Nem todo carro domina a rua. Em certas condições, alguns cães aceleram como atletas profissionais e surpreendem quem assiste.
Vídeos se multiplicam nas redes e a curiosidade cresce: quais raças atingem marcas dignas de radar, por que correm tanto e como conviver com tamanha energia sem colocar ninguém em risco? A seguir, um panorama completo, com números, cuidados e dicas para quem convive com verdadeiros foguetes de quatro patas.
Por que alguns cães parecem voar no asfalto
A seleção de raças voltadas a caça e esporte moldou corpos preparados para o galope. Peito profundo melhora a troca de ar, pernas longas ampliam a passada e a coluna flexível permite o chamado galope de dupla suspensão, quando todas as patas saem do chão ao mesmo tempo. Esse conjunto, somado a baixo percentual de gordura e alto impulso, cria as condições para picos impressionantes de velocidade.
O galgo inglês, conhecido como Greyhound, registra até 72 km/h. Em pista curta, sua aceleração é comparável à de motos leves.
Também pesa o instinto de perseguição. Cães criados para seguir presas ou iscas artificiais mantêm foco em alvos que se movem, o que impulsiona arrancadas e sprints sucessivos.
As 6 raças de cachorro mais rápidas do mundo
Entre os velocistas do mundo pet, seis se destacam por números medidos em provas, criações esportivas e registros de clubes cinófilos.
| Raça | Velocidade máxima (km/h) | Por que corre tanto | Para quem é indicada |
|---|---|---|---|
| Galgo inglês (Greyhound) | até 72 | corpo aerodinâmico, galope de dupla suspensão | tutores ativos com rotina de treinos leves e sprints |
| Saluki | até 69 | história no deserto, resistência a longas distâncias | quem gosta de trilhas e corridas controladas |
| Afghan hound | até 68 | caçador de visão, passada elástica | famílias dedicadas a exercícios e escovação frequente |
| Vizsla | até 64 | caça de campo, impulso e obediência esportiva | corredores, praticantes de canicross |
| Jack Russell terrier | até 61 | pequeno, musculoso, explosivo | quem oferece estímulo mental e jogos diários |
| Dálmata | até 60 | histórico de trote rápido ao lado de carruagens | pessoas que curtem treinos constantes e disciplina |
Galgo inglês (Greyhound): o míssil silencioso
Calmo em casa e elétrico na pista. Esse contraste define o Greyhound. O cão alcança 72 km/h em retas curtas, com batimentos e respiração que sobem rápido e caem rápido. Precisa de sprints curtos, cama macia e temperatura amena.
Saluki: eficiência no calor
O saluki percorre longas distâncias com elegância. Seu corpo enxuto e a musculatura seca refletem séculos acompanhando caçadores no Oriente Médio. Responde bem a treinos consistentes e a percursos em trilhas.
Afghan hound: velocidade por trás da pelagem
O pelo longo engana. O afghan hound é ágil, com visão apurada e boa aceleração. Requer rotina de escovação e sessões curtinhas de corrida em áreas seguras.
Vizsla: versátil e obediente
Nascido para apontar presas, o vizsla reúne ímpeto e docilidade. Com orientação correta, acompanha corridas de 5 a 10 km, alternando trote e sprints.
Jack Russell terrier: potência de bolso
O porte engana. O Jack Russell dispara como um foguete, muda de direção sem perder o ritmo e precisa de jogos de busca, túneis e circuitos para gastar energia.
Dálmata: fôlego e ritmo
Famoso por escoltar carruagens, o dálmata mantém velocidade alta por mais tempo. Vai bem em bike ao lado do tutor, com equipamento adequado e rotas planas.
Podem superar carros? Quando isso acontece
Numa via urbana com limite de 40 a 50 km/h, um galgo em sprint passa um carro que acelera devagar ou enfrenta trânsito pesado. Em estradas vazias o cenário muda, mas no cotidiano das cidades a arrancada desses cães chama atenção e cria a impressão de ultrapassagem.
Em retas curtas e com trânsito lento, um cão a 60–72 km/h deixa para trás muitos carros em arranque.
Esse dado ilustra o poder de aceleração. Não é convite para soltar o animal na rua. Segurança vem antes da curiosidade.
Quem deve adotar um velocista
Essas raças combinam com pessoas que gostam de rotina ativa. Também pedem tempo para socialização, enriquecimento e consistência nos treinos. Quem vive em apartamentos pode conviver bem com um galgo, desde que ofereça caminhadas, sprints curtos em locais fechados e atividades mentais.
- Rotina com horário ajuda a canalizar energia e reduzir ansiedade.
- Dois a três blocos de atividade por dia rendem mais que um esforço longo.
- Brincadeiras de farejar complementam a corrida e acalmam a mente.
Cuidados práticos e riscos que você precisa considerar
Alta velocidade exige preparação e escolhas criteriosas. Sem isso, o risco de lesão cresce.
- Aquecimento de 10 minutos com trote leve protege tendões e ombros.
- Evite pisos escorregadios e asfalto quente; prefira grama ou terra batida.
- Hidrate antes e depois; em dias acima de 28 °C, reduza o tempo de treino.
- Use peitoral para corrida; coleira no pescoço aumenta a chance de trauma cervical.
- Descanse 24 a 48 horas após sprints intensos; microlesões precisam de recuperação.
- Check-up anual com avaliação cardíaca e ortopédica previne sustos.
Calor, piso inadequado e excesso de repetição formam a tríade que mais causa contusões em cães atletas.
Atividades esportivas para canalizar velocidade
Há opções seguras e divertidas para usar toda essa potência sem risco para o bairro.
- Lure coursing: simula perseguição a uma isca mecânica em circuito fechado.
- Canicross: corrida com cinturão e linha elástica; priorize percursos sombreados.
- Bikejoring: bicicleta com guia elástica; capacete, rota plana e comandos de direção são obrigatórios.
- Treinos intervalados: 6 a 8 sprints de 15 a 20 segundos, com 1 a 2 minutos de descanso ativo.
Como medir a velocidade do seu cão sem risco
Use um colar GPS esportivo ou um aplicativo de corrida no celular preso ao peitoral do animal. Escolha um campo fechado, marque 100 metros, aqueça, faça um único sprint e encerre com caminhada. Evite medições repetidas no mesmo dia.
Dicas extras para vida real
Se o seu bairro tem ruas com tráfego intenso, reserve um dia de parque com áreas cercadas e piso de grama curta. Sprints curtos duas vezes por semana, somados a caminhadas diárias, entregam bem-estar sem desgaste crônico. Em épocas quentes, mude horários para o amanhecer e adote toalhas úmidas para resfriamento após o treino.
Para tutores iniciantes, vale testar atividades de foco e obediência antes de intensificar a corrida. Comandos como “vem”, “fica” e “devagar” funcionam como freios de segurança e reduzem sustos quando a adrenalina sobe. Se a meta é competir, busque orientação com adestrador esportivo e crie um plano de progressão semanal. O resultado aparece rápido e, melhor ainda, de forma segura.


