Calor de 40 °C e risco no carro: 7 truques baratos para você salvar seu pet hoje em 10 minutos

As ondas de calor chegaram com força e mudaram a rotina de quem convive com cães e gatos. O cuidado diário ganhou novas regras.

Quando o termômetro dispara, o corpo dos pets não dá conta de resfriar tão rápido. A boa notícia: medidas simples, feitas com o que você tem em casa, reduzem o desconforto e previnem riscos sérios. A seguir, orientações práticas para adaptar a casa, a água, os horários e até as brincadeiras.

Por que cães e gatos sofrem mais com o calor

Cães e gatos não suam pelo corpo como humanos. Eles dissipam calor pela respiração ofegante e pelas almofadinhas das patas, mecanismos que perdem eficiência quando a umidade do ar está alta. O ar quente retém menos vapor e a troca térmica fica limitada.

Raças braquicefálicas, como Pug, Bulldog, Shih-tzu e Persa, possuem vias aéreas estreitas, ventilam pior e entram em exaustão com mais rapidez. Filhotes, idosos e animais com sobrepeso também aquecem mais depressa.

Acima de 41 °C de temperatura corporal, o quadro pode evoluir para colapso térmico. Atue antes dos sinais graves.

Ambientes fechados, telhados sem isolamento, piso quente e pouca água multiplicam o estresse térmico. Vale reorganizar horários, abrir correntes de vento e reservar áreas de descanso frescas durante a tarde.

Tapete gelado caseiro que funciona

Passo a passo seguro

• Encha 2 a 4 garrafas plásticas com água, deixando 10% de folga, e congele.
• Envolva cada garrafa com uma toalha fina e coloque dentro de uma fronha.
• Posicione sob a caminha ou no local onde o pet gosta de deitar.
• Troque as garrafas quando perderem o frio. Mantenha outra leva no freezer.

Também vale resfriar por alguns minutos tapetes de silicone na geladeira e usá-los como base sob a manta favorita do animal. Evite contato direto da pele com gelo para não irritar a região abdominal.

Erros que prejudicam

• Encostar gelo nu na pele: provoca vasoconstrição e pode queimar.
• Forçar o animal a deitar no tapete: respeite a escolha, ofereça opções.
• Molhar caminha sem ventilação: umidade retida gera mofo e desconforto.

Brinquedos e petiscos congelados que refrescam

Estimular a mastigação com alimentos gelados reduz a temperatura interna e distrai. Use formas de silicone ou brinquedos próprios para rechear. Sirva nos horários mais quentes, sempre sob supervisão.

• Cães: iogurte natural sem açúcar + banana amassada; caldo de frango sem sal com pedacinhos de cenoura; ração úmida diluída com água.
• Gatos: caldo de atum ou frango sem sal em cubinhos; ração úmida batida com água até virar creme e congelada em pequenas porções.
• Hidratação turbinada: cubos de água de coco natural para cães (em pequenas quantidades) misturados ao bebedouro.

Evite uva, uva-passa, chocolate, cebola, alho, xilitol e leite com lactose. Ofereça porções pequenas para não causar diarreia.

Faça lotes de 6 a 8 cubos e congele. Bastam 5 minutos de preparo para ter refresco por vários dias.

Sombra, ventilação e piso seguro

Monte zonas de sombra com lençóis úmidos, cortinas leves e ventilador direcionado ao ambiente, não diretamente no animal. Abra janelas opostas para criar corrente de ar. No quintal, mova casinhas para áreas protegidas e afastadas do cimento exposto.

O asfalto pode atingir 60 a 70 °C quando o ar está a 35 °C. Isso queima coxins em minutos. Faça o “teste dos 7 segundos”: se sua mão não aguenta o piso por 7 segundos, o passeio deve esperar.

• Horários seguros: antes das 8h e após as 19h, conforme a cidade e a estação.
• Rota inteligente: prefira grama, sombra contínua e trajetos curtos.
• Borrifadas estratégicas: umedeça levemente patas e barriga de cães de pelagem densa.

Nunca deixe o pet no carro, nem com vidro entreaberto. A temperatura interna pode subir mais de 10 °C em 10 minutos.

Hidratação e horários que protegem

Ofereça água fresca em vários pontos da casa. Renove ao longo do dia e lave os potes para evitar biofilme. Para gatos, fontes com fluxo contínuo aumentam a ingestão.

• Meta diária: 50 a 70 ml de água por kg de peso; em calor intenso, pode chegar a 80 a 100 ml/kg.
• Gelo no bebedouro: ajuda a manter a água fria; use cubos pequenos.
• Comida úmida: acrescenta líquido à dieta e facilita a hidratação.

Programe brincadeiras e passeios fora do pico de calor. Em dias extremos, substitua corrida por enriquecimento ambiental dentro de casa: jogos de farejar, caça ao petisco e trilhas olfativas.

Sinais de alerta e o que fazer agora

Sinal	Ação imediata
Respiração muito ofegante, língua muito vermelha ou arroxeada	Leve para sombra, ofereça água fresca, umedeça barriga e patas com água em temperatura ambiente e use ventilação
Letargia, cambaleio, salivação espessa	Interrompa a atividade, resfrie gradualmente com pano úmido nas axilas, virilhas e pescoço, e monitore
Vômito, diarreia, desmaio	Inicie resfriamento suave e procure atendimento veterinário urgente
Temperatura retal acima de 39,4 °C	Resfrie sem gelo direto, ofereça pequenas lambidas de água e acione o veterinário

Banho, tosa e adaptações rápidas

Banhos frios demais causam choque térmico. Prefira água em temperatura ambiente e secagem com brisa. Em raças de pelagem dupla, como Husky e Spitz, não raspe a pelagem; ela funciona como isolamento. Escovação frequente remove subpelo morto e melhora a troca de calor.

Ar-condicionado ajuda quando mantido entre 23 °C e 26 °C, com umidificação do ambiente. Ventilador é útil desde que o animal possa se afastar. Posicione caminhas em pisos frescos, como cerâmica à sombra, e rodeie com toalhas levemente úmidas.

Riscos específicos que pedem atenção

• Braquicefálicos: reduza tempo ao ar livre, use peitoral que não comprima a traqueia e tenha um plano de resfriamento pronto.
• Idosos e cardíacos: mantenha medicação em dia e evite esforço físico. Observe tosse, cansaço e recusa de comida.
• Filhotes: pele mais sensível, prefira superfícies apenas frescas, sem gelo.

Doses extras de prevenção que fazem diferença

Monte um “kit calor” com 2 fronhas, 4 garrafas de gelo, borrifador, toalhas finas, termômetro digital e petiscos para congelar. Tenha sempre um jogo pronto no freezer. Configure alarmes no celular para trocar água e girar garrafas de resfriamento.

Planeje a rotina com metas claras: água renovada a cada 3 horas, área de sombra verificada ao meio-dia, atividade mental no fim da tarde. Use um caderno ou aplicativo para registrar ingestão de água e sinais de cansaço nos dias mais quentes.

Para quem quer ir além

Diferencie febre de hipertermia: febre vem de processos inflamatórios; hipertermia deriva de ambiente ou esforço. O manejo muda. Em dias acima de 35 °C, priorize jogos de faro e enriquecimento alimentar, e limite exercícios intensos a 10 a 15 minutos nas primeiras horas da manhã.

Calcule a água do seu pet: um cão de 12 kg deve beber entre 600 ml e 1,2 litro por dia no calor forte. Distribua em 3 a 4 pontos e some alimento úmido para atingir a meta. Se a ingestão cair e o xixi ficar escuro, ajuste de imediato e avalie com o veterinário.