Banco do Brasil condenado a pagar R$ 3 milhões em RO: o que isso muda para você, morador hoje?

Banco do Brasil condenado a pagar R$ 3 milhões em RO: o que isso muda para você, morador hoje?

Uma decisão judicial em Rondônia reacende o debate sobre responsabilidades em obras habitacionais e a proteção do caixa condominial.

Neste caso, o Tribunal de Justiça de Rondônia manteve a condenação do Banco do Brasil em ação movida pelo Condomínio Orgulho do Madeira, em Porto Velho. O processo expôs falhas construtivas em unidades do Minha Casa Minha Vida e fixou pagamento superior a R$ 3 milhões ao condomínio, além de R$ 10 mil por dano moral coletivo.

O que motivou a condenação

O Banco do Brasil atuou na execução do empreendimento como representante do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), braço do programa habitacional federal. Uma perícia técnica apontou defeitos construtivos e de infraestrutura que comprometem segurança, acessibilidade e manutenção das áreas comuns.

  • Para-raios sem conformidade técnica, com risco em tempestades.
  • Rede de esgoto e drenagem insuficientes, com retorno de odores e alagamentos.
  • Revestimentos externos e muros com fissuras e destacamentos.
  • Ausência de rotas acessíveis e de adaptações para pessoas com deficiência.
  • Sistema de combate a incêndio incompleto e sem condições de certificação.
  • Iluminação externa precária em circulações e estacionamentos.
  • Falta de fechamento perimetral adequado, com controle de acesso falho.
  • Esquadrias de quartos mal fixadas e com vedação deficiente.
  • Infiltrações em lajes e tetos de blocos residenciais.

O laudo técnico detalhou falhas que afetam a segurança, a salubridade e o uso regular das áreas comuns do Orgulho do Madeira.

Quanto e para quem vai o dinheiro

O valor superior a R$ 3 milhões vai para o Condomínio Orgulho do Madeira, autor da ação, e não para condôminos individualmente. A decisão também fixou R$ 10 mil a título de dano moral coletivo pela repercussão dos problemas sobre todos os moradores. O montante integra o fundo comum e deve seguir as regras da convenção condominial.

O recurso entra no caixa do condomínio e deve financiar correções, laudos e obras que zerem o passivo técnico.

O que o síndico pode fazer com a verba

  • Convocar assembleia para definir prioridades com base no laudo.
  • Contratar projetos e laudos complementares (elétrico, SPDA, incêndio, acessibilidade).
  • Iniciar processos de orçamentação e contratação com transparência e concorrência.
  • Consolidar um cronograma de obras com fases e entregas verificáveis.
  • Buscar certificações como AVCB após as adequações.
Problema Impacto direto Prioridade
SPDA para-raios irregular Risco elétrico em tempestades Imediata
Drenagem e esgoto precários Alagamentos e mau cheiro Alta
Sistema de incêndio incompleto Falta de segurança e AVCB Imediata
Infiltrações em lajes Danos estruturais e mofo Alta
Falta de acessibilidade Restrição de uso por PCD Média, com projeto específico

A disputa no tribunal

A 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Rondônia rejeitou dois recursos do Banco do Brasil. O primeiro buscava anular a sentença. O segundo, por embargos de declaração, pretendia reabrir pontos já avaliados. O relator, desembargador Rowilson Teixeira, considerou que não havia omissões ou contradições a corrigir e que o inconformismo não autorizava mudança no resultado.

O colegiado manteve a condenação e reforçou a responsabilidade pelo cumprimento das exigências técnicas no empreendimento.

Questionado, o Banco do Brasil informou que se manifestará nos autos. Ainda podem existir medidas processuais de instâncias superiores, mas a decisão atual autoriza o condomínio a iniciar os atos de execução para efetivar o crédito.

E agora: o que muda para o condomínio e para você, morador

Com a condenação mantida, o condomínio pode buscar a execução do valor e planejar as obras de correção. A administração deve prestar contas, publicar cronograma e contratar equipes com habilitação comprovada. A destinação do montante precisa atacar primeiro os riscos à vida e à saúde, e depois resolver itens que geram custo recorrente de manutenção.

  • Assembleias definem prioridades e acompanham o uso do dinheiro.
  • Laudos atualizados orientam o escopo técnico e evitam retrabalho.
  • Contratações com três orçamentos dão lastro financeiro e jurídico.
  • Relatórios mensais garantem transparência e fiscalização dos moradores.

Entenda o FAR e as responsabilidades em projetos do Minha Casa Minha Vida

O FAR é um fundo público com patrimônio separado, utilizado para financiar e manter empreendimentos do Minha Casa Minha Vida. Na prática, o agente operador pode representar o FAR nas contratações e no acompanhamento de obras. Quando surgem vícios de construção, a cadeia de responsabilidade alcança quem integrou a produção e a entrega do imóvel, inclusive quem atuou como representante do fundo.

Leis de defesa do consumidor e regras de obras públicas permitem discutir defeitos que afetem segurança, habitabilidade e funcionalidade. Problemas em estrutura e sistemas essenciais costumam ter prazos mais amplos de responsabilização. Documentação técnica, boletins de manutenção e registros fotográficos servem como prova.

Vícios que comprometem solidez e segurança costumam ensejar responsabilização por longo período, o que dá lastro a ações coletivas do condomínio.

Dicas práticas para conjuntos habitacionais com vícios de construção

  • Formalize reclamações por protocolo interno e registre em ata de assembleia.
  • Contrate perícia independente para mapear falhas e estimar custos de reparo.
  • Notifique incorporadora, construtora e agentes operadores, com prazo para resposta.
  • Organize ação pelo condomínio para tratar danos comuns de forma coletiva.
  • Acione órgãos de fiscalização local para itens de incêndio, acessibilidade e sanitários.

Como priorizar o uso dos R$ 3 milhões

O condomínio pode simular cenários e testar fases de obra. Primeiro, corrija sistemas críticos: para-raios, hidrantes, bombas e saídas de emergência. Depois, foque drenagem e impermeabilizações para eliminar infiltrações. Em seguida, ajuste acessibilidade e iluminação, que reduzem risco e custos de manutenção. Por fim, trate fachadas e muros com soluções duráveis, reduzindo gastos futuros com reparos repetidos.

Adiar correções em sistemas de segurança aumenta a responsabilidade do condomínio e pode travar licenças. Um planejamento técnico com metas, medição por etapas e garantia contratual reduz desperdícios. Para as famílias, obras bem conduzidas elevam conforto, reduzem contas de manutenção e valorizam cada unidade, mesmo nas faixas populares do Minha Casa Minha Vida.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *