No coração de Outeiro, mestres da ilha abrem quintais, ateliês e terreiros para um dia inteiro de arte e memória.
Um novo roteiro comunitário dá voz a quem faz a cultura pulsar nas beiras de Belém. Entre tambores, barro, açaí e histórias, moradores criaram um caminho de 12 paradas que convida o visitante a sentir a Amazônia urbana com os pés no chão e o ouvido atento.
O que é o Caratateua Viva
Caratateua Viva é um percurso cultural de um dia, idealizado e operado pelos moradores da Ilha de Caratateua (Outeiro), a cerca de 40 minutos do centro de Belém. A proposta reúne saberes tradicionais, economia solidária e experiências práticas, com oficinas, apresentações musicais, visitas a terreiros e ateliês de cerâmica, além de um almoço feito na própria ilha.
Roteiro de base comunitária, conduzido por mestres e mestras locais, com foco em vivências práticas e circulação de renda na própria ilha.
Como funciona o roteiro
A programação dura aproximadamente sete horas, com grupos de até 15 pessoas. O visitante se desloca entre as paradas com transporte interno organizado pelo projeto. O café da manhã está incluído e o almoço é servido no Sítio de Maré, com valores acessíveis. As saídas dependem da maré e as vagas são limitadas mediante agendamento.
Duração aproximada: 7 horas. Tamanho do grupo: até 15 pessoas. Operação condicionada à maré.
O que você vai ver, ouvir e provar
O dia começa com ritmos de raiz. Carimbó, xote e lundu aquecem o corpo e convidam para a roda. No barro, o visitante modela uma peça e entende como a argila da ilha gera renda e identidade. No terreiro, aprende sobre religiosidades afro-amazônicas sem folclorizar a fé. Na agrofloresta, colhe e saboreia açaí ao lado de quem planta e cuida. E, ao cair da tarde, os pássaros juninos e o boi-bumbá costuram música, figurinos e memória coletiva.
Música, cerâmica, culinária de quintal e fé cabocla em 12 experiências conectadas por um mesmo território.
As 12 paradas do percurso
| Ponto | O que acontece | Quem recebe |
|---|---|---|
| Grupo Parafolclórico Tucuxi e Regional Jurupari | Oficinas e apresentações de carimbó, xote e lundu | Artistas da ilha |
| Casa de Mariana (Mãe Sandra) | Acolhimento e práticas de fé afro-amazônica | Liderança religiosa local |
| Cerâmica São João | Tradição oleira de Caratateua, do barro à peça | Mestre João |
| Atelier Cerâmico | Argilas da ilha e modelagem orientada | Mestra Sinéia |
| Chalé Sítio de Maré | Vivência agroecológica, açaí no ponto e peixe frito | Rose e Elivaldo |
| Terreiro Inzo Mukongo | Tradição bantu angola e formação cultural | Tatetu Kalité |
| Biblioteca Tralhoto e Boi Misterioso | Leitura, oficinas e apresentações de boi-bumbá | Equipe comunitária |
| Casa Preta | Arte negra, tecnologia livre e cultura quilombola urbana | Don Perna |
| Monturo do Urubu | Quintal de resistência e encontros culturais | Cordão do Urubu |
| Cordão de Pássaro Tem-Tem | Lendas amazônicas encenadas com música e figurino | Professora Inaiá Paes |
| Associação Cultural Colibri | Apresentações de pássaros juninos e memória local | Mestra Laurene |
| Cerâmica Reis | Peças utilitárias e esculturas em barro da região | Luiz Gonzaga |
Impacto para a comunidade e para quem visita
O trajeto fortalece a economia de Outeiro, remunera quem mantém ofícios tradicionais e amplia a circulação de renda na própria ilha. Cada parada tem um guardião do saber, o que cria autonomia para os grupos locais e evita a padronização típica do turismo de massa. Para o visitante, a experiência traz contato direto com mestres da cultura, sem intermediários, o que muda a percepção sobre Belém e sua Amazônia urbana.
