Uma nova pesquisa mexe com a corrida política em Brasília e acende o debate nas ruas, grupos de família e gabinetes.
Real Time Big Data divulgou números que colocam a vice-governadora Celina Leão à frente em todos os cenários simulados para o Governo do Distrito Federal. Os percentuais variam conforme os adversários testados, mas a vantagem permanece confortável, com diferença expressiva sobre os principais nomes avaliados.
Como a disputa se desenha
Segundo o levantamento realizado nos dias 2 e 3 de novembro com 1.200 entrevistados, Celina Leão (PP) lidera com folga em três cenários estimulados. No recorte que inclui o ex-governador José Roberto Arruda, a vice-governadora tem 40% contra 20% dele. Em simulação com Leandro Grass (PT), Celina aparece com 50% e Grass soma 15%. Já em cenário com Ricardo Cappelli (PSB), a diferença fica em 54% a 14%, enquanto nulos e brancos chegam a 13% e 19% não souberam responder.
Celina Leão aparece com, no mínimo, o dobro das intenções de voto do segundo colocado em todos os cenários testados.
Os números sugerem, por ora, uma disputa sob forte influência do cargo ocupado por Celina, que exerce a vice-governadoria e ganha exposição administrativa. A presença de adversários conhecidos, como Arruda, e de nomes que integraram gestões recentes ou oposicionistas, como Grass e Cappelli, não muda o padrão: a liderança dela se sustenta acima da margem de erro.
O que dizem os cenários testados
- Cenário com Arruda: Celina 40%, Arruda 20%.
- Cenário com Leandro Grass: Celina 50%, Grass 15%.
- Cenário com Ricardo Cappelli: Celina 54%, Cappelli 14%; nulos/brancos 13%; indecisos 19%.
| Cenário | Nome | Percentual |
|---|---|---|
| Com José Roberto Arruda | Celina Leão | 40% |
| Com José Roberto Arruda | José Roberto Arruda | 20% |
| Com Leandro Grass | Celina Leão | 50% |
| Com Leandro Grass | Leandro Grass | 15% |
| Com Ricardo Cappelli | Celina Leão | 54% |
| Com Ricardo Cappelli | Ricardo Cappelli | 14% |
| Com Ricardo Cappelli | Nulos e brancos | 13% |
| Com Ricardo Cappelli | Não sabe/não respondeu | 19% |
Humor político no Distrito Federal
A mesma pesquisa captou a avaliação do eleitorado brasiliense sobre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Para 37% dos entrevistados, a gestão de Bolsonaro foi melhor. Outros 30% veem o atual governo Lula como superior. Uma parcela de 27% considera as duas gestões “iguais ruins” e 4% avaliam como “iguais bons”. Apenas 2% não souberam ou não quiseram responder.
O estudo também testou percepções sobre a condenação aplicada a Bolsonaro pelo STF, descrita no questionário como pena de 27 anos por tentativa de golpe. A maioria dos entrevistados, 52%, declarou não concordar com a condenação. Outros 37% concordaram, e 11% não souberam responder.
No DF, 52% dizem não concordar com a condenação do STF a Jair Bolsonaro; 37% concordam, e 11% não opinam.
Esse pano de fundo ajuda a entender os movimentos eleitorais locais. Candidatos tendem a calibrar discursos conforme o humor nacional, buscando equilíbrio entre identidade regional e temas que mobilizam o debate federal. No DF, esse cruzamento costuma ser forte porque servidores, prestadores de serviço público e trabalhadores do setor de tecnologia e comércio reagem rapidamente a mudanças econômicas e políticas.
Metodologia e o que pode mudar com a margem de erro
O levantamento da Real Time Big Data ouviu 1.200 eleitores entre 2 e 3 de novembro, com margem de erro de três pontos percentuais e nível de confiança de 95%. Isso quer dizer que pequenas variações dentro dessa faixa podem ocorrer para cima ou para baixo.
Como a margem pode alterar o placar
Se Celina aparece com 40% e Arruda com 20%, a distância nominal é de 20 pontos. Mesmo descontando a margem, a diferença permanece superior a 10 pontos. Situação semelhante ocorre nos cenários com Leandro Grass e Ricardo Cappelli: a vice-governadora se mantém numericamente distante. Em linguagem prática, a folga dela não depende de um ajuste fino estatístico.
Outro ponto a observar é a taxa de indecisos e de voto nulo ou em branco. No cenário com Cappelli, 32% afirmam que pretendem anular, votar em branco ou não sabem responder. Esse contingente pode redefinir o retrato da disputa em fases mais próximas do período eleitoral, quando campanhas, debates e eventos aumentam o conhecimento sobre candidaturas.
Fatores que devem pesar na próxima etapa
O eleitor do Distrito Federal costuma se guiar por temas de gestão como mobilidade urbana, saúde, segurança e oferta de vagas em creches e escolas públicas. A capacidade de executar obras e organizar serviços pesa, assim como o diálogo com o governo federal para destravar recursos e projetos. Nomes que ocupam cargos no Executivo, como Celina Leão, largam com vantagem de exposição, mas também enfrentam maior cobrança.
- Desempenho na administração atual e entrega de serviços.
- Alianças partidárias e palanques com líderes nacionais.
- Tempo de TV e presença digital na pré-campanha.
- Nível de rejeição e taxa de conhecimento dos candidatos.
- Capacidade de mobilizar indecisos e eleitores apáticos.
Como ler pesquisas sem cair em armadilhas
Pesquisas são fotografias do momento. Elas captam preferências a partir de nomes apresentados ao entrevistado, no caso dos cenários estimulados. Mudanças na composição dos cenários, entrada ou saída de candidatos e eventos inesperados podem mexer nos resultados. Quando o número de indecisos é alto, variações nas semanas seguintes ganham ainda mais probabilidade.
Vale observar também a diferença entre intenção de voto estimulada e espontânea. Na estimulada, o instituto apresenta uma lista de nomes. Na espontânea, o eleitor responde sem ver qualquer lista, o que privilegia candidatos mais conhecidos. O levantamento divulgado focou nos cenários estimulados, que ajudam a medir competitividade quando o eleitor já tem opções à vista.
Pistas úteis para o eleitor
Quem pensa em comparar propostas pode montar uma lista de prioridades pessoais e avaliar como cada candidato pretende financiar e implementar as medidas. Obras viárias, hospitais e segurança exigem orçamento, cronograma e metas verificáveis. Programas com metas claras facilitam a cobrança futura.
Outra estratégia consiste em observar currículos, equipe técnica e resultados de gestões anteriores. O histórico de entregas pesa tanto quanto as promessas. E, diante de um quadro com ampla liderança, acompanhar como os adversários pretendem crescer entre indecisos mostra se haverá espaço para apertar a disputa.
O que fica de mensagem
Nesta fotografia, Celina Leão lidera em todos os cenários testados, com vantagem confortável sobre Arruda, Leandro Grass e Ricardo Cappelli. A percepção do DF sobre os governos Lula e Bolsonaro aparece dividida, e a maioria discorda da condenação aplicada ao ex-presidente, como descrita no questionário. Esses elementos formam o contexto do jogo local e ajudam a entender por que a vice-governadora inicia a temporada com fôlego.
À medida que novas pesquisas forem divulgadas, compare metodologias, datas de campo e estabilidade dos números. A curva conta mais do que o dado isolado. Se a vantagem se mantiver após debates e movimentos partidários, o favoritismo se consolida; se a base de indecisos migrar, o mapa da disputa pode mudar.


