De açougue a self-checkout, o atacarejo ganhou outra cara. E você sente essa virada toda vez que enche o carrinho.
Em 51 anos, uma operação nascida na Vila Carrão virou a referência do varejo alimentar brasileiro. O Assaí soma mais de 300 lojas, atende 40 milhões de clientes por mês e mobiliza 90 mil colaboradores. A escala veio junto com um traço raro: antecipar movimentos que mudaram a experiência de compra e puxaram o setor para um novo patamar.
Mais de 300 lojas, 90 mil colaboradores e 40 milhões de clientes por mês colocam o Assaí no centro do consumo popular e profissional.
Do balcão de bairro ao país inteiro
Fundado em 1974 para abastecer pizzarias e pastelarias na Zona Leste de São Paulo, o Assaí avançou para além da venda em volume. A marca entrou na B3 em 2021 como o primeiro atacarejo listado. Dois anos depois, adotou o modelo de Corporation no setor alimentar, sem controlador. O recado ao mercado foi direto: governança, capital para crescer e foco no longo prazo.
A loja que mudou o atacarejo
Em 2012, a unidade de João Pessoa marcou um corte definitivo com o passado do “cash and carry duro”. Corredores mais largos, climatização, iluminação eficiente e estacionamento coberto passaram a dividir espaço com o preço baixo tradicional.
Perecíveis redesenhados
A mudança arquitetônica veio com sortimento mais profundo, sobretudo em perecíveis. Frios, queijos e carnes ganharam protagonismo e frequência de compra. Essa combinação atraiu o comerciante que busca reposição rápida e, ao mesmo tempo, o consumidor que quer economizar sem abrir mão do conforto.
Serviços, conveniência e custo sob controle
A partir de 2021, o Assaí levou o açougue para dentro do atacarejo. Em 2022, padaria com fornadas de hora em hora e empório de frios com fatiamento a pedido entraram no padrão das novas unidades e foram incorporados às lojas existentes.
Serviços de açougue, padaria e frios viraram rotina de loja sem elevar a despesa por operação — com disciplina de custos e processos.
O efeito apareceu nos números. Em 22 de outubro, a companhia reportou alavancagem de 3,03 vezes o EBITDA no 3º trimestre, o menor patamar desde 2021. Ao agregar serviços, a rede reteve tíquete, aumentou visitas e manteve a competitividade.
Conversões do Extra: capilaridade em ritmo de obra
Em 2021, a aquisição de 66 pontos do Extra Hiper e a conversão de 60 deles em um ano levaram o formato a regiões densas e estratégicas. Surgiram lojas com até 10 mil m² de salão de vendas em áreas antes difíceis de acessar via expansão orgânica. Na capital paulista, as unidades de Congonhas e Cidade Tiradentes revelam a amplitude do alcance, do consumidor AB ao pequeno comerciante periférico.
66 pontos do Extra Hiper adquiridos em 2021; 60 conversões concluídas em tempo recorde colocaram o atacarejo em endereços raros e valiosos.
Varejo 4.0 em prática
O digital virou eixo de crescimento. Em 2023, o app Meu Assaí conectou ofertas, perfil de compra e loja física. Em 2024, a rede implantou self-checkout em escala. Até novembro, mais de 1,8 mil equipamentos estarão operando.
Nos bastidores, a empresa zerou papel, adotou sistemas de gestão em tempo real e digitalizou rotinas de RH com o app Nossa Gente. O resultado aparece em menos filas, auditoria mais rápida e ganho de eficiência operacional.
1,8 mil pontos de autoatendimento até novembro e processos 100% digitais elevam a velocidade da operação sem mexer no preço.
Sustentabilidade que mexe na conta
Em 2024, 98% da energia elétrica consumida pela rede veio de fontes renováveis. O Instituto Assaí superou 5 milhões de refeições doadas em um ano, com programas de combate à insegurança alimentar, empreendedorismo e esporte e cidadania. A agenda ESG entra no desenho de loja, na cadeia fria e no transporte, reduzindo resíduos e custo energético.
