O mercado de trabalho global vem mudando rápido, e quem se forma no país sente os efeitos no primeiro currículo.
Uma pesquisa internacional recente mapeou como empresas de vários setores avaliam formandos de centenas de instituições. Ela aponta o que pesa na contratação, quais competências se destacam e onde universidades brasileiras aparecem quando o assunto é empregabilidade.
Como funciona o ranking e por que isso mexe com você
O Global Employability University Rankings & Survey (GEURS) consulta empregadores de 32 países para identificar quais universidades preparam melhor seus alunos para o trabalho. A edição de 2026 considerou 119.967 votos de 12.350 gestores e recrutadores. Eles avaliam critérios ligados a prática e adaptação.
- Desenvolvimento de soft skills: comunicação, colaboração, resiliência, liderança.
- Especialização e capacidade de pesquisa: domínio técnico e pensamento crítico.
- Foco em carreira: estágios, mentorias, feiras e serviços de colocação.
- Desempenho digital: dados, programação, automação e ferramentas colaborativas.
- Excelência acadêmica e internacionalização: redes globais e experiências fora do país.
GEURS 2026: USP (80º), FGV (215º) e Unicamp (239º) figuram entre as 250 instituições com melhor empregabilidade.
Para quem está escolhendo curso ou pensando em uma pós, esse tipo de dado ajuda a calibrar expectativas. Ele indica onde os empregadores percebem consistência na formação e nas parcerias com empresas.
Três nomes brasileiros ganham tração
Brasil marca presença com Universidade de São Paulo, Fundação Getulio Vargas e Universidade Estadual de Campinas. Cada uma mostra caminhos diferentes para conectar salas de aula e mercado.
| Universidade | Posição GEURS 2026 | Pontos fortes para empregabilidade |
|---|---|---|
| USP | 80º | Ecossistema de pesquisa e inovação, projetos com empresas, hubs de tecnologia, rede de ex-alunos ativa. |
| FGV | 215º | Formação aplicada em gestão, economia e direito, estudos de caso, participação frequente de executivos em aulas e bancas. |
| Unicamp | 239º | Inovação tecnológica, interação com polos industriais, iniciação científica forte e cultura de empreendedorismo. |
O que essas posições sinalizam
Empregadores valorizam a combinação entre base técnica e vivência prática. Eles observam projetos reais, participação em laboratórios, uso de dados e capacidade de trabalhar em equipe. Ao mesmo tempo, pesam a qualidade do corpo docente e a proximidade com setores produtivos.
Recrutadores priorizam habilidades comportamentais, domínio digital e capacidade de aprender continuamente em contextos diversos.
Os três casos brasileiros reúnem atividades que aceleram a transição para o primeiro emprego: estágios estruturados, parcerias, eventos de networking e orientação de carreira. Isso aumenta a visibilidade dos estudantes antes da formatura.
América Latina e o recado do top 10 mundial
Além de Brasil, outras oito universidades latino-americanas aparecem na lista de empregabilidade. Elas indicam onde a região vem se consolidando no radar de empresas globais.
- Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey (México) — 63º
- Universidade Nacional Autônoma do México — 123º
- Universidade do Chile — 162º
- Universidade de Buenos Aires (Argentina) — 165º
- Pontifícia Universidade Católica do Chile — 206º
- Universidade de Los Andes (Colômbia) — 211º
- Instituto Tecnológico Autônomo do México — 220º
- Universidade Adolfo Ibáñez (Chile) — 243º
No topo do mundo, instituições dos Estados Unidos e do Reino Unido dominam, com presença de Ásia e Europa continental.
- MIT
- Stanford
- Caltech
- Cambridge
- Oxford
- UC Berkeley
- Harvard
- National University of Singapore
- Imperial College London
- ETH Zurich
Esse recorte mostra concentração de recursos e redes globais nesses polos. Para o estudante brasileiro, o recado é direto: competências digitais e projetos práticos encurtam distâncias geográficas na contratação.
Como você pode usar esse dado a seu favor
Use o ranking como bússola, não como destino. Ele ajuda a escolher caminhos e priorizar ações que aumentam suas chances de contratação.
- Analise serviços de carreira da instituição: mentoria, feiras, simulados de entrevistas.
- Procure disciplinas com projetos reais e parceria com empresas.
- Fortaleça inglês e uma segunda língua relevante para sua área.
- Construa portfólio com entregas mensuráveis: repositórios, cases, relatórios técnicos.
- Busque certificações digitais alinhadas ao setor que você mira.
- Atue em grupos de extensão e centros acadêmicos para treinar liderança.
Dicas práticas para alunos de USP, FGV e Unicamp
Aproveite a estrutura disponível. Ela já abre portas e gera contatos valiosos.
- Participe ativamente do centro de carreiras e cadastre-se em programas de estágio early-career.
- Inscreva-se em hackathons, competições de casos e desafios de inovação com empresas parceiras.
- Engaje-se em iniciação científica ou projetos de consultoria júnior para ganhar experiência comprovável.
- Conecte-se a ex-alunos via eventos e plataformas profissionais para mapear vagas ocultas.
- Procure intercâmbio curto ou virtual para ampliar repertório internacional.
Não é só onde você estuda. É o que você faz lá dentro, todos os semestres, com regularidade.
Método, limites e próximos passos
O GEURS reflete percepção de empregadores em escala global. Ele captura tendências de contratação e preferências por determinadas competências. Como toda pesquisa baseada em opinião, o recorte pode sofrer influência setorial e regional. Por isso, vale cruzar com dados de colocação local, resultados de avaliações nacionais e indicadores de pesquisa.
Para as universidades, a mensagem é clara: serviços de carreira, projetos aplicados e fluência digital elevam a empregabilidade. Para os alunos, o caminho passa por prática constante, atualização técnica e construção de rede.
Ferramentas para ampliar sua visão
Monte uma simulação pessoal de empregabilidade. Liste suas competências técnicas e comportamentais. Atribua níveis, identifique lacunas e planeje ações para os próximos três meses. Inclua métricas simples, como número de entrevistas simuladas, projetos concluídos e contatos relevantes feitos por semana. Essa disciplina gera progresso visível.
Avalie também riscos de supervalorizar qualquer ranking. Contratações variam por área, cidade e ciclo econômico. Combine a referência global com salários médios da sua região, demanda setorial e requisitos de vagas reais. Essa leitura combinada reduz ruído e orienta decisões melhores.
Para quem já está no mercado, a lista serve de termômetro para pós-graduação, cursos executivos e certificações. Verifique como cada programa integra projetos com empresas, acompanha egressos e mede tempo de recolocação. Ao somar essa checagem a um portfólio bem documentado, você aumenta sua visibilidade diante de recrutadores que participam de pesquisas como o GEURS.


