Chuva arranca asfalto e isola moradores em Barretos: você conseguiria sair com 2 vias submersas?

Chuva arranca asfalto e isola moradores em Barretos: você conseguiria sair com 2 vias submersas?

Uma pancada rápida virou teste de resistência para quem depende das ruas no interior paulista. A água subiu, o asfalto cedeu e a rotina parou.

Em Barretos e Batatais, a tarde de domingo (2) trouxe mais do que barulho de trovão. Um temporal arrancou trechos de pavimento, bloqueou saídas de casa e provocou alagamentos. Em poucos minutos, famílias se viram “ilhadas”, comerciantes correram para salvar mercadorias e motoristas calcularam prejuízos com o granizo.

Rua cede e moradores ficam ilhados

Na Rua Quarenta, em Barretos (SP), a enxurrada tomou o leito e levou embora partes inteiras do asfalto próximo ao cruzamento com a Avenida Engenheiro Necker Carvalho de Camargo. O trecho, que passa por obras de drenagem, não resistiu ao volume de água e ficou intransitável. Quem tentava sair de casa de carro desistiu diante das crateras abertas e da correnteza.

Trechos inteiros da pavimentação foram arrancados em minutos, transformando a Rua Quarenta em um canal de enxurrada.

Vídeos feitos por moradores mostram a força da água arrancando placas de asfalto e arrastando detritos. O pavimento cedeu como se fosse casca, expondo a base e criando degraus perigosos. A Defesa Civil informou que não há registro de desabrigados ou desalojados, mas equipes municipais vão avaliar os danos estruturais ao longo da semana.

Bairros do outro lado da rodovia também sofreram

Do outro lado da Rodovia Brigadeiro Faria Lima, o bairro São Diego registrou alagamentos. Ruas ficaram cobertas, bueiros não deram vazão e parte do tráfego precisou ser redirecionado. Moradores relataram a dificuldade para cruzar quarteirões onde a água atingiu calçadas.

Segundo a Defesa Civil, as equipes farão vistorias e mapeamento de pontos críticos após a queda do nível da água.

Batatais sente o impacto do granizo e do córrego

Em Batatais (SP), o cenário somou água e gelo. A chuva veio com granizo e o Córrego da Avenida Dr. Oswaldo Scatena, que cruza a região central, transbordou e invadiu lojas. Comerciantes registraram lama nos salões e reclamaram da reincidência em eventos de chuva mais forte.

Duração curta, estrago alto

O temporal durou cerca de 20 minutos. Foi o bastante para elevar o nível do córrego, tomar quadras inteiras e obrigar motoristas a estacionar em pontos mais altos. O granizo atingiu vários bairros e danificou carros estacionados ao ar livre, com amassados em capôs e trincas em para-brisas.

Vinte minutos bastaram para o transbordamento no Centro de Batatais e danos em veículos atingidos pelo granizo.

O que foi afetado

Município Local afetado Impacto registrado
Barretos Rua Quarenta e cruzamento com Av. Eng. Necker C. de Camargo Asfalto arrancado, via intransitável e moradores “ilhados”
Barretos Bairro São Diego Alagamentos em vias e dificuldade de circulação
Batatais Av. Dr. Oswaldo Scatena (Centro) Córrego transbordou e água invadiu comércios
Batatais Bairros diversos Queda de granizo com danos a veículos

Por que o asfalto cede em temporais

Chuvas intensas pressionam a base do pavimento. Quando a água infiltra por fissuras, ela desagrega a camada de suporte e causa erosão por baixo. Em vias com obras de drenagem, a base pode estar exposta ou com compactação comprometida. A enxurrada encontra bordas vulneráveis, arranca placas e abre buracos em sequência.

  • Fissuras e remendos antigos viram portas para infiltração.
  • Volume concentrado de água acelera a erosão da base granular.
  • Desníveis ao redor de bueiros criam pontos de colapso.
  • Tráfego sobre piso encharcado amplia as falhas e quebra o revestimento.

A combinação de base encharcada e fluxo concentrado de água é o gatilho mais comum para o “descolamento” do asfalto.

Como agir se você ficou “ilhado”

Segurança vem primeiro. Água corrente acima do tornozelo indica risco, inclusive para veículos. Evite atravessar.

  • Ligue para 199 (Defesa Civil) em caso de risco e 193 (Bombeiros) em emergências.
  • Desligue a energia se a água alcançar tomadas. Não toque em equipamentos molhados.
  • Espere a água baixar para retirar veículos. O motor pode aspirar água e travar.
  • Registre fotos e vídeos dos danos antes de limpar. Guarde notas de serviços para laudos e seguros.
  • Desobstrua bocas de lobo perto de casa somente se estiver seguro. Use luvas e evite contato com a água.

Danos em veículos por granizo: o que checar

  • Para-brisa e teto com amassados ou trincas exigem avaliação imediata.
  • Acione a seguradora e verifique cobertura para granizo e eventos climáticos.
  • Não tente desamassar sem avaliação técnica para não ampliar o estrago.

O que as prefeituras devem avaliar

Vistorias técnicas precisam identificar pontos de colapso e a eficiência do sistema de drenagem. Intervenções rápidas reduzem o risco de novas crateras e encurtam o tempo de interdição. Em trechos com obras, a sinalização de risco, o controle de sedimentos e o desvio do fluxo de água ajudam a proteger a base do pavimento.

  • Mapeamento de bacias de microdrenagem e gargalos de vazão.
  • Reforço de sarjetas, valetas e bocas de lobo próximas a aclives.
  • Recomposição da base e recomPACTação antes da nova capa asfáltica.
  • Plano de desvio de tráfego para evitar carga sobre áreas fragilizadas.

Reparos duráveis começam pela base: reconstruir o subleito, drenar corretamente e só depois aplicar o novo asfalto.

Informações úteis para próximas chuvas

Sinais de alerta ajudam a antecipar problemas. Se a rua borbulha junto ao meio-fio, a rede está sobrecarregada. Se surgem depressões no asfalto após a chuva, evite passar de carro. Em áreas próximas a córregos, suba veículos para ruas mais altas quando o céu fechar.

  • Monte um kit com lanterna, rádio, documentos em saco estanque e contatos úteis.
  • Eleve eletrodomésticos 10 a 15 cm do chão em imóveis com histórico de alagamento.
  • Combine com vizinhos rotas alternativas e pontos de encontro.
  • Mantenha calhas limpas e verifique muros de contenção.

Duas noções ajudam a medir o risco. Alagamento é a água que toma ruas e quintais por falha de drenagem; inundação ocorre quando o curso d’água sai da calha e espalha-se. Em alagamento, a água baixa mais rápido. Em inundação, a permanência tende a ser maior e o alerta deve começar antes de a chuva chegar.

Correnteza esconde perigos: tampas de bueiro deslocadas, buracos e fios elétricos. Evite caminhar descalço e não dirija em áreas submersas, mesmo que pareçam rasas. A intensidade das últimas horas e o histórico de cada ponto da cidade orientam melhor do que a aparência da lâmina d’água.

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