Artrose na coluna: cirurgia biportal promete alta no mesmo dia e 3 benefícios — você se encaixa?

Artrose na coluna: cirurgia biportal promete alta no mesmo dia e 3 benefícios — você se encaixa?

Dor nas costas derruba o seu dia e rouba seu sono? Novas soluções ganham espaço enquanto hábitos simples seguem valendo.

Clinicamente, a artrose na coluna pode limitar caminhar, trabalhar e dormir. A boa notícia é que tratamentos menos invasivos avançam no Brasil e já permitem retorno rápido às atividades, com menos dor e mais precisão cirúrgica em casos selecionados.

Dor crônica e artrose na coluna no Brasil

A artrose da coluna resulta do desgaste das articulações vertebrais e dos discos. O processo causa inflamação local, rigidez e dor que pode irradiar para pernas e glúteos. O quadro piora com sedentarismo, excesso de peso, tabagismo e jornadas com postura inadequada. Diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo reduzem o impacto funcional.

O cuidado começa sempre pela via conservadora. Médicos indicam analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, fisioterapia, fortalecimento do core, perda de peso e ajustes ergonômicos. Muitos pacientes melhoram apenas com esse pacote. Quando a dor persiste e há compressão de nervos, entram opções minimamente invasivas, como infiltrações guiadas e endoscopia de coluna.

Como funciona a cirurgia endoscópica biportal

A técnica biportal usa duas incisões pequenas, em geral cerca de 1 cm cada. Em uma delas, o cirurgião introduz a câmera endoscópica de alta definição. Na outra, entra com instrumentos finos para remover tecido que comprime o nervo e descomprimir o canal vertebral. O campo fica ampliado e bem iluminado no monitor.

A abordagem biportal permite enxergar com detalhe estruturas delicadas, trabalhar com precisão e poupar musculatura e ligamentos.

Centros de referência na Ásia vêm treinando equipes do mundo todo, e equipes brasileiras já aplicam o método em casos de hérnia de disco, estenose do canal lombar e artrose facetária que provoca dor ciática.

Passo a passo do procedimento

  • Planejamento com ressonância e tomografia para mapear o ponto exato da compressão.
  • Duas incisões milimétricas sobre a área-alvo, com dilatação cuidadosa dos tecidos.
  • Introdução de endoscópio e instrumentos por portais independentes, com irrigação contínua.
  • Remoção do fragmento de hérnia e descompressão do forame ou canal.
  • Checagem dinâmica da raiz nervosa, hemostasia e sutura simples.

Indicações mais frequentes

Médicos indicam a biportal quando há dor resistente ao tratamento conservador por mais de 6 a 12 semanas, com correlação entre sintomas e exames. As situações mais comuns incluem:

  • Hérnia de disco lombar com ciatalgia e déficit sensitivo-motor.
  • Estenose do canal lombar com claudicação neurogênica.
  • Artropatia facetária com compressão foraminal.
  • Recidiva de hérnia após cirurgia prévia, em casos selecionados.

Resultados e recuperação

O objetivo é aliviar a compressão nervosa e reduzir a dor com menor agressão tecidual. Muitos pacientes recebem alta no mesmo dia, caminham nas primeiras horas e retomam tarefas leves em poucos dias. O retorno ao trabalho de escritório ocorre, em média, entre 7 e 14 dias, conforme a evolução clínica.

Em boa parte dos casos elegíveis, a biportal reduz dor, necessidade de opioides e tempo de internação, sem ampliar riscos.

Reabilitação segue protocolo progressivo. O foco recai em mobilidade, estabilização lombar e fortalecimento de glúteos e abdômen. Atividades de impacto voltam apenas após liberação médica.

Quando o paciente volta à rotina

  • Dirigir: geralmente após 7 dias, se a dor permitir movimentos seguros.
  • Trabalho leve: 1 a 2 semanas, com pausas e higiene postural.
  • Esforço moderado: 3 a 6 semanas, conforme resposta individual.
  • Esporte de impacto: após 8 a 12 semanas, com treino supervisionado.

Comparativo de técnicas

Aspecto Cirurgia aberta Endoscopia uniportal Endoscopia biportal
Tamanho das incisões 3 a 6 cm ou mais ~1 cm ~1 cm + ~1 cm
Visualização Direta, com afastadores Endoscópica em canal único Endoscópica com instrumentos independentes
Sangramento Maior Baixo Baixo
Internação 1 a 3 dias Ambulatorial ou 1 dia Ambulatorial na maioria
Recuperação funcional Mais lenta Rápida Rápida, com maior liberdade de manobra
Indicações Casos complexos e deformidades Hérnia e estenose selecionadas Hérnia, estenose e recidivas selecionadas

Riscos e limitações

Todo procedimento tem riscos. Entre os eventos possíveis estão infecção, sangramento, dor persistente, lesão de raiz nervosa, trombose e reoperação por recidiva. A técnica não substitui cirurgias de grande porte quando há instabilidade acentuada, deformidades importantes ou estreitamentos múltiplos extensos. A decisão nasce de avaliação individual com exame físico e imagem.

Quem pode se beneficiar

Pessoas com dor ciática que piora ao caminhar ou ao sentar por longos períodos e que já tentaram fisioterapia, medicação e infiltrações podem ser candidatas. Idosos com estenose e claudicação também entram no radar. Pacientes com doenças clínicas bem controladas toleram melhor a anestesia e o pós-operatório.

Prevenção e hábitos que protegem a coluna

  • Perder 5% a 10% do peso reduz carga nas facetas lombares.
  • Fortalecer core 2 a 3 vezes por semana estabiliza a lombar.
  • Evitar tabagismo melhora nutrição dos discos intervertebrais.
  • Alternar posições a cada 40 a 50 minutos diminui sobrecarga.
  • Priorizar sono de qualidade modula a dor e acelera a recuperação.

Perguntas que você deve levar à consulta

  • Meu exame de imagem explica minha dor atual?
  • O que ganho com biportal em comparação à minha alternativa?
  • Quais são meus riscos específicos e como reduzi-los?
  • Como será meu plano de fisioterapia nas primeiras 6 semanas?
  • Quando posso voltar a trabalhar e dirigir com segurança?

Informações complementares para ampliar sua visão

Termo para entender: estenose foraminal. É o estreitamento do “túnel” por onde passa a raiz do nervo. Quando o desgaste ósseo cresce para dentro do forame, a raiz fica comprimida e dispara dor. A biportal facilita o desbridamento preciso dessas espículas ósseas, preservando estruturas estáveis.

Exemplo prático de reabilitação nas 4 primeiras semanas: caminhadas curtas diárias, mobilidade de quadril, exercícios isométricos de abdômen, ponte curta sem dor e treino de levantar da cadeira sem impulso. O fisioterapeuta ajusta cargas conforme a irritabilidade do nervo. Se a dor irradiar após o exercício, reduza intensidade e retome de forma gradual.

Risco vs. benefício: quem adia a descompressão em presença de déficit motor progressivo pode acumular lesão nervosa e prolongar a recuperação. Já quem opera sem indicação clara corre o risco de não melhorar a dor. A balança certa surge quando sintomas, exame físico e imagem contam a mesma história.

Atividade complementar útil: treinamento respiratório e controle de estresse. Técnicas de respiração diafragmática e sono regular reduzem hipersensibilização da dor e favorecem um pós-operatório mais confortável.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *