BH se despede de Lô Borges: você cantou no adeus? 7 cenas que emocionaram no Palácio das Artes

BH se despede de Lô Borges: você cantou no adeus? 7 cenas que emocionaram no Palácio das Artes

Entre coro e silêncio, a capital mineira amanheceu com filas, flores e abraços apertados diante do Palácio das Artes hoje.

Belo Horizonte transformou o luto em canto ao se reunir para o adeus a Lô Borges. O fundador do Clube da Esquina recebeu homenagens que misturaram lágrimas, aplausos e melodias conhecidas por gerações. A despedida começou cedo e atravessou a tarde, reunindo fãs, amigos, autoridades e músicos que conviveram com o compositor e celebraram sua obra.

Despedida em coro no Palácio das Artes

Antes das 9h, a fila já contornava a entrada do Palácio das Artes. Gente com flores nas mãos, camisetas com versos bordados e capas de vinil sob o braço compôs a paisagem. Muitos levaram filhos e netos. Cada um trazia uma memória.

No saguão, coroas de flores enviadas por artistas e lideranças políticas lembravam a relevância de Lô para a cultura do país. Entre as faixas, apareceram homenagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Janja. Nomes como Toninho Horta, Djonga, Skank e Jota Quest também enviaram tributos.

O velório virou rito coletivo: fãs cantaram “O trem azul” e “Quem sabe isso quer dizer amor” junto aos corais convidados.

Filas, flores e vinis no amanhecer

A cena se repetiu durante a manhã. Pessoas chegavam, cantavam baixinho e choravam abraçadas. Algumas deixavam bilhetes com mensagens de agradecimento. Outras pousavam os discos na beira do foyer por alguns segundos, como quem devolve a inspiração ao dono.

Homenagens oficiais e uma cidade em silêncio

Autoridades estaduais e municipais estiveram presentes. O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, circulou pelo local. Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, acompanhou parte da cerimônia. As secretárias de Cultura, Bárbara Botega (MG) e Eliane Parreiras (BH), prestaram condolências à família.

As homenagens musicais seguiram ao longo da manhã. O Coral Lírico de Minas Gerais e o Coral do Senado, de Brasília, conduziram um repertório que levou o público a cantar em uníssono. O músico e ator Maurício Tizumba levou o toque dos tambores. Sobre o caixão, repousou a bandeira do Cruzeiro, time do coração de Lô.

A bandeira do Cruzeiro sobre o caixão juntou duas paixões de Lô: a canção e o futebol de arquibancada.

A família e os parceiros relembram

O irmão Yé Borges descreveu os últimos dias com franqueza. Disse que Lô mantinha a agenda cheia, com show marcado ao lado de Zeca Baleiro, e que compunha sem descanso. A notícia da internação pegou a família de surpresa. O luto se misturou ao orgulho ao ver o país mobilizado.

Zeca Baleiro atravessou a semana abalado. Ele contou que, no ano passado, recebeu de Lô um pacote de melodias inéditas. Dessa parceria nasceu o álbum “Céu de Giz”, lançado em 2024. O compositor maranhense chegou a Belo Horizonte direto para a despedida.

Companheiros de décadas, Toninho Horta e Flávio Venturini lembraram o nascimento do Clube da Esquina. Eles falaram da liberdade criativa que guiou os arranjos, da troca espontânea entre instrumentos e da química que atravessou gerações. Para Flávio, Lô mostrou, ainda nos anos 1960, que era possível partir de Belo Horizonte e alcançar ouvintes mundo afora.

Samuel Rosa, ex-vocalista do Skank, definiu Lô como mestre generoso, alheio a vaidades e a bens materiais, e devoto do ofício de compor. Os irmãos Rogério Flausino e Wilson Sideral destacaram a beleza das letras e a identidade mineira que o artista carregou para o palco e para a rua.

Compulsivo na criação e discreto no gesto, Lô deixou rascunhos, melodias e planos de show que ficaram para depois.

Último rito e cortejo até o Parque da Colina

Pouco antes das 15h, a família se recolheu para uma despedida íntima. O hino do Cruzeiro abriu a sequência. Em seguida, clássicos como “Paisagem da janela” e “O trem azul” tomaram o saguão. Do lado externo, quem não entrou acompanhou em coro, transformando a entrada do Palácio das Artes em auditório a céu aberto.