O percurso também ajuda a valorizar redes como os cordões de pássaros juninos e os coletivos de carimbó, que mobilizam crianças, jovens e adultos. Ensaios, confecção de roupas e apresentações viram aprendizado sobre história, território e pertencimento.
Quando ir, como reservar e o que levar
As saídas ocorrem em dias programados e respeitam a maré. O agendamento é feito diretamente com a organização do Caratateua Viva, pelos canais oficiais do projeto (@caratateuaviva) ou pelo número 91 98530-9414. As vagas são limitadas e os grupos são pequenos para preservar a experiência e o ritmo da comunidade.
- Leve garrafa de água, protetor solar e repelente.
- Use roupas leves e calçado confortável que possa molhar.
- Tenha dinheiro em espécie para comprar artesanato e quitutes locais.
- Combine previamente restrições alimentares com a equipe.
- Peça permissão antes de fotografar pessoas, objetos sagrados e bastidores.
Termos e tradições que você vai ouvir no caminho
Carimbó: ritmo e dança de matriz indígena e afro-amazônica, com tambores, curimbós e maracas. Boi-bumbá: manifestação popular que narra o ciclo do boi com música, personagens e alegorias. Pássaros juninos: grupos cênicos que encenam lendas com figurinos exuberantes e cantigas. Café de cuia: preparado e servido em cuias, marca afetiva das manhãs ribeirinhas. Agrofloresta: sistema que combina produção de alimentos e recuperação da mata, comum nos quintais da ilha.
Roteiro, logística e acessibilidade
Outeiro fica a cerca de 40 minutos do centro de Belém por via terrestre. O ponto de encontro é informado no agendamento. O projeto inclui o transporte interno entre as paradas. Pessoas com mobilidade reduzida devem avisar com antecedência, pois alguns trechos têm terreno de areia, raízes e rampas. Em dias quentes, a sensação térmica sobe; hidratação e pausas fazem parte da programação.
Por dentro da experiência: do barro ao prato
Na cerâmica, você acompanha etapas como escolha da argila, modelagem e acabamento. Isso ajuda a entender por que cada peça carrega variações de tonalidade e textura. Na cozinha de quintal, o açaí vem do próprio sítio e acompanha peixe frito e farinha d’água, combinação clássica de Caratateua. Em todas as paradas, a compra direta de peças, alimentos e serviços fica aberta ao visitante, o que reforça os arranjos locais de trabalho.
Cuidados e vantagens de um turismo que respeita a maré
Como parte da ilha depende do vai e vem da água, horários e deslocamentos seguem a maré. Essa lógica protege o ambiente e ajuda a manter o ritmo tradicional de pesca, colheita e circulação. Para o visitante, isso significa vivenciar o território de forma mais real, sem correrias e sem filas. A contrapartida é simples: vestir roupa confortável, aceitar mudanças de trajeto quando necessário e aproveitar as conversas que surgem no caminho.
Serviço essencial do percurso
- Local: Ilha de Caratateua (Outeiro), Belém–PA
- Duração: cerca de 7 horas de vivências
- Grupo: até 15 pessoas
- Inclui: transporte interno e café da manhã
- Almoço comunitário: servido no Sítio de Maré, com valores acessíveis
- Agendamento: organização do Caratateua Viva — @caratateuaviva — telefone 91 98530-9414
- Observação: operação ajustada às condições de maré; vagas limitadas
Para quem é e como aproveitar melhor
Famílias com crianças, estudantes, viajantes independentes e moradores de Belém que buscam novas rotas culturais aproveitam bem a proposta. Quem já tem contato com carimbó, boi-bumbá ou cerâmica encontra camadas de aprendizado sobre técnica, história e território. Para maximizar a experiência, chegue descansado, participe das oficinas e reserve um tempo para conversar com os mestres. Cada diálogo rende uma aula de Amazônia urbana que não cabe em museu.


