Casa paulistana de três níveis: você moraria vãos de 12 m, madeira nobre e vidro do chão ao teto?

Casa paulistana de três níveis: você moraria vãos de 12 m, madeira nobre e vidro do chão ao teto?

Entre concreto aparente e jardins que invadem a sala, uma casa de São Paulo cria novas maneiras de morar com leveza.

O projeto nasce de um lote urbano comum e transforma a rotina com generosos vãos, materialidade honesta e soluções climáticas eficientes. A composição de três níveis valoriza a luz natural, amplia a sensação de espaço e dá ritmo ao cotidiano sem excessos.

Três níveis que conversam com a cidade

O térreo abre a casa para a rua com recuo verde e uma varanda contínua. O piso social integra estar, jantar e cozinha com portas de correr que somem no vão. O quintal vira extensão da sala nos dias de clima ameno. No nível intermediário, ficam as suítes, protegidas por brises de madeira e painéis de vidro laminado que controlam o sol. O último pavimento recebe estúdio, terraço-jardim e uma área multiuso para receber amigos.

Grandes vãos de até 12 m, apoiados em estrutura mista metálica e concreto, reduzem pilares e liberam a planta.

Programa distribuído com lógica cotidiana

A circulação acontece à sombra de um pátio linear que ventila a casa. A escada metálica leve aproxima os pavimentos e traz claridade por uma claraboia orientada ao sul. A cozinha usa ilha em pedra natural e marcenaria em madeira certificada. Portas de correr com 6 m de largura conectam a área gourmet ao jardim. A lavanderia ocupa o fundo, organizada e ventilada, longe das áreas sociais. O estúdio do terceiro nível funciona como home office em dias úteis e vira sala de cinema nas noites de fim de semana.

  • Área do terreno: 300 m²
  • Área construída: 480 m²
  • Vão livre principal: 12 m
  • Pé-direito no social: 3,2 m
  • Brises e forros: madeira cumaru certificada
  • Pisos: terrazzo no térreo e tacos de peroba de demolição no íntimo
  • Esquadrias: alumínio preto com pele de vidro laminado
  • Captação de água da chuva: reservatório de 5.000 litros
  • Geração solar: 6 kWp, com microinversores

Materiais nobres sem ostentação

Concreto aparente, madeira maciça e pedra natural conduzem a estética, mas sem disputar atenção. O desenho simplifica volumes e destaca texturas, luz e sombra. A serralheria sob medida cria guarda-corpos finos e portas altas. A paleta neutra abraça sofás em linho cru, tapetes de lã e obras de arte em escala contida. Bancadas em pedra brasileira valorizam tons terrosos e reforçam o senso de permanência.

A madeira vira protagonista ao forrar o teto do social, melhorando acústica e conforto térmico de forma imediata.

Acabamentos que envelhecem bem

O projeto evita vernizes espelhados e prefere óleos naturais e acabamentos matte. O latão aparece em puxadores e luminárias e cria pátina com o tempo. O terrazzo amortece ruídos e facilita manutenção no térreo. No banho principal, pedra com veios marcados contrasta com pastilhas foscas e iluminação linear protegida contra umidade.

Estrutura e engenharia para grandes vãos

Vigas metálicas em perfil laminado trabalham em conjunto com laje steel deck. Trechos com protensão controlam flechas no vão principal. Pilares recuados liberam esquadrias do piso ao teto e vistas para o jardim. O vidro é laminado com PVB acústico para reduzir ruído de tráfego. A compatibilização estrutural segue referências das normas ABNT NBR 6118 e NBR 8800, garantindo desempenho e segurança. O resultado direto aparece no espaço: menos apoios, mais circulação de ar e luz.

