Brasileiro, prepare-se: proposta da Aneel detalhará na sua conta os horários caros e baratos

Brasileiro, prepare-se: proposta da Aneel detalhará na sua conta os horários caros e baratos

Seu hábito de ligar o chuveiro, a máquina de lavar e o ar-condicionado pode valer mais ou menos conforme o relógio.

A área técnica da Aneel estuda um novo modelo que destaca, na própria fatura, os horários em que cada família consome mais e menos energia e, junto disso, tarifas que variam ao longo do dia. A ideia é orientar escolhas e aliviar a pressão no sistema quando a demanda sobe.

O que muda para você

Hoje, a maior parte dos consumidores paga o mesmo valor por quilowatt-hora, use a energia às 15h ou às 20h. A proposta em discussão cria faixas de horário com preços diferentes e coloca, na conta, um “mapa do seu consumo” por período. Assim, você vê quando pesa mais no bolso e quando há espaço para economizar.

Três faixas de cobrança entram no radar: pico, intermediário e fora de pico. Cada uma terá preço próprio, ajustado à demanda do sistema.

Como funcionariam as faixas ao longo do dia

Faixa de horário Quando ocorre Sinal de preço Como usar a seu favor
Pico Fim de tarde e início da noite Mais caro Evite chuveiro elétrico, ferro e forno; priorize iluminação eficiente
Intermediário Uma hora antes e uma hora depois do pico Médio Distribua usos que não cabem no fora de pico
Fora de pico Madrugada, fins de semana e feriados Mais barato Programe máquina de lavar, lava-louças e recarga de eletrônicos

Quem entra primeiro e quando

A implantação viria por etapas, começando com quem concentra mais consumo mensal.

  • A partir de 2026: unidades que consomem acima de 1.000 kWh/mês, incluindo casas grandes e comércios. Cerca de 2,5 milhões de pontos, responsáveis por um quarto do consumo de baixa tensão.
  • Em 2027: consumidores acima de 600 kWh/mês, somando outro grupo de aproximadamente 2,5 milhões de unidades.

O cronograma é gradual para permitir adaptação do hábito de uso e evitar choques na conta mensal.

Por que isso está sendo discutido

O objetivo é dar um “sinal de preço” claro ao consumidor. Quando o sistema está mais carregado, gerar e entregar energia custa mais. Quando a demanda cai, operar fica mais barato. Tarifas horárias incentivam deslocar o consumo para janelas menos críticas, reduzindo custos sistêmicos e a necessidade de acionar fontes mais caras.

Há um efeito adicional: ao aplainar o pico, as distribuidoras adiam investimentos pesados em rede que só servem por algumas horas do dia. Esse tipo de incentivo também conversa com a modernização do setor, contadores inteligentes e automação residencial.

O que a sua conta passará a mostrar

A fatura deve vir com um painel simples destacando:

  • Consumo por faixa de horário, dia a dia.
  • Quanto do valor total veio de pico, intermediário e fora de pico.
  • Dicas personalizadas para deslocar usos intensivos para horários mais baratos.

Transparência na fatura ajuda você a decidir: tomar banho 30 minutos mais tarde pode custar menos do que imagina.

Como se preparar desde já

Mesmo antes da mudança, alguns ajustes rendem economia e reduzem a exposição aos períodos caros quando as novas regras chegarem.

  • Programe eletrodomésticos: use timers da máquina de lavar e lava-louças para madrugada.
  • Gerencie o chuveiro: banhos mais curtos e fora do pico trazem impacto imediato.
  • Climatização consciente: ajuste 1 °C acima no ar-condicionado e feche janelas durante o uso.
  • Troque lâmpadas e selo de eficiência: equipamentos com selo A consomem menos em qualquer horário.
  • Instale aquecimento solar ou um boiler com timer, se possível.

Próximos passos no processo regulatório

O texto é uma nota técnica, um documento preparatório. Ele ainda passará por consulta pública e depois por deliberação da diretoria da Aneel. O colegiado também avalia permitir ao consumidor o retorno ao modelo atual após um período de adaptação, caso a mudança não faça sentido para seu perfil de uso.

Sem data de início definida: as regras dependem de consulta pública e aprovação final da diretoria da Aneel.

Quem pode ganhar e quem precisa de atenção

Famílias com flexibilidade para deslocar consumo tendem a pagar menos ao longo do tempo. Quem usa equipamentos de alto consumo fora do pico colhe vantagem direta. Por outro lado, pessoas que só conseguem usar a casa à noite terão menos margem de manobra. Políticas de comunicação e ferramentas simples, como timers e aplicativos de acompanhamento, reduzem a diferença.

Consumidores de baixa renda merecem foco. Se o lar não tem equipamentos eficientes, o benefício pode demorar a aparecer. Programas de substituição de geladeiras e chuveiros, junto com informação clara na fatura, ajudam a equilibrar o jogo.

E a “tarifa branca”, onde entra

O Brasil já conhece tarifas que variam por horário em formatos voluntários. A proposta atual sinaliza um passo além: padronizar faixas, explicitar o seu perfil de consumo na conta e ampliar o alcance. O desenho final dirá se haverá migração automática, adesão por grupos ou coexistência com modalidades já existentes.

Simulação prática para o seu dia a dia

Imagine um apartamento que gasta 700 kWh/mês. Sem organizar horários, 40% do consumo cai no pico, 30% no intermediário e 30% fora do pico. Ao mover lavagem de roupas e a recarga de eletrônicos para a madrugada, a família reduz 10 pontos percentuais no pico e transfere esse volume para fora do pico. Mesmo com preços hipotéticos, o alívio na fatura aparece porque o quilowatt-hora mais barato passa a pesar mais no total.

  • Antes: 40% pico, 30% intermediário, 30% fora de pico.
  • Depois: 30% pico, 30% intermediário, 40% fora de pico.

O impacto exato dependerá das tarifas definidas para cada faixa e da rotina de cada casa, mas a lógica de deslocamento funciona para a maioria dos perfis.

O que observar quando as regras chegarem

  • Horários oficiais do pico na sua distribuidora.
  • Valores das três faixas e a diferença entre elas.
  • Ferramentas no aplicativo da distribuidora para acompanhar consumo por período.
  • Opção de retorno ao modelo anterior, se disponível, e prazos para decisão.
  • Campanhas de eficiência e possíveis descontos para adesão a horários fora do pico.

Transparência, planejamento e pequenos ajustes de rotina tendem a fazer a conta de luz caber melhor no fim do mês.

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