A semana virou teste de nervos no Santos. A equipe precisa reagir rápido, ajustar a estratégia e administrar a volta de Neymar.
Depois da derrota no Allianz Parque, Juan Pablo Vojvoda saiu com uma certeza e uma dúvida. A certeza: a equipe se defendeu melhor com uma linha de cinco. A dúvida: como encaixar Neymar no desenho que resistiu bem, mas produziu pouco no ataque.
Derrota no Allianz e o plano que mudou
O jogo no Allianz expôs fragilidades com a bola, mas mostrou um comportamento coletivo mais sólido sem ela. Vojvoda, conhecido por evitar uma linha de cinco fixa, redesenhou o sistema. Transformou o volante William Arão em peça elástica: ora defensor, ora meio-campista. A equipe baixou o bloco, protegeu a área e fechou cruzamentos.
Vojvoda aprovou a linha de cinco e indicou que pode repeti-la no Maracanã, em um jogo de alto impacto.
O ajuste veio do repertório do técnico, que no Fortaleza preferia um lateral subindo ao combate e um ala recuando para formar a linha de quatro. No Allianz, ele trocou a convicção por uma necessidade: frear o rival com amplitude e força pelo lado. Funcionou em parte. O Santos sofreu menos em transições, mas faltou presença no último terço.
Neymar volta e transforma três jogos em “finais”
Neymar não atuou no Allianz por desconforto no sintético. A decisão contrariou uma fala antiga, de agosto, de que não jogaria lá; ainda assim, ele havia entrado em campo na Arena MRV, em setembro. Agora, o roteiro muda. Em dez dias, o Santos encara Flamengo (Maracanã), Palmeiras (Vila Belmiro) e Mirassol (Vila Belmiro). Três partidas com clima de decisão, presença do camisa 10 e pouco tempo para ajustes.
Em dez dias, o Santos encara Flamengo, Palmeiras e Mirassol com Neymar de volta e pressão por pontos.
Sequência dura e sem margem para erro
- Flamengo no Maracanã: duelo intenso, alto volume ofensivo do rival e estádio lotado.
- Palmeiras na Vila Belmiro: confronto direto com gramado natural e atmosfera hostil ao visitante.
- Mirassol na Vila: jogo traiçoeiro contra equipe organizada, em meio ao desgaste físico e mental.
Como encaixar Neymar sem perder consistência
A tendência indica Neymar como centroavante móvel. Ele ataca o espaço, sai da área para tabelas curtas e puxa marcação. Isso mantém a plataforma defensiva com cinco atrás e quatro no meio, sem esvaziar a referência à frente. Outra via leva Neymar a um papel de meia avançado, com um nove de ofício fixando os zagueiros. O risco: abrir o corredor central em perdas de bola e alongar o time.
O cenário mais provável coloca Neymar como 9 móvel, com dois pontas ágeis e um meio-campo combativo para sustentar a pressão.
Detalhes de execução que podem decidir
Com Neymar de 9, Vojvoda precisa de pontas que ataquem o segundo pau e ajudem a recompor. A primeira linha de pressão começa com o próprio Neymar: ele indica o lado do disparo, força o passe para a lateral e aciona a armadilha no corredor. Sem a bola, o 5-4-1 fecha o funil; com a bola, o time pode virar 3-2-5, liberando um ala para cruzamentos rasantes.
Bolas paradas entram no plano. Neymar atrai atenção no escanteio curto, abre o corredor para a batida no segundo poste e cria o rebote na meia-lua. Faltas frontais viram ameaça direta, mas também pedem variações: toques curtos, chutes por baixo da barreira e infiltração tardia de um volante.
Gestão física e decisões de minutagem
Três jogos em dez dias cobram escolhas racionais. A comissão pode definir minutagens-alvo para Neymar, com faixas de 60 a 75 minutos conforme a exigência do jogo. Entradas planejadas no segundo tempo, especialmente na Vila, ampliam a chance de impacto com o adversário mais desgastado. Treinos reduzidos, ativação pré-jogo e recuperação ativa pós-partida protegem o atleta e mantêm explosão.
| Jogo | Local | Gramado | Tendência tática | Papel de Neymar |
|---|---|---|---|---|
| Flamengo | Maracanã | Natural | 5-4-1 sem bola; 3-2-5 com bola | 9 móvel, atraindo zagueiros |
| Palmeiras | Vila Belmiro | Natural | Pressão direcionada e ataques pelos lados | Falso 9 com aproximação dos pontas |
| Mirassol | Vila Belmiro | Natural | Posse paciente e bolas paradas | Referência técnica, finalização e último passe |
Os dilemas de Vojvoda do meio para frente
O treinador avalia quem sai para Neymar entrar. Um atacante de lado mais vertical pode ganhar espaço para alongar a defesa adversária. Um meia de condução perde minutos se o time optar por transição curta e velocidade no corredor. Há um ponto de equilíbrio: manter um volante com passada longa para cobrir a faixa de Neymar quando ele recua e, ao mesmo tempo, garantir chegada à área.
William Arão segue vital. Ele fecha como quinto zagueiro para defender a área e sobe para o meio quando o time precisa respirar. Esse vaivém permite que os laterais escolham a hora de passar, sem expor a linha. A leitura de jogo dele dita o ritmo do bloco e evita buracos entre linhas.
O que o torcedor deve observar
- Primeira pressão: se Neymar aponta o lado e os pontas cercam, o bloco está coordenado.
- Distância entre linhas: mais de 12 metros abre espaço ao rival; menos que isso compacta o time.
- Transição ofensiva: três toques para finalizar após o desarme indicam eficácia.
Neymar não jogou no sintético do Allianz, mas volta agora para uma série em gramados naturais e exigência máxima de decisões.
Risco, recompensa e uma janela de oportunidade
Santos vive um curto intervalo para reacender confiança. Ponto fora de casa no Maracanã muda a maré. Vitória na Vila contra o Palmeiras relança a narrativa. Jogo controlado diante do Mirassol consolida a sequência. O time precisa calibrar coragem e proteção, sem diluir a presença de Neymar perto do gol.
Para além do momento, a sequência oferece aprendizado prático. A equipe treina mecanismos repetíveis: saída com três, pressão dirigida, ocupação da área com cinco homens. Esses comportamentos independem do adversário e blindam oscilações. Se Neymar operar como 9 móvel, o clube ganha duas armas cumulativas: a finalização interna e o passe de ruptura de quem enxerga um segundo antes.
Um último ponto tático merece atenção do torcedor: o uso de diagonais curtas entre lateral e ponta, com Neymar servindo como parede. Esse padrão reduz perdas perigosas, aproxima setores e atrai faltas frontais. Em uma série de “finais”, detalhes assim viram diferença concreta no placar.


