Após temporal intenso, uma obra sobre o Rio Tietê virou motivo de apreensão para moradores e trabalhadores nas duas margens.
Equipes passaram dias vasculhando o rio, enquanto a rotina na SP-333 mudou e o canteiro de obras virou ponto de atenção permanente.
O que aconteceu
Um trabalhador de 24 anos caiu no Rio Tietê durante as obras de construção de uma ponte que integra a duplicação da Rodovia Prefeito Américo Augusto Pereira (SP-333). A queda ocorreu após uma estrutura metálica, com cerca de 120 metros, ceder sob forte chuva na quarta-feira (24). Outro funcionário também caiu e equipes o retiraram da água com o apoio de um bote. Ele recebeu atendimento médico e teve alta.
Na manhã de sábado (1º), equipes localizaram o corpo na prainha de Pongaí, a aproximadamente cinco quilômetros do ponto do acidente. A polícia técnica foi acionada e vai detalhar as circunstâncias da morte. As autoridades ainda não divulgaram a identidade do trabalhador.
O corpo foi encontrado cinco quilômetros abaixo do ponto de ruptura, na prainha de Pongaí, após dias de buscas contínuas.
Onde a obra acontece e por que preocupa
A ponte liga Pongaí a Novo Horizonte, no interior de São Paulo, e integra um trecho estratégico da SP-333. Com quase 2,5 quilômetros de extensão, a estrutura é considerada a maior ponte em construção no estado. A frente de obra atravessa um trecho largo do Tietê, sujeito a variações rápidas de correnteza após tempestades.
Temporal e estrutura metálica
Relatos colhidos no local indicam que a chuva intensa danificou a estrutura provisória usada no avanço das frentes de serviço. Em situações assim, a força da água pode deslocar peças, desalojar andaimes e comprometer pontos de ancoragem, especialmente quando há material metálico exposto a ventos fortes.
Chuva forte, estrutura provisória e correnteza formaram um quadro de risco que exige resposta rápida e protocolos bem testados.
Como as buscas aconteceram
Depois da queda, equipes de resgate percorreram o rio com embarcações, observando margens, remansos e pontos de depósito natural de detritos. A dinâmica do Tietê naquele trecho favorece o arraste de objetos por alguns quilômetros até áreas rasas próximas a praias fluviais, como a de Pongaí.
Resgate por bote e atendimento
O colega de equipe que também caiu foi resgatado por um bote que atuava no apoio às frentes de serviço. Ele passou por avaliação em unidade de saúde e recebeu alta. O procedimento de resgate rápido com embarcação reduz o tempo de exposição à água e evita hipotermia.
Histórico recente de acidentes
Este é o segundo registro grave nas obras em menos de um mês. No dia 6, o trabalhador Daniel Cordeiro Barbosa, de 44 anos, caiu na água e morreu. O corpo foi localizado no dia seguinte. As circunstâncias daquele episódio seguem sob apuração.
- 6 (mês anterior): queda de trabalhador e morte confirmada no dia seguinte;
- 24 (quarta-feira): forte chuva e colapso de estrutura metálica provisória;
- 1º (sábado): corpo do jovem de 24 anos encontrado a 5 km, em Pongaí.
Posicionamento da construtora e próximos passos
A construtora responsável afirma que cumpre normas técnicas e protocolos de segurança, lamenta o ocorrido e presta suporte à família. O inquérito policial deve ouvir trabalhadores, apurar se houve falha de procedimento e verificar se a meteorologia acionou alertas suficientes antes da frente de serviço entrar em área exposta.
| Fato | Detalhe |
|---|---|
| Local | Ponte entre Pongaí e Novo Horizonte, sobre o Rio Tietê (SP-333) |
| Extensão da ponte | Quase 2,5 km (a maior em construção no estado) |
| Estrutura afetada | Módulo metálico provisório de cerca de 120 m |
| Vítimas | Dois trabalhadores caíram; um resgatado com vida; um encontrado morto |
| Distância do achado | Aproximadamente 5 km do ponto de queda |
Impactos para motoristas e moradores
Motoristas que dependem da SP-333 já percebem alterações de rota e lentidão em horários de pico. Há trechos com sinalização adicional e controle de maquinário próximo à água. Para quem vive às margens, as operações de resgate aumentaram o fluxo de barcos e veículos de apoio, especialmente nos acessos à prainha de Pongaí.
Segurança em obras com rio cheio
Em períodos de chuva, o planejamento precisa considerar níveis do rio, velocidade da correnteza e rajadas de vento. Um procedimento frequente é suspender atividades expostas quando a previsão aponta tempestade com descargas elétricas e rajadas acima de patamares definidos no Plano de Resposta a Emergências.
Previsão de temporal, nível do rio e vento devem travar operações de risco antes do primeiro trovão.
Normas e práticas que salvam vidas
As Normas Regulamentadoras NR-18 (condições de trabalho na construção) e NR-35 (trabalho em altura) listam medidas que reduzem drasticamente a chance de queda e afogamento. Em canteiros sobre rios, especialistas recomendam reforços adicionais.
- Planejamento diário com checagem meteorológica e níveis do rio;
- Linhas de vida contínuas e pontos de ancoragem certificados;
- Coletes salva-vidas com luz estroboscópica e apito para toda frente exposta;
- Barco de resgate dedicado, com piloto treinado e rota livre de obstáculos;
- Exercícios mensais de retirada de vítima da água em menos de 5 minutos;
- Pórticos e passarelas provisórias com cabos-guia redundantes;
- Interdição imediata diante de rajadas acima do limite definido no plano de risco.
Por que chuvas fortes mudam o risco estrutural
A água que sobe repentinamente aumenta o empuxo sob plataformas e desafoga marolas que batem em ângulos novos, forçando juntas e ancoragens. O vento, por sua vez, vibra elementos metálicos longos e pode deslocar cargas. Esse conjunto de fatores transforma trechos seguros em pontos instáveis em poucos minutos.
Um cálculo de risco simples, aplicado no canteiro, combina probabilidade de chuva severa, velocidade de correnteza e tipo de tarefa. Quando o índice ultrapassa o limiar, a equipe suspende a atividade, desloca trabalhadores para áreas protegidas e reconfigura o cronograma.
O que muda para o leitor
Para quem dirige pela SP-333, vale checar itinerários alternativos, programar paradas e respeitar sinalizações temporárias. Para quem trabalha em frentes próximas à água, a atenção recai sobre a checagem de EPIs e o direito de recusar tarefas em condições inseguras, previsto na legislação trabalhista.
Em casa, você pode monitorar boletins meteorológicos antes de cruzar pontes em obras e evitar áreas de apoio a resgates, liberando o acesso para equipes. Em empresas, vale reforçar treinamentos, recertificar ancoragens e testar o tempo real de resposta do bote de salvamento. Esses passos diminuem riscos e preservam vidas quando a chuva chega sem pedir licença.


