Corredor Sabará cancelado: você perde rapidez ou ganha sossego? 37 paradas já foram refeitas

Corredor Sabará cancelado: você perde rapidez ou ganha sossego? 37 paradas já foram refeitas

Decisões no eixo sul mexem com rotinas e expectativas. Passageiros do Sabará observam ajustes na via e nas paradas de ônibus.

A mudança de rota no planejamento municipal não apaga a relevância do trajeto Sabará–Miguel Yunes. A faixa exclusiva segue em operação, com obras entregues em 2024 e promessas de melhorias operacionais.

O que a prefeitura mudou

A Prefeitura de São Paulo revogou o decreto que permitia desapropriações para construir o Corredor de Ônibus Sabará na zona sul. O novo decreto, de 31 de outubro de 2025, encerra a possibilidade de abrir espaço para um corredor estrutural com faixa central e paradas duplas. A gestão afirma que a decisão nasce da revisão do plano tático de mobilidade e da redefinição de prioridades para o eixo sul.

Decreto nº 64.674/2025 revoga o nº 61.528/2022 e devolve aos proprietários o status original dos imóveis em Santo Amaro, Campo Grande e Pedreira.

Na prática, o projeto original não seguirá adiante. Em seu lugar, a cidade aposta na requalificação da faixa exclusiva já existente, com intervenções pontuais para melhorar a operação dos ônibus e o conforto dos passageiros.

O que fica de pé no Sabará

A Avenida Nossa Senhora do Sabará mantém a faixa exclusiva para ônibus. Em 2024, a via recebeu investimentos para reforçar a operação:

  • Requalificação de 37 paradas com novo padrão de plataforma;
  • Troca do pavimento flexível por pavimento rígido em trechos de maior esforço;
  • Alteamento e requalificação de calçadas, ampliando acessibilidade e segurança no embarque.

Faixa exclusiva requalificada, 37 paradas modernizadas e calçadas elevadas sustentam a prioridade ao transporte coletivo sem desapropriações.

Como era o corredor e como fica agora

O desenho antigo previa um corredor segregado com porta à direita, 6,9 km de extensão e dez paradas duplas, além de ciclovia e adequações geométricas. O eixo passaria por Rua Borba Gato, Rua Isabel Schmidt, Avenida Nossa Senhora do Sabará, Avenida Emérito Richter e Rua Miguel Yunes, com conexão prevista ao futuro Terminal Pedreira do sistema Aquático na Billings.

Aspecto Projeto original Cenário atual
Tipo de infraestrutura Corredor central segregado, paradas duplas Faixa exclusiva à direita requalificada
Desapropriações Previstas em diversos trechos Descartadas com a revogação do decreto
Extensão de referência 6,9 km com padrão de corredor Trechos operando com faixa exclusiva
Pavimento Pavimento rígido ao longo do corredor Pavimento rígido em segmentos críticos já implantados
Integração futura Ligação ao Terminal Pedreira do Aquático Integração hidroviária sem data definida

Impactos para moradores e passageiros

O fim das desapropriações reduz o conflito com frentes comerciais e residências. A requalificação das paradas melhora o embarque, reduz quedas e diminui o tempo de abertura de portas. O pavimento rígido suporta melhor a carga dos ônibus, com menos afundamentos e menos manutenção.

Do ponto de vista operacional, a faixa exclusiva depende de fiscalização constante para manter carros fora do espaço do ônibus. Sem isso, a velocidade cai e as viagens ficam irregulares. Corredores centrais tendem a ser menos suscetíveis a invasões, mas exigem obras pesadas e orçamentos maiores.

Velocidade, acessibilidade e segurança

Com paradas requalificadas e calçadas mais altas, passageiros com mobilidade reduzida embarcam com menos barreiras. O novo pavimento reduz vibração e melhora a estabilidade do ônibus. A segurança viária cresce quando o ponto de parada é visível e iluminado.