Pessoas no centro da operação
Programas de formação e crescimento interno aceleram carreiras nas lojas e nos centros de distribuição. O Trainee de Operações e a Universidade Assaí sustentam a base técnica. Políticas de diversidade e inclusão ampliam acesso a liderança. Hoje, 45,8% dos líderes se declaram pretos e pardos, com portas abertas a profissionais seniores, migrantes e refugiados.
Os marcos que mudaram seu jeito de comprar
| Ano | Movimento | Efeito para o cliente |
|---|---|---|
| 1974 | Fundação na Vila Carrão | Atendimento a comerciantes de bairro |
| 2012 | Novo modelo de loja em João Pessoa | Conforto com preço baixo e perecíveis reforçados |
| 2021 | Listagem na B3 e início dos açougues | Mais governança e serviços sem perder economia |
| 2021-2022 | Compra de 66 pontos do Extra; 60 conversões | Capilaridade em áreas urbanas densas |
| 2022 | Padaria e empório de frios | Conveniência e frequência de compra maiores |
| 2023 | Lançamento do app Meu Assaí | Promoções e relacionamento no celular |
| 2024 | Self-checkout e gestão paperless | Menos filas e processos mais ágeis |
| 2024 | 98% de energia renovável | Operação mais limpa e previsível |
O que isso muda para quem compra
- Tempo de loja menor com autoatendimento para cestas rápidas.
- Qualidade e padronização em carnes e pães, com produção contínua.
- Mix profundo em frios e queijos, útil para bares e lanchonetes.
- Ofertas personalizadas via app e maior previsibilidade de preço.
- Estacionamento coberto e corredores largos que aceleram a reposição.
Efeitos financeiros que sustentam a expansão
A disciplina de custos limitou despesas mesmo com serviços novos. A redução da alavancagem a 3,03x EBITDA no 3º trimestre aumentou a folga para investir em lojas e tecnologia. Esse equilíbrio permite tarifa agressiva no perecível, sem erosão de margem estrutural.
Como a expansão redesenha o mapa de consumo
As conversões do Extra colocaram o atacarejo em bairros centrais e eixos de fluxo intenso. A exposição a diferentes grupos de renda ampliou o tíquete médio, enquanto manteve o grosso do volume com comerciantes. A estratégia de balcão de serviços e sortimento grande em perecíveis atende ambos.
O que esperar até 2026
A empresa sinaliza novidades no formato e na experiência de compra. A tendência aponta para mais automação, integração do app com meios de pagamento e perecíveis com ainda mais serviço agregando valor. A agenda ESG deve avançar em refrigeração eficiente e logística com menor emissão.
Riscos e contrapesos
A saturação urbana pode elevar custo imobiliário e pressionar a logística de última milha do comerciante. O autoatendimento exige calibração contra perda desconhecida. Concorrentes já replicam serviços em loja, o que aumenta a disputa por mão de obra qualificada em açougue e panificação.
Para o pequeno comerciante: como capturar valor
O atacarejo segue como fonte de margem do foodservice independente. Compre perecíveis em janelas de menor movimento para garantir frescor e velocidade. Use o empório de frios para calibrar gramatura e reduzir desperdício. No app, habilite notificações para aproveitar ofertas por categoria.
Simulação simples de economia
Imagine um bar que compra R$ 6.000/mês em insumos. Se 60% do gasto migra para categorias com desconto médio de 12% em atacarejo, a economia potencial chega a R$ 432 no mês. Direcione metade para reforçar mix de frios e queijos e a outra metade para capital de giro. O efeito composto melhora estoque e fluxo de caixa.
Atividades que conectam com a operação
- Treinar a equipe para uso rápido do self-checkout em cestas de urgência.
- Programar compras de carne nos dias de maior reposição do açougue.
- Padronizar fichas técnicas usando o sortimento fixo de frios para reduzir variação de custo.
- Medir perdas por categoria e ajustar frequência de compra com base no giro semanal.


