos coletivos: educação ambiental espontânea, fortalecimento do turismo de observação e estímulo à arborização com espécies nativas. Comércio local também pode se beneficiar de roteiros de fim de tarde para ver os pousos, desde que haja orientação e sinalização adequadas.

O vermelho como mensagem na natureza

O vermelho marcante de muitas espécies tem base biológica. Pigmentos como carotenoides — obtidos na dieta — podem sinalizar saúde e vigor a potenciais parceiros. Em outros casos, o vermelho alerta predadores para toxinas, como ocorre com insetos e anfíbios. A cor, portanto, não é apenas beleza: comunica força, defesa e até território.

Essa chave de leitura ajuda a lidar melhor com a fauna na cidade. Ao respeitar distância, reduzir perturbações e evitar alimentação, moradores favorecem comportamentos naturais e diminuem conflitos.

Serviço

Encontrou uma ave ferida? Evite manusear. Observe por alguns minutos; se houver risco imediato (trânsito, cães, fios), acione a Guarda Municipal Ambiental ou o órgão ambiental local. Para denúncias e orientações, a Linha Verde do Ibama atende no 0800 61 8080. No Paraná, unidades do IAT podem orientar encaminhamentos para centros de triagem.

Quer tornar o quintal mais amistoso para a fauna sem criar dependência alimentar? Priorize árvores nativas e mantenha áreas de descanso, como galhos altos livres de obstáculos. Telas anti-impacto em grandes vidraças reduzem colisões. Lixeiras fechadas e livre de restos evitam atrair espécies por comida fácil.

Convivência responsável reduz riscos para as araras e transforma cada voo em aula ao ar livre para toda a vizinhança.

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