Às 15h20, o cortejo seguiu pelas ruas até o Parque da Colina, onde ocorreu o sepultamento, reservado à família. Motoristas que passavam pela avenida Afonso Pena acionaram as buzinas em sinal de respeito. A cidade diminuiu o passo.

Horário O que aconteceu Quem participou
9h Início das filas e acesso ao foyer Fãs, familiares e amigos
11h Tributos musicais com canções de Lô Coral Lírico de MG e Coral do Senado
14h Homenagens de parceiros e despedidas Artistas e autoridades
15h–15h20 Despedida íntima e saída do cortejo Família e público do lado de fora

Cantoria na esquina onde tudo começou

Na véspera, Santa Tereza reavivou as origens. Fãs e músicos se reuniram na esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, berço do Clube da Esquina. O encontro diante do monumento ao grupo virou roda de canção. Guitarras, vozes e palmas costuraram repertório que atravessa gerações.

Participaram artistas como Gabriel e Julia Guedes, Fred e Nico Borges, Makely Ka, Pablo Castro, Bárbara Barcellos, Flávio Boca, Marcelo Dande, Daniel Godoy e Vito Mancini. A cena lembrou a força da vizinhança criativa que fez de Belo Horizonte um ponto de referência na música brasileira.

Milton Nascimento e a notícia que ainda não chegou

Augusto Nascimento, filho de Milton, relatou que o pai, diagnosticado com um quadro de demência, será informado da morte do amigo durante consulta médica, em data combinada para garantir acolhimento. O cuidado reflete a profundidade do vínculo que uniu os dois desde a juventude.

Augusto lembrou um episódio simbólico: o primeiro violão de Lô veio das mãos de Milton. Esse gesto, registrado em vídeo recente, sintetiza a parceria e a confiança que moldaram o Clube da Esquina e a trajetória de ambos.

O primeiro violão de Lô saiu do colo de Milton: um pacto de amizade que virou escola de canção.

Como você pode manter vivo o legado

O impacto de Lô Borges se mede pelo quanto suas músicas atravessam momentos íntimos e coletivos. Pequenas atitudes ajudam a manter essa obra pulsando na rotina e nos encontros de bairro.

  • Reouça os discos em ordem cronológica para notar a evolução das harmonias e das letras.
  • Leve jovens a rodas de canção em Santa Tereza; a experiência amplia repertórios.
  • Apoie novos artistas mineiros que dialogam com o Clube da Esquina em arranjos e poesia.
  • Promova audições comentadas em escolas e centros culturais com foco em composição coletiva.
  • Guarde memórias: digitalize fotos, ingressos e cartazes e compartilhe com arquivos locais.

Cinco faixas para reouvir hoje

  • O trem azul — retrato melódico de estrada, com harmonia que convida ao coro.
  • Paisagem da janela — olhar íntimo sobre o cotidiano, costurado por imagens afetivas.
  • Quem sabe isso quer dizer amor — delicadeza e balanço na medida.
  • Um girassol da cor do seu cabelo — imagética luminosa e riffs inesquecíveis.
  • Equatorial — clima hipnótico e linhas de guitarra que ficam na memória.

Automedicação e risco: o que saber

A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos após complicações de uma intoxicação medicamentosa. Esse tipo de ocorrência levanta um alerta para hábitos comuns em muitas casas brasileiras. Misturas de fármacos, ajustes de dose sem orientação e consumo combinado com álcool elevam riscos silenciosos.

  • Leia rótulos e bulas, observando interações e contraindicações descritas.
  • Evite repetir receitas antigas para sintomas diferentes.
  • Em caso de efeitos adversos, busque atendimento e leve a lista dos remédios usados.
  • Guarde medicamentos fora do alcance de crianças e descarte frascos vencidos corretamente.

Para além do adeus: caminhos de memória

Minas tem tradição em construir marcos de memória para artistas. Grupos comunitários organizam rodas de canto regulares em Santa Tereza. Escolas e bibliotecas já articulam audições e debates sobre o Clube da Esquina. Organizar acervos pessoais e doá-los a centros de documentação fortalece a preservação.

Quem quiser ampliar o repertório pode criar uma escuta temática: uma semana dedicada a parcerias de Lô (com Milton, Márcio Borges e Beto Guedes), outra só com registros ao vivo, outra com releituras por artistas contemporâneos. O exercício evidencia a influência do compositor sobre novas gerações e inspira novas criações.

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