Promessa que virou assunto entre os torcedores, Dell vive dias decisivos, entre a vitrine da Seleção de base e a transição ao profissional.
O nome do centroavante voltou ao debate após sequência de convocações e mais um passo firme no clube. A expectativa cresce dentro e fora de Salvador.
Quem é Dell e por que a base do Bahia fala dele
Dell, apelidado de “Haaland do Sertão”, é um dos Pivetes de Aço mais observados da Cidade Tricolor. Aos 17 anos, soma duas partidas pelo profissional — uma no Campeonato Baiano e outra na Copa do Nordeste — e 31 jogos pelo sub-20. No cenário internacional, acumula sete presenças e dois gols com a camisa da Seleção brasileira de base, incluindo participação em quatro jogos na campanha do título do Sul-Americano Sub-17, em abril.
Debaixo dos holofotes: Dell, Ruan Pablo e o goleiro Jampa formam o trio do Bahia convocado para o Mundial Sub-17 no Catar.
O entrosamento com Ruan Pablo já rendeu lances marcantes. Em um dos momentos recentes que empolgaram os olhos do torcedor, o cruzamento do companheiro encontrou Dell livre na área, que empurrou para as redes aos 20 minutos do segundo tempo. Para um atacante em formação, aparições assim pesam na construção de confiança.
O novo acordo: prazo longo e blindagem alta
O Bahia confirmou a extensão do vínculo de Dell até o fim de 2028. Para clubes do exterior, a multa rescisória foi fixada em 100 milhões de euros, valor equivalente a cerca de R$ 617 milhões na cotação atual. O objetivo da cifra é sinalizar ao mercado o quanto o ativo está valorizado e proteger o planejamento esportivo no médio prazo.
Contrato até dezembro de 2028 e multa de 100 milhões de euros para o exterior — blindagem típica de joias da base.
- Vínculo: válido até o fim de 2028;
- Multa para clubes de fora: 100 milhões de euros (R$ 617 milhões);
- Presença no profissional: 2 jogos em 2025;
- Rodagem na base: 31 partidas pelo sub-20.
O que muda na prática para o elenco principal
Com o contrato prolongado, o Bahia ganha tempo para calibrar a transição do atleta. O modelo atual prioriza minutos escalonados no profissional, sem abrir mão de jogos competitivos no sub-20. O desenho tende a se repetir após o Mundial Sub-17, respeitando carga física, calendário e janelas do time principal.
Seleção de base e vitrine internacional
Brasil, Dell, Ruan Pablo e Jampa têm compromissos imediatos no Mundial Sub-17, no Catar. A estreia está marcada para terça-feira, às 9h30 (de Brasília), contra Honduras. O torneio oferece amplitude de observação para scouts europeus, principalmente em atacantes de força e leitura de área, perfil em que Dell procura se firmar.
Estreia do Brasil no Mundial Sub-17: terça, 9h30 (de Brasília), diante de Honduras, no Catar.
Trio em sintonia e papéis complementares
Ruan Pablo vem atuando como abastecedor direto de Dell no último terço. Jampa, por sua vez, aporta segurança e personalidade no gol. Para o Bahia, três nomes na mesma convocação sinalizam consistência de trabalho na base e fortalecem a imagem do clube em categorias inferiores, um ativo que influencia futuras negociações e parcerias.
Mensagem ao torcedor: projeto, paciência e expectativa
A prorrogação do contrato passa um recado claro à arquibancada: a SAF quer reter talentos, valorizá-los com etapas bem definidas e evitar ofertas precoces que desfaçam o planejamento esportivo. A euforia natural com gols e rótulos precisa andar ao lado de um plano de minutos controlados, ganho de massa, leitura tática e repertório sob pressão.
| Data | Marco na trajetória de Dell |
|---|---|
| 2021 | Chegada à base do Bahia |
| Abr/2025 | Participação no título do Sul-Americano Sub-17 (4 jogos) |
| Nov/2025 | Convocação para o Mundial Sub-17 no Catar |
| 2025 | Dois jogos no profissional: Baiano e Copa do Nordeste |
| 2028 | Término do novo contrato com o Bahia |
Blindagem não significa preço final
A multa de 100 milhões de euros funciona como teto para negociações com clubes estrangeiros. Na prática, vendas de jovens sul-americanos acontecem por meio de propostas com parcelas, bônus por metas e gatilhos de revenda. A cifra alta, portanto, baliza a conversa e desencoraja sondagens oportunistas, mas não determina, sozinha, o valor de uma eventual transferência.
Calendário, Copinha e transição pós-Mundial
Terminada a participação no Mundial, a comissão técnica avaliará a carga de jogos para definir o próximo passo. Há a hipótese de Dell integrar uma campanha forte na Copinha de janeiro, caso o planejamento aponte para mais minutos em maratona curta, ou seguir no ambiente do time principal já no início da temporada regional, com aparições gradativas.
O desenho depende do binômio performance e maturação: se a tendência for de impacto imediato, ele ganha espaço nas primeiras rodadas do Estadual; se o diagnóstico pedir sequência maior em sub-20, a Copinha vira palco para sustentação de confiança e repetição de movimentos de finalização.
O que você, torcedor, pode esperar
O clube sinaliza que quer construir um centroavante com repertório: atacar o espaço, sustentar duelos, finalizar de primeira e aparecer no segundo poste. Do lado de Dell, o desafio está em manter concentração, trabalhar decisões rápidas e variar arremates — pé dominante, chapa, cabeceio e ataques de rebote. Esse pacote costuma definir quem sai da promessa e vira peça de produção regular no profissional.
- Minutos controlados no início de 2026, com chance de crescimento ao longo do Estadual;
- Treinos específicos de finalização e posicionamento, ajustando leitura de cruzamentos como o do lance com Ruan Pablo;
- Gestão de carga para evitar picos de lesão durante o ciclo pós-Mundial;
- Rodagem em jogos-chave do sub-20 caso a comissão julgue benéfico para evolução técnica.
Riscos e vantagens do caminho escolhido
Riscos: projeção precoce pode gerar ansiedade e pressionar decisões em campo; a oscilação típica da idade pode afetar rendimento. Vantagens: contrato longo reduz urgência de venda, protege o ativo e permite que o Bahia defina o melhor momento de inserção, com margem para erro, correção e consolidação.
Para além da renovação: como uma possível venda se estrutura
Em negociações internacionais, é comum incluir bônus por metas como jogos disputados, gols, convocação para a Seleção principal e classificação a competições europeias no clube comprador. Existe ainda o mecanismo de solidariedade da FIFA, que destina até 5% do valor da transferência a clubes formadores entre os 12 e 23 anos do atleta. Esse fluxo favorece projetos de base com ciclos completos de formação, como o do Bahia.
Se o mercado bater à porta, cenários realistas envolvem fatia fixa menor, complementada por gatilhos esportivos. Para o torcedor, isso significa que a moeda de troca não é apenas dinheiro imediato, mas a chance de firmar um caminho que mantenha Dell jogando, evoluindo e, no futuro, gerando retorno técnico e financeiro proporcional ao que mostra em campo.


