Boi gordo na B3 cai R$ 11 por arroba em 24h e negócios dobram: você segura ou vende hoje agora?

Boi gordo na B3 cai R$ 11 por arroba em 24h e negócios dobram: você segura ou vende hoje agora?

A volatilidade mexeu com quem trava preço na B3 e reacendeu dúvidas no curral sobre risco, caixa e planejamento agora.

O pregão de 6 de novembro virou a chave do humor no mercado futuro do boi gordo. O volume negociado saltou e as cotações desabaram mesmo com o físico estável. O movimento pegou pecuaristas e investidores no contrapé e mudou a leitura para novembro e dezembro.

O que aconteceu no pregão de 6 de novembro

O número de negócios no mercado futuro praticamente dobrou de um dia para o outro. O contrato de dezembro puxou a fila, com avanço de 112% no total de negócios. Ao mesmo tempo, as cotações viraram bruscamente.

Em 24 horas, dezembro caiu R$ 11,5 por arroba e novembro recuou R$ 8,9 por arroba na B3.

O choque de preços desfez prêmios que vinham se formando nos futuros. Há poucos dias, novembro e dezembro negociavam acima do físico, com estimativas de R$ 5 e R$ 15 por arroba de prêmio, respectivamente. Esse colchão de preço sumiu.

No caso de novembro, o ajuste passou a ficar quase R$ 4 por arroba abaixo da referência do mercado físico. No dezembro, a leitura é de prêmio esvaziado e curva mais próxima dos preços de praça.

Volume fora da curva e mudança na percepção

O salto no número de negócios indica realocação rápida de risco. Parte dos participantes fechou posição. Outra parte rolou contratos. Stops foram acionados em sequência. A tela ficou mais sensível a ordens grandes, o que acelerou as quedas.

O recado do pregão: a curva da B3 está mais especulada e responde com força a ordens concentradas.

Por que a B3 balançou com o físico firme

As bases de preço no interior não mostravam rompimentos relevantes. A indústria mantinha ritmo de compras. A oferta de boi terminado seguia ajustada em várias regiões. Mesmo assim, a tela tombou logo após a divulgação de exportações recordes em outubro, acima de 300 mil toneladas.

O descompasso entre físico e futuro não veio de um único fator. Vieram vários ruídos ao mesmo tempo.

  • Ajuste de posições compradas que buscavam prêmio de fim de ano.
  • Rolagem concentrada para 2026 e realização de lucros no curto prazo.
  • Stops técnicos ativados após perdas iniciais, ampliando o movimento.
  • Oscilações cambiais afetando a paridade de exportação nas telas.
  • Percepção de margens da indústria e risco de alongamento de escalas.

Exportações recordes dão fôlego ao físico, mas não blindam o futuro contra movimentos de alavancagem e liquidez.

Preços desmontam prêmios e mexem no caixa do pecuarista

Quem contava com prêmio para travar dezembro viu a janela encolher. Para novembro, a curva ficou abaixo do balcão, o que desestimula novas travas lineares. Isso mexe no planejamento de caixa, sobretudo para quem fecha ciclo curto e precisa de previsibilidade no abate.

O que esses números sinalizam para você

O recado não está na queda isolada. Está na convivência entre físico estável e futuro volátil. Em ambientes assim, o manejo de risco precisa variar com o calendário, a base e a necessidade de capital.

Curva volátil pede travas flexíveis, gestão de base por região e metas de caixa por lote, não por contrato.

Estratégias práticas para atravessar novembro e dezembro

  • Base: meça toda semana a diferença entre sua praça e o ajuste do contrato mais próximo.
  • Travas parciais: proteja 30% a 50% do lote e deixe o restante para decisão tática.
  • Opções: use put para garantir piso e mantenha upside se o físico reagir.
  • Calendário: alinhe a data de abate com o vencimento. Evite descasamento de 10 a 15 dias.
  • Caixa: defina o preço de equilíbrio da fazenda e atue quando a curva encostar nesse nível.

Pontos de atenção para a próxima quinzena

Alguns vetores podem redefinir a curva no curtíssimo prazo. O primeiro é o câmbio, que altera a paridade de exportação. O segundo é a dinâmica de escalas, que sinaliza apetite dos frigoríficos. O terceiro é o clima, que muda o ímpeto de venda do pecuarista quando chove e a pastagem renova.

  • Escalas: alongamento acima de uma semana tende a pressionar o físico local.
  • Câmbio: real mais fraco melhora exportação e sustenta o físico, mesmo com tela volátil.
  • Confinamento: lotes finais da safra tendem a reduzir oferta já no fim do mês.
  • Reposição: bezerro firme limita pressão de baixa no boi magro e na reposição.

Números que ficaram do dia 6

  • Negócios no futuro: quase o dobro do dia anterior.
  • Dezembro/25: +112% no número de negócios e queda diária de R$ 11,5/@.
  • Novembro/25: queda diária de R$ 8,9/@ e ajuste quase R$ 4/@ abaixo do físico.
  • Exportações de outubro: pela primeira vez acima de 300 mil t de carne bovina.

Como transformar a oscilação em decisão

Use metas objetivas. Se o custo total por arroba colocada for R$ 240 e a praça oferecer R$ 255, a margem bruta é de R$ 15. Uma trava que coloque piso em R$ 252 preserva parte dessa margem e reduz a ansiedade com a tela. Sem esse mapa, cada candle vira um susto.

Outra abordagem é trabalhar com bandas. Defina um piso aceitável e um teto desejado. Se a B3 cair até o piso, acione proteção. Se subir ao teto, realize parte. O gado não é digital. O manejo do risco também não precisa ser.

Simulação rápida de decisão

Suponha um lote de 120 cabeças, 18 arrobas/cabeça, custo total de R$ 238/@. A praça paga R$ 252/@. A curva de dezembro oscila entre R$ 248 e R$ 256/@ no intraday.

  • Proteja 50% com put de exercício R$ 250/@, prêmio de R$ 2/@. Piso líquido em R$ 248/@ nesse lote parcial.
  • Deixe 30% sem trava para capturar eventual reação do físico na virada do mês.
  • Nos 20% restantes, avalie venda futura apenas se a base local ficar positiva por três dias seguidos.

O custo da proteção cabe na margem e o caixa fica previsível. Se a B3 afundar, o piso segura. Se a B3 reagir com o físico firme, o lote sem trava rende.

Informações complementares para melhorar a leitura do mercado

Base importa. A diferença entre o preço da sua praça e o ajuste do contrato guia a decisão de hedge. Base forte indica sustentação local, mesmo com curva fraca. Base fraca recomenda cautela com vendas lineares, pois o risco de vender abaixo do balcão aumenta.

Observe também a relação boi x milho. Quando o milho recua, o custo do confinamento alivia e o pecuarista negocia com menos pressão. Quando o milho sobe, alguns lotes saem antecipados, o que pode alongar escalas por poucos dias e afetar o físico. Esse vai e vem conversa com a B3 e cria pontos de entrada e saída para travas.

Mercado físico firme e futuro volátil não se anulam. Eles pedem disciplina, métricas de base e travas calibradas ao seu caixa.

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