Em Brasília, a manhã ganhou sirenes, barreiras e olhares tensos, enquanto equipes de segurança reforçavam rotas no Setor de Embaixadas.
O reforço não veio por acaso. A Polícia Civil do DF apura o caso de um brasileiro, 32 anos, que enviou e-mails com ameaças a autoridades dos Estados Unidos e foi barrado quando tentou acessar a embaixada, na capital. Dias depois, investigadores localizaram o suspeito em Goiânia, fizeram buscas e recolheram materiais que indicam planejamento de entrada irregular em território americano.
O que se sabe
- O suspeito tem 32 anos e esteve hospedado em Brasília entre 22 e 26 de setembro.
- No dia 25, e-mails com ameaças foram enviados a autoridades dos EUA, incluindo Donald Trump.
- No dia 26, ele apareceu na embaixada dos EUA, com mala, e tentou entrar sem agendamento.
- Na quinta-feira, 6 de novembro, a polícia cumpriu mandado de busca na casa dele, em Goiânia.
- Agentes apreenderam documentos e um caderno com rotas para chegar aos EUA via Guatemala.
- Até agora, não há indicação de cúmplices e o investigado não foi preso.
Investigadores encontraram anotações sobre como atravessar fronteiras até os EUA pela América Central, com referência à rota pela Guatemala.
Cronologia do caso
Setembro em Brasília
O homem se hospedou em hotéis da capital entre 22 e 26 de setembro, período em que circulou pelo Setor de Embaixadas. Em 25 de setembro, mensagens eletrônicas com ameaças chegaram a caixas institucionais nos Estados Unidos. No dia seguinte, ele foi até a sede diplomática norte-americana, com uma mala, e tentou se apresentar no portão sem agenda. A segurança de local impediu a entrada e acionou protocolos.
A operação em novembro
Após comunicação do Serviço Secreto dos EUA a autoridades brasileiras, o Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça compartilhou as informações com a Polícia Civil do DF. A Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento deflagrou a operação. Na manhã de 6 de novembro, equipes foram até Goiânia e cumpriram mandado de busca e apreensão. Os policiais recolheram papéis, dispositivos e um caderno com anotações de viagem, mas não efetuaram prisão.
| Data | Evento |
|---|---|
| 22 a 26/09 | Hospedagem do suspeito em Brasília |
| 25/09 | Envio de e-mails com ameaças a autoridades dos EUA |
| 26/09 | Tentativa de entrada na embaixada dos EUA com mala, sem agendamento |
| 06/11 | Busca e apreensão na casa do suspeito em Goiânia; materiais apreendidos |
A Polícia Civil do DF centraliza a investigação; a cooperação com órgãos federais e americanos sustenta a troca de dados.
Quem participa da investigação
A ação envolve frentes complementares. A Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento conduz diligências locais e entrevistas. O Ministério da Justiça operou a triagem de indícios digitais, rastreando contas, IPs e padrões de envio de mensagens. O Serviço Secreto dos Estados Unidos compartilhou alertas e dados técnicos que apontaram o autor das ameaças. A embaixada reforçou vigilância, controle de acesso e conferiu imagens de circuito interno para balizar linhas de tempo e deslocamentos.
O que diz a lei
A conduta sob apuração pode se enquadrar em tipos penais diferentes, a depender do conteúdo das mensagens e da finalidade apontada. Ameaça, prevista no Código Penal, prevê detenção e multa. Incitação ou apologia a crime, se presentes, também podem ser avaliadas. Em ambiente diplomático, a Convenção de Viena garante inviolabilidade das sedes, e a proteção externa cabe ao país anfitrião. A tentativa de acessar instalações diplomáticas sem autorização aciona protocolos de segurança e pode resultar em responsabilização por desobediência, perturbação ou outros delitos, conforme o caso. A tipificação final depende da análise do Ministério Público a partir das provas coletadas.
Segurança em sedes diplomáticas
Embaixadas operam com camadas de proteção. Portões segmentados, pré-triagem por agenda, escaneamento de volumes e áreas de isolamento evitam contato direto de visitantes não credenciados. Quando alguém se apresenta com mala grande e sem agendamento, a equipe ativa a conduta padrão: revista à distância, isolamento de perímetro e acionamento das forças locais.
- Agende atendimento antes de se deslocar a uma embaixada ou consulado.
- Chegue com antecedência e leve apenas itens necessários.
- Siga instruções dos agentes de segurança no acesso e nas filas.
- Evite filmar barreiras, guardas e câmeras sem autorização.
- Ao notar comportamento suspeito, acione o 190 ou o 197 e informe características e localização.
Impacto para quem vive e circula em Brasília
Moradores e trabalhadores do Setor de Embaixadas sentem mudanças imediatas quando protocolos elevam o nível de vigilância. Barreiras podem restringir faixas de rolamento. O trânsito passa a fluir mais lentamente. Pedestres enfrentam desvios e bloqueios pontuais. Agendamentos consulares podem sofrer remarcações, principalmente quando há acionamento do plano de contingência.
Para quem depende de serviços consulares, vale programar chegadas com margem de tempo, checar documentos exigidos e monitorar avisos públicos. Pequenas mudanças no dia a dia evitam transtornos quando o entorno da sede diplomática entra em estado de atenção.
Cooperação internacional e rastros digitais
Casos de ameaça contra autoridades estrangeiras costumam reunir elementos transnacionais. Mesmo quando a mensagem parte do Brasil, servidores, provedores e contas usados podem estar em outros países. A cooperação entre polícias e órgãos de inteligência acelera quebras de sigilo autorizadas pela Justiça, preservação de logs e espelhamento de caixas postais. A análise de metadados, horários de envio e dispositivos associados ajuda a confirmar autoria e intenção. Em geral, os investigadores cruzam deslocamentos físicos, transações financeiras, passagens e registros de hospedagem para consolidar a linha do tempo.
Riscos e desdobramentos possíveis
As anotações sobre rotas por Guatemala e América Central indicam interesse em travessias por fronteiras com vigilância reforçada. Quem tenta esse caminho enfrenta risco real de violência, extorsão e golpes. Autoridades migratórias de vários países têm intensificado revistas, deportações e sanções para coibir a ação de coiotes e redes de facilitação. A investigação pode avançar para apurar eventual contato do suspeito com facilitadores ou comunidades on-line que vendem “kits” de acesso irregular, muitas vezes com conteúdo enganoso.
Como a investigação pode evoluir
Nos próximos passos, a polícia tende a periciar dispositivos apreendidos, recuperar rascunhos de e-mail e checar câmeras de segurança no roteiro do suspeito entre hotéis e a embaixada. Laudos devem apontar se houve premeditação e se a mala carregava itens que elevassem o nível de ameaça. Com esses elementos, o Ministério Público decide sobre pedido de medidas cautelares, como restrições de deslocamento e proibição de aproximação da área diplomática. A cooperação com autoridades americanas permanece ativa para compartilhar novos indícios que surjam de lá para cá.


