Atraso no visto para Portugal faz brasileiros cancelarem voos 3 vezes: você arriscaria 700 euros?

Atraso no visto para Portugal faz brasileiros cancelarem voos 3 vezes: você arriscaria 700 euros?

Mochilas prontas, metas profissionais na mira e relógio correndo. Enquanto a resposta não vem, planos se desmancham, datas mudam e o bolso sente.

O avanço de pedidos de visto para Portugal travou a vida de muitos brasileiros. Entre eles, irmãos que aguardam há 90 dias a autorização para procurar trabalho e já desmarcaram as passagens pela terceira vez. A espera ultrapassa o prazo legal de 60 dias e pode chegar a oito meses, num cenário que ficou mais duro com as novas regras migratórias.

A corrida por respostas nos consulados

Os consulados portugueses no Brasil enfrentam demanda elevada. Candidatos ao visto de procura de trabalho relatam processos parados e prazos estourados. Em São Paulo, casos de 90 dias de espera se multiplicam, embora o Código do Procedimento Administrativo de Portugal fixe 60 dias como referência para decisões.

Nesse intervalo, famílias remanejam voos, cancelam reservas e reprogramam entrevistas. Um casal de irmãos, um jovem aprovado em peneiras de futebol e uma designer recém-formada, já cancelou três viagens. Cada um estima ter desembolsado cerca de 700 euros entre taxas, documentos, cursos e ajustes de passagens.

90 dias de silêncio, prazo legal de 60 dias, três cancelamentos e 700 euros por pessoa: a matemática da espera pesa.

Relatos de cancelamentos repetidos expõem uma dica dura, mas útil: não emita bilhetes sem visto ou sem opção de reembolso. Em momentos de transição normativa, a previsibilidade cai, e a chance de remarcação cara sobe.

Mudanças na lei e o que pode acontecer com quem já pediu

O governo português aprovou um pacote que restringe o visto de procura de trabalho a profissionais considerados qualificados, conforme decreto a publicar. Enquanto isso, o visto temporário de seis meses para qualquer profissão está suspenso.

Quem entrou com o pedido antes da mudança vive num limbo. Advogados de migração alertam para indeferimentos em série e decisões mais curtas, com pouca fundamentação. Sem o decreto que define as ocupações qualificadas, candidatos não sabem se seus processos se encaixam ou se precisarão começar do zero quando a nova regra sair.

Processos em curso podem ser filtrados por critérios que ainda dependem de decreto. Incerteza virou a palavra do dia.

Como era e como fica

Tema Como era Como fica
Visto de procura de trabalho Autorização temporária de até seis meses para todas as profissões. Vaga restrita a profissionais qualificados, a detalhar em decreto.
Autorização de residência Entrada como turista e pedido de residência em território português até meados de 2024. Fim da possibilidade de trocar o status dentro de Portugal sem visto prévio.
Reagrupamento familiar Processo sem exigência de tempo mínimo de residência nem prova de coabitação no país de origem. Exige ao menos dois anos de residência do titular; dispensa pode ocorrer com filhos menores; casais precisam provar vida em comum.

Impacto no bolso e na saúde emocional

A conta cresce rápido. Com três cancelamentos, taxas de remarcação e diferenças tarifárias somam centenas de reais a cada mudança. Quando a tarifa é promocional, o reembolso costuma ser parcial. Em itinerários com mais de um trecho, a alteração em cadeia encarece tudo.

Do outro lado, há a pressão psicológica. O atleta aprovado em testes precisa voltar para assinar e jogar. A designer recém-formada tenta ampliar o leque para vagas em áreas correlatas. Sem o visto, as oportunidades esfriam. O tempo trabalhado informal não vale ponto na carreira, e o calendário dos campeonatos não espera.

  • Delays relatados: 90 dias de espera contra 60 dias previstos, com casos que chegam a oito meses.
  • Cancelamentos: até três remarcações no mesmo processo de visto.
  • Custos diretos médios: cerca de 700 euros por candidato (taxas, documentos, passagens).

Como reduzir perdas enquanto espera o visto

Candidatos podem adotar uma estratégia de risco menor até a resposta final. Pequenas mudanças evitam prejuízos grandes quando o processo atrasa.

  • Evite emitir bilhetes antes do visto; segure reservas com opção de cancelamento gratuito ou com baixa multa.
  • Use bloqueio de tarifa por 48–72 horas oferecido por algumas companhias e agências.
  • Peça datas flexíveis; compre passagens com franquia de alteração por tarifa fixa.
  • Preveja um orçamento para espera de quatro a oito meses, incluindo moradia no Brasil, saúde e imprevistos.
  • Monte um dossiê sólido: diplomas, experiência, comprovação de qualificação. Isso tende a ganhar peso com a nova regra.
  • Registre cada etapa do processo (protocolos, e-mails, prazos) para contestar atrasos e pedir priorização quando possível.
  • Considere consulta jurídica se receber indeferimento sem detalhamento; entender os motivos ajuda a reentrar com mais chance.

Exemplo prático de custo de remarcação

Se uma passagem de R$ 3.500 exigir R$ 900 de taxa de alteração mais R$ 600 de diferença tarifária, a remarcação sai por R$ 1.500. Em três remarcações, o gasto adicional pode superar o preço original do bilhete. Tarifas flexíveis reduzem essa conta.

Serviços consulares no Brasil e perspectivas

Portugal ampliou a rede consular no Brasil com cinco novas unidades. A expansão promete desafogar agendas e acelerar respostas, mas o ganho real depende de quadro completo de funcionários, sistemas estáveis e regras definidas. O gargalo também mora na etapa em Portugal, que processa autorizações e valida qualificações.

Sem o decreto que lista as profissões qualificadas, o novo visto não avança. A fila anda devagar quando a regra ainda está no papel.

A recomendação prática é sincronizar etapas. Aguarde a publicação do decreto e confirme se sua ocupação consta na lista. Revise o currículo conforme exigências portuguesas, traduza documentos com apostila e prepare cartas de intenção alinhadas ao mercado local.

Dicas para quem pensa em tentar Portugal em 2025

Quem avalia a mudança para buscar trabalho precisa avaliar o plano A e um plano B. Se sua ocupação não entrar como qualificada, a via pode ser uma oferta formal de emprego com contrato, um curso superior que permita visto de estudante com possibilidade de trabalho parcial, ou a validação de uma qualificação técnica para migrar de categoria.

Vale mapear setores com maior demanda histórica em Portugal, como tecnologia, saúde, engenharia, hotelaria de alto padrão e construção civil qualificada. Certificações internacionais, portfólio em inglês e português europeu no currículo aumentam a empregabilidade.

Para famílias, o reagrupamento ganhou novas exigências. Organize provas de coabitação no país de origem (contas, contratos, declaração conjunta) e calcule o impacto do tempo mínimo de residência do titular. Se houver filhos menores, guarde certidões atualizadas e prepare-se para prazos mais longos.

Enquanto o visto não sai, mantenha contatos ativos com clubes, empresas e recrutadores. Combine entrevistas remotas, grave testes técnicos e apresente disponibilidade condicionada ao visto. Assim, quando a autorização chegar, você pisa em Portugal com algo já encaminhado e reduz o tempo sem renda.

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