Solução Efeito no espaço
Viga metálica aparente Vão maior com estrutura mais esbelta e visual honesto
Laje steel deck Execução rápida e redução de espessura total do pavimento
Brise de madeira regulável Controle solar fino e privacidade sem perder a vista
Vidro laminado acústico Conforto sonoro e segurança em áreas de grande abertura

Clima, luz e sustentabilidade

Brises e venezianas criam sombreamento ativo. Ventilação cruzada reduz a necessidade de ar-condicionado. Claraboias orientadas evitam ganho térmico direto. Um jardim de chuva trata a água do terraço antes da infiltração. O telhado verde parcial alivia a temperatura do último pavimento. Automação básica fecha brises quando a radiação bate picos à tarde. As placas solares cobrem demandas do dia e aliviam a conta nos horários de ponta.

Tecnicamente, como o conforto acontece

A casa posiciona aberturas para captar ventos predominantes. O forro de madeira e os tapetes ajudam no tempo de reverberação e favorecem conversas. O pé-direito generoso distribui o ar quente para cima e reduz a sensação de abafamento. Nos meses secos, o jardim interno eleva a umidade e refresca o térreo.

Quando luz, vento e estrutura trabalham juntos, o morador gasta menos energia e ganha qualidade de vida diária.

Como adaptar ideias deste projeto à sua casa

Nem todo mundo dispõe de três níveis ou de um lote amplo. A lógica, sim. Buscar vãos mais generosos em pontos estratégicos libera circulação e cria ambientes flexíveis. Brises bem dimensionados protegem janelas grandes sem perder luminosidade. Materiais naturais, usados de forma correta, dispensam rebuscamento e atravessam décadas com dignidade.

  • Quer um vão maior? Reforce vigas existentes e reposicione apoios antes de derrubar paredes.
  • Janelas a oeste? Instale brises reguláveis e vidro de controle solar para reduzir ganho térmico.
  • Madeira certificada dura mais. Prefira espécies estáveis e proteção com óleo incolor.
  • Plantas internas ajudam no microclima, mas peça orientação para espécies adequadas a baixa luz.
  • Marcenaria integrada resolve armazenamento e evita móveis soltos em excesso.

Custos, prazos e riscos

Estrutura mista e esquadrias de grande porte elevam o investimento inicial. Em São Paulo, obras com padrão similar variam de R$ 5.500 a R$ 8.500 por m², dependendo de acabamentos e complexidade. O ciclo típico fica entre 14 e 18 meses, considerando projeto executivo, aprovações e obra. Riscos mais comuns: fissuras no concreto aparente, empenamento de madeira exposta ao sol, ofuscamento por vidro sem proteção e ruído urbano subestimado.

Mitigue com planejamento: ensaie amostras de concreto antes da concretagem, use madeira bem seca e com junta de dilatação, calcule brises para cada fachada e simule ruído com medições de campo. A manutenção preventiva semestral preserva o desempenho dos materiais e reduz custos futuros.

Checklist para o leitor

  • Qual ambiente precisa de maior vão e por quê?
  • De onde vem o sol da tarde na sua fachada?
  • Há ventilação cruzada real entre janelas opostas?
  • Os materiais escolhidos pedem manutenção compatível com sua rotina?
  • O orçamento contempla estrutura, esquadrias e sombreamento, não só acabamentos?

Para ampliar seu repertório

Vão é a distância livre entre apoios. Balanço é a parte da laje que avança sem apoio inferior. Pele de vidro é o sistema de fachada contínua que usa perfis mínimos e chapas laminadas. Esses três conceitos, combinados, moldam a sensação de amplitude e a qualidade da luz. Um pequeno ensaio prático ajuda: mova cortinas, abra janelas opostas e anote como o vento circula nos horários mais quentes. Ajustes simples, como uma veneziana extra ou um brise horizontal, podem transformar o conforto em poucos dias.

Quem pensa em reforma pode simular cenários. Um sobrado com vão de 5 m pode chegar a 7 m com reforço metálico e nova laje mista. O custo do reforço gira em torno de 10% a 15% do orçamento estrutural, mas libera espaço e flexibilidade por décadas. Materiais nobres, quando especificados com critério, não significam luxo gratuito. Eles reduzem manutenção, melhoram acústica e valorizam o imóvel para a próxima geração.

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