Ventos fortes, sirenes e trânsito travado assustaram moradores na tarde chuvosa de Brasília, testando nervos e prudência de quem estava nas ruas.
Na Asa Norte, por volta de 16h30 desta quarta (5), uma árvore arrancada pela rajada derrubou um poste que seguia energizado e atingiu um carro em movimento. A motorista, uma advogada de 41 anos, não sofreu ferimentos e o airbag não abriu. Orientada pelo Corpo de Bombeiros, ela permaneceu dentro do veículo até a chegada de técnicos para cortar a corrente elétrica.
Temporal derruba árvore e poste na Asa Norte
A chuva veio acompanhada de vento forte e arrancou a árvore quase pela raiz. A queda arrastou o poste de energia, que tombou sobre o automóvel quando a condutora se dirigia ao mercado. O risco de choque impediu qualquer tentativa de saída rápida.
Bombeiros isolaram a área, afastaram curiosos e recomendaram distância do local. A condutora manteve a calma, desligou o motor e esperou pelo desligamento da rede pela concessionária. O protocolo salvou vidas e evitou um acidente elétrico.
Ficar dentro do carro, com portas fechadas e sem tocar na parte externa, reduz o risco de choque sob fios energizados.
Segundo os militares, a estrutura do veículo não sofreu danos críticos de cabine. O airbag não foi acionado porque o impacto não atendeu aos critérios de disparo, comuns em colisões frontais ou laterais severas. Sem faíscas ou princípio de incêndio, a estratégia mais segura foi aguardar a equipe técnica.
Por que o carro protege: a tal gaiola de Faraday
Carros modernos funcionam como uma “gaiola de Faraday”. Em um contato com eletricidade, a corrente tende a percorrer o exterior metálico e o caminho de menor resistência até o solo. Dentro, as pessoas ficam menos expostas ao potencial elétrico.
A carroceria conduz a carga por fora e dissipa a energia no solo. A proteção se perde ao tocar a lataria, o chão ou cabos.
Essa proteção não é total. Se houver fogo, fumaça intensa ou risco estrutural, sair pode virar a única opção. Mesmo assim, a saída exige técnica para evitar a chamada “diferença de potencial” entre os pés e o terreno energizado.
O que fazer se fios caírem sobre o seu carro
- Pare o veículo com calma, desligue o motor e acione o freio de estacionamento.
- Não toque na parte externa do carro, na lataria, em portas ou no teto.
- Feche vidros, evite usar água e mantenha todos dentro do veículo.
- Ligue para o 193 (Bombeiros) e para a concessionária de energia local.
- Avise pessoas por perto para que se afastem de cabos e poças.
Quando sair vira a única saída
Se houver fumaça, fogo ou outro risco imediato e o socorro não puder chegar a tempo, é possível fazer uma saída de emergência. O objetivo é romper o contato com o veículo e o chão ao mesmo tempo e diminuir a diferença de potencial.
- Abra a porta sem encostar na parte externa metálica.
- Pule para fora, com os pés juntos, sem tocar o carro e o solo ao mesmo tempo.
- Se afaste dando pulos curtos, com os pés unidos, por pelo menos 10 metros.
| Situação | Ação imediata |
|---|---|
| Cabo caído sobre o carro, sem fumaça | Permaneça dentro, chame Bombeiros e concessionária |
| Fumaça ou cheiro de queimado | Prepare saída de emergência com salto de pés juntos |
| Poças tocando o carro ou o cabo | Não saia; alerte pedestres para se afastarem |
| Parte da cabine deformada | Evite tocar metal exposto; aguarde resgate orientado |
Nunca aproxime o corpo de cabos rompidos. A eletricidade pode viajar pelo solo, pela água e por superfícies úmidas.
Como temporais desse tipo afetam Brasília
O período de transição para as chuvas no Centro-Oeste traz nuvens carregadas, rajadas de vento e descargas atmosféricas. Árvores fragilizadas acabam cedendo em solo encharcado. Postes, fiações e semáforos viram alvos fáceis. Bairros com muitos canteiros e vias largas, como a Asa Norte, costumam sentir impactos no trânsito e na rede elétrica.
Nessas horas, o telefone de emergência enche, o tráfego reduz e cruzamentos ficam mais lentos. Comerciantes baixam portas rapidamente para evitar dano por água. Em áreas residenciais, quedas de energia interrompem elevadores e portões eletrônicos. O reforço de equipes da concessionária e dos Bombeiros costuma acelerar o restabelecimento, mas os reparos dependem da segurança no local.
Prevenção começa na calçada e no volante
- Evite estacionar sob árvores altas, placas e postes em dias de vento.
- Revise palhetas do limpador, pneus e freios antes da temporada de chuva.
- Mantenha o celular carregado e uma lanterna no carro.
- Prefira rotas com boa drenagem e iluminação.
- Relate árvores inclinadas ou raízes expostas aos canais da prefeitura.
A cena da motorista presa dentro do carro chamou atenção, mas o procedimento seguiu o manual de segurança elétrica. Ficar dentro, ligar para os serviços, esperar o corte de energia e só então sair. Em situações com fio energizado, atos instintivos como correr para fora agravam o risco.
Para quem dirige no DF, vale entender dois conceitos que mudam a atitude no asfalto: a “gaiola de Faraday”, que explica a proteção relativa no interior do carro, e o “passo elétrico”, que mostra por que sair de qualquer jeito pode causar descarga. Saber identificar faíscas, ouvir estalos e reconhecer água tocando cabos ajuda a decidir rápido e melhor.
Se o temporal te pegar hoje, pense no básico: reduzir velocidade, manter distância de árvores e estruturas, e estacionar em local aberto e seguro. Ao ver fios no chão, aumente o raio de isolamento, sinalize com faróis e chame socorro. Com esses cuidados, você reduz danos e atravessa a temporada de chuva com mais segurança.