Em termos de tempo, um ganho de poucos quilômetros por hora pode transformar a rotina. Veja um exercício simples para o eixo de 6,9 km:

  • Velocidade média de 14 km/h: cerca de 30 minutos de viagem;
  • Velocidade média de 18 km/h: aproximadamente 23 minutos;
  • Velocidade média de 20 km/h: por volta de 21 minutos.

Esses números indicam como fiscalização e ajustes semafóricos pesam tanto quanto obras complexas. Prioridade semafórica, pontos de ultrapassagem em trechos críticos e operação em linha com a demanda do pico podem gerar resultado consistente.

O que muda na prática a partir de agora

  • Imóveis deixam de estar sujeitos a desapropriação e voltam ao status original;
  • Projetos de corredor central não avançam no Sabará neste ciclo de planejamento;
  • Faixa exclusiva permanece e pode receber reforços operacionais;
  • Obras concluídas em 2024 seguem como base do serviço;
  • SPTrans reorienta prioridades do eixo sul no plano tático de mobilidade.

E o contrato de projetos, como fica

Em 2023, a administração contratou a elaboração de projetos para o corredor Sabará por R$ 4.212.126,05. O movimento atual desloca o foco do investimento. Estudos e projetos podem ser aproveitados em futuros trechos, readequados para soluções de menor impacto ou arquivados, conforme a nova estratégia para a zona sul.

Conexões com o sistema Aquático

O corredor Sabará era avaliado como peça de ligação ao futuro Terminal Pedreira, parte do desenho hidroviário da Billings. A retirada das desapropriações adia uma espinha dorsal de alta capacidade no eixo, mas não impede soluções de integração por etapas. Linhas alimentadoras, ajustes de itinerário e paradas de transferência podem manter a ideia viva até que haja decisão sobre terminais e atracadouros.

O que observar nos próximos meses

  • Fiscalização eletrônica e presencial na faixa exclusiva do Sabará;
  • Ajustes semafóricos para priorizar ônibus nos cruzamentos mais lentos;
  • Criação de áreas de ultrapassagem onde a faixa fica congestionada;
  • Qualidade da pavimentação nos pontos de parada com maior fluxo;
  • Estudos de demanda para reforço de oferta nos horários de pico.

O que essa escolha sinaliza para São Paulo

A decisão revela preferência por intervenções mais rápidas e menos litigiosas. Sem desapropriações, o cronograma encurta e os custos iniciais caem. Em contrapartida, a cidade abre mão, por ora, de um corredor com potencial de maior regularidade e capacidade. O equilíbrio entre custo de implantação e ganho operacional volta ao centro do debate.

Para o usuário, a diferença vem do cotidiano. Se a faixa exclusiva permanecer livre, com ônibus frequentes e paradas funcionais, o ganho de tempo aparece. Se a invasão por carros crescer, o serviço perde tração. O resultado depende de gestão ativa e de pequenos ajustes em cadeia.

Dicas práticas para quem usa o eixo Sabará–Miguel Yunes

  • Antecipe o embarque em paradas requalificadas para aproveitar melhor o nivelamento das calçadas;
  • Prefira linhas com menores tempos de espera no pico e verifique lotação no ponto seguinte quando possível;
  • Observe mudanças de sinalização e novas baias de parada, que indicam melhorias operacionais em teste;
  • Registre falhas recorrentes no atendimento. Relatos ajudam a orientar a operação.

Para além do Sabará: onde a cidade pode ganhar velocidade

Corredor central e faixa exclusiva não são soluções excludentes. Em eixos com alta demanda e espaço viário, corredores segregados entregam regularidade e menor interferência. Em vias com restrição física e pressão imobiliária, faixas exclusivas com forte fiscalização e prioridade semafórica entregam ganhos a custos menores.

Um caminho híbrido combina medidas de baixa complexidade, como controle de invasão, com intervenções cirúrgicas, como bolsões de ultrapassagem e plataformas amplas nos pontos mais carregados. Isso reduz atrasos no embarque, melhora giro de frota e devolve minutos preciosos ao seu dia.

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