Câncer de próstata tem 70 mil novos casos no Brasil: você está fazendo o mínimo para se prevenir?

Câncer de próstata tem 70 mil novos casos no Brasil: você está fazendo o mínimo para se prevenir?

Homens de todas as idades adiam exames simples e perdem tempo valioso. Brasília recebe um encontro para mudar esse cenário.

Com especialistas de urologia, oncologia e gestão pública, um debate em Brasília foca em prevenção, diagnóstico e cuidados reais para o dia a dia. O pano de fundo assusta: segundo o Inca, o Brasil soma mais de 70 mil novos casos de câncer de próstata por ano, enquanto tabus e desinformação ainda afastam muitos homens do consultório.

Por que o número assusta

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens no mundo e no Brasil. Quando identificado cedo, costuma ter alta chance de controle e de cura, com impacto menor na qualidade de vida. Quando chega tarde, o tratamento tende a ser mais complexo e os desfechos pioram.

Especialistas reforçam que a combinação de consulta clínica, PSA e, quando indicado, toque retal e ressonância multiparamétrica permite flagrar tumores ainda em fase inicial, quando a doença não deu sinal nenhum.

Quanto mais cedo a detecção, maiores as chances de cura e menor o impacto físico e emocional para o paciente e sua família.

Tabus e barreiras que atrasam o diagnóstico

Homens ainda evitam o médico por vergonha, medo ou crença de que “quem procura acha”. O resultado é óbvio: diagnóstico tardio. O toque retal segue cercado de mitos, embora seja um exame rápido, indolor e que, quando necessário, complementa o PSA.

Desigualdade no acesso

Há diferença de acesso entre regiões, entre usuários do SUS e da saúde suplementar. Exames como PSA, ressonância e biópsia guiada por imagem não chegam de forma homogênea ao país inteiro. Políticas públicas mais amplas e linhas de cuidado bem organizadas encurtam essa distância.

Universalizar o acesso a PSA, imagem de qualidade e biópsia adequada salva vidas — sobretudo fora dos grandes centros.

Novembro Azul em Brasília: debate com especialistas

Para enfrentar essas barreiras, o Correio Braziliense e o Hospital Anchieta promovem, em 6 de novembro, às 14h, o evento “Novembro Azul: a saúde do homem em foco”, no auditório do jornal, em Brasília. A abertura ficará a cargo do secretário de Saúde do DF, Juracy Cavalcante Lacerda, e de Marcello Caio, diretor-geral da Kora Saúde no DF e dos Hospitais Anchieta de Taguatinga e Ceilândia.

O primeiro painel, “Câncer de próstata: prevenção, diagnóstico e cuidado”, reúne o urologista Carlos Watanabe, o oncologista Igor Morbeck e o urologista Fernando Croitor. O segundo painel discute cultura, comportamento e os desafios do autocuidado masculino, com Paulo de Assis, chefe da urologia do HRAN; o clínico-geral e educador físico Luciano Lourenço; e o uro-oncologista e uro-pediatra Guilherme Coaracy.

  • Data: 6 de novembro de 2025
  • Horário: a partir das 14h
  • Local: Auditório do Correio Braziliense, Brasília/DF
  • Evento gratuito, com vagas limitadas; inscrições por QR Code

Evento gratuito, duas mesas com especialistas e foco prático: prevenção, diagnóstico e autocuidado masculino.

Como reduzir seu risco hoje

Nem todo câncer de próstata pode ser prevenido, mas você reduz risco e melhora prognóstico com hábitos e check-ups adequados. O caminho é simples: rotina ativa, alimentação equilibrada, controle de peso e exames na idade certa. Homens negros e aqueles com histórico familiar em parente de primeiro grau devem começar o acompanhamento mais cedo.

  • Manter peso adequado e reduzir gordura abdominal.
  • Praticar atividade física moderada pelo menos 150 minutos por semana.
  • Basear a dieta em alimentos in natura, vegetais, leguminosas e peixes; cortar ultraprocessados.
  • Evitar tabaco e reduzir álcool.
  • Controlar pressão arterial, diabetes e colesterol.
  • Fazer acompanhamento urológico regular conforme idade e risco individual.

Exames e quando fazê-los

O PSA é um exame de sangue que ajuda a indicar alterações na próstata. Em conjunto com a consulta e o toque retal, quando indicado, guia a necessidade de exames complementares. Idade e risco pessoal ajustam a frequência.

Faixa etária / risco Exame sugerido Frequência típica
45+ anos (negros ou com parente de 1º grau com câncer de próstata) Consulta + PSA; toque retal conforme avaliação Anual ou conforme orientação clínica
50+ anos (risco usual) Consulta + PSA; toque retal conforme avaliação Anual ou conforme orientação clínica
Resultados alterados ou dúvida diagnóstica Ressonância multiparamétrica; biópsia dirigida quando necessário Conforme conduta médica

PSA isolado não fecha diagnóstico. O conjunto de exames e a avaliação clínica definem os próximos passos.

Mitos que afastam você do consultório

  • “Toque retal dói”: o procedimento é rápido, tolerável e muitas vezes nem é necessário.
  • “PSA alto é câncer”: pode haver aumento por inflamação, infecção ou hiperplasia benigna.
  • “Quem não sente nada está bem”: muitos tumores iniciais não causam sintomas.
  • “Biópsia espalha câncer”: técnicas atuais são seguras e visam áreas suspeitas com precisão.

O que você vai ganhar ao comparecer ao debate

Além de orientações práticas, o público terá um panorama das barreiras culturais e das soluções em curso no DF. A conversa deve abordar triagem por risco, uso racional de tecnologia, fluxo no SUS e na rede privada e estratégias para ampliar o acesso fora das capitais.

  • Entender quando começar o acompanhamento e com que frequência repeti-lo.
  • Aprender a interpretar o PSA com seu médico, sem pânico nem atraso.
  • Conhecer caminhos de acesso a exames no SUS e em serviços de referência.
  • Receber dicas realistas para manter hábitos de proteção ao longo do ano.

Perguntas que você pode levar

  • Tenho histórico familiar: começo aos 45 ou antes?
  • Como diferenciar PSA total e livre, e quando pedir ressonância?
  • Quais são as opções de vigilância ativa para tumores de baixo risco?
  • Quais efeitos colaterais posso esperar de cada tratamento?

Informações que ampliam sua decisão

Vigilância ativa pode ser uma estratégia para tumores de baixo risco, com monitoramento periódico e tratamento apenas se houver progressão. Isso evita intervenções desnecessárias sem abrir mão da segurança. Por outro lado, tumores de risco intermediário ou alto pedem tratamento definitivo, que pode incluir cirurgia, radioterapia e terapia sistêmica.

Quando houver indicação de biópsia, a fusão de imagem (ultrassom com ressonância) aumenta a precisão e reduz o número de fragmentos coletados. A escolha do método depende de disponibilidade local e do perfil do paciente.

Como se preparar para a consulta

  • Leve sua lista de sintomas, mesmo que pareçam discretos (jato fraco, urgência para urinar, dor pélvica).
  • Anote medicamentos de uso contínuo e doenças prévias.
  • Se possível, leve PSA anteriores para comparação.
  • Converse sobre preferências e receios; isso ajuda a definir a melhor conduta.

A mensagem final é direta: homens vivem mais e melhor quando encaram a prevenção sem vergonha, com ciência, rotina e acesso. O dado de 70 mil novos casos por ano serve de alerta para agir agora, com informação de qualidade e acompanhamento regular. O debate em Brasília aponta caminhos concretos — do consultório à política pública — para que cada um faça sua parte, sem adiamentos desnecessários.

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