Dominguinhos em 2025: você sente falta do forró raiz? 7 provas de que a sanfona ainda guia o Brasil

Dominguinhos em 2025: você sente falta do forró raiz? 7 provas de que a sanfona ainda guia o Brasil

Entre memórias de São João e novas vozes no forró, a sanfona de Dominguinhos volta a provocar arrepio coletivo.

Nas ruas, nas rádios e nos palcos intimistas, cresce um coro que pede atenção ao legado do mestre pernambucano. A agenda de tributos se expande, regravações ganham força e jovens sanfoneiros buscam nas faixas clássicas um caminho para criar.

Quem foi Dominguinhos e por que sua sanfona ainda fala

José Domingos de Morais, nascido em Garanhuns, aprendeu cedo que música também é ofício. Tocou em feiras, em bailes, em toda oportunidade que surgia. A sanfona virou extensão do corpo. Com o apadrinhamento de Luiz Gonzaga, ganhou estrada, repertório e responsabilidade: carregar adiante a batida do baião sem perder a poesia do xote e a cadência do forró.

Do mercado de Garanhuns ao palco nacional

O menino tímido virou referência entre músicos. Parceiros o buscam por respeito e por desafio artístico. Seu improviso, quase sempre sem pirotecnia, ergue narrativas inteiras com poucas notas e muita intenção. Quando a sanfona respira, a plateia acompanha o fôlego.

Tradição com pé no chão e ouvido aberto: Dominguinhos conduziu o forró ao século 21 sem romper com a memória do sertão.

Tradição que conversa com jazz e bossa

Ao misturar acentos de jazz, harmonias de bossa e a malandragem do choro, o acordeão de Dominguinhos abriu passagem para arranjos modernos. O balanço da mão esquerda sustenta o terreiro. A mão direita ornamenta com delicadeza. Nada sobra. Nada falta. Esse equilíbrio permite que “Eu Só Quero um Xodó”, “De Volta pro Aconchego” e “Lamento Sertanejo” soem familiares e, ao mesmo tempo, sempre novas.

O momento: homenagens e regravações em 2025

A temporada de finais de ano empurra o repertório de Dominguinhos para o centro das programações culturais. Coletivos, rádios, casas de show e festivais criam palcos de encontro entre veteranos e novatos. Em mesas de debate, fala-se de memória e de futuro. Em shows-tributo, surgem leituras que aproximam a sanfona de guitarras, beats e vozes femininas potentes.

Quando a plateia canta junto um refrão de xote, o país se reconhece: o afeto vira política cultural que se pratica dançando.

O que o público vai ver nas próximas semanas

  • Releituras com vozes jovens do forró e da MPB, que resgatam letras afetivas sem perder o suingue.
  • Arranjos com acordeon dialogando com sopros, percussões afro-brasileiras e guitarras limpas.
  • Rodas de conversa sobre a trajetória do forró de raiz e sua força nas festas populares.
  • Oficinas gratuitas de sanfona e zabumba em centros culturais e escolas de música.

Sete motivos concretos para voltar a ouvir Dominguinhos hoje

  • Letras que curam: amor, saudade e recomeço em versos objetivos, fáceis de cantar e difíceis de esquecer.
  • Ritmo que acolhe: xote e baião convidam corpos de todas as idades, sem barreira de técnica.
  • Harmonia rica: acordes cheios de tensões suaves que casam com vozes masculinas e femininas.
  • Improviso acessível: ideias melódicas que cabem no repertório de iniciantes e brilham com músicos avançados.
  • Tradição viva: mantém símbolos do Nordeste sem folclorizar nem pasteurizar.
  • Repertório transversal: cabe em palco grande, em bar pequeno, em quadrilha de rua e em playlist de trabalho.
  • Ponte geracional: avós, pais e filhos compartilham as mesmas canções em climas diferentes.

Guia rápido: por onde começar

Para quem quer entrar no clima, vale uma sequência que equilibra romance, estrada e contemplação. Use fones, depois bote para tocar na sala e teste passos de xote.

  • “Eu Só Quero um Xodó” — parceria com Anastácia, refrão que gruda e abre caminho para o balanço.
  • “De Volta pro Aconchego” — composição com Nando Cordel imortalizada na voz de Elba Ramalho.
  • “Lamento Sertanejo” — tema com Gilberto Gil, mistura de doçura e melancolia.
  • “Abri a Porta” — jogo de chamada e resposta que pede sanfona conversando com a percussão.
  • “Tenho Sede” — poesia direta, perfeita para coro coletivo.

Linha do tempo essencial

Período Marco Por que importa
Anos 1950 Apadrinhamento por Luiz Gonzaga Cria base técnica e ética: tocar para as pessoas antes de tocar para si.
Anos 1970 Canções com Anastácia, Gilberto Gil e Nando Cordel Repertório ganha o país e rompe fronteiras regionais.
Anos 1980 Popularização em rádios e grandes palcos Forró passa a conviver com MPB nas grandes capitais.
Anos 2000 Turnês e gravações com fusões cuidadosas Renovação sem perder a espinha dorsal do baião.
2013 Despedida Legado se consolida em homenagens, estudos e novas gravações.

Para quem toca: lições práticas da sanfona de Dominguinhos

  • Baixaria firme na mão esquerda: sustente o baião com desenho simples e regular antes de ornamentar.
  • Frases curtas na mão direita: pense em fala. Dê espaço para o silêncio respirar.
  • Síncope com leveza: acentue fora do tempo sem travar o corpo de quem dança.
  • Dinâmica em ondas: cresça e recue como se a sanfona tivesse maré.
  • Improviso melódico: comece por variações do tema, depois avance para cromatismos discretos.
  • Escuta da zabumba e do triângulo: o trio dita o pulso; a sanfona não precisa ocupar tudo.

Três chaves para não errar: ouvir os mais velhos, tocar para a pista e respeitar a ousadia sem apagar a raiz.

O que está em jogo para o forró de agora

Quando o repertório de Dominguinhos volta às capas e aos palcos, nasce um debate concreto: como crescer sem virar caricatura. Programações juninas mostram um caminho possível. Mistura-se com cuidado, garante-se espaço para o trio tradicional e abre-se a roda para experimentos em horários estratégicos. O público percebe curadoria honesta e responde com presença.

Há também a pauta da formação. Projetos sociais e escolas de música ganham demanda por acordeon e percussões nordestinas. Professores relatam turmas cheias quando o repertório inclui baião e xote assinados por Dominguinhos. Isso cria cadeia produtiva: luthiers, técnicos de som, produtores e dançarinos entram no circuito.

Informações úteis para ampliar a escuta

Vale distinguir ritmos para aproveitar melhor os arranjos. No xote, o passo marcado em pares pede condução suave e refrões cantáveis. No baião, a zabumba empurra, o triângulo recorta e a sanfona precisa de articulação clara. O choro aparece como tempero de melodia sinuosa, não como centro. Esse mapa mental ajuda a montar playlists coerentes e sets com fluxo.

Quem deseja iniciar no acordeon pode testar uma rotina simples: quinze minutos diários de baixaria em duas velocidades, dez minutos de escala cantada acompanhando o metrônomo e cinco minutos dedicados a um trecho de canção de Dominguinhos. Em poucas semanas, o corpo começa a sentir o balanço, e a mão direita ganha clareza.

A força de Dominguinhos não mora no volume, mas no convite. A sanfona chama, o povo responde. E a história segue.

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