Dores nas articulações? 4 infiltrações para você: corticoide, ácido hialurônico e prazos reais

Dores nas articulações? 4 infiltrações para você: corticoide, ácido hialurônico e prazos reais

Quando a dor aperta, muita gente recebe uma injeção no joelho ou ombro sem saber o que está por trás.

Essas aplicações, chamadas de infiltrações, ganharam espaço porque aliviam a dor e colocam o corpo para se mover de novo. Nem toda infiltração faz a mesma coisa. Existem escolhas diferentes para momentos e objetivos distintos, do “apagar incêndio” ao cuidado de médio prazo.

O que são infiltrações e por que tanta gente recorre a elas

Infiltrações são injeções direcionadas a articulações, tendões ou bursas com substâncias que reduzem dor, controlam inflamação ou estimulam reparo tecidual. O médico decide com base no diagnóstico, na articulação envolvida, no grau de lesão e no objetivo do tratamento. O procedimento se aplica a joelhos, quadris, ombros, tornozelos, coluna e a estruturas como tendões e bursas.

Infiltração não é tudo igual. A escolha certa depende do momento da doença e de onde a dor nasce.

Quatro tipos, quatro objetivos

Corticoides: ação rápida para inflamação aguda

Corticoide age forte e rápido quando a crise inflamatória trava o movimento. Casos típicos incluem bursite no ombro, tendinite irritada e joelho artrósico muito inchado. A aplicação costuma acontecer em uma sessão. O alívio pode surgir em 24 a 48 horas. O efeito dura semanas ou poucos meses.

O médico pode repetir a dose após um intervalo, sempre com cautela. Repetições frequentes podem fragilizar tendões e cartilagens. Corticoide não regenera tecido. Ele corta o ciclo de inflamação e dor para permitir que a reabilitação avance.

Use corticoide para virar o jogo na crise. Evite uso repetido sem estratégia, porque o tecido sente.

Ácido hialurônico: viscossuplementação para artrose

O ácido hialurônico funciona como “óleo” da articulação. Na artrose, esse lubrificante natural perde qualidade. A viscossuplementação injeta uma versão purificada que melhora o deslizamento, absorve impacto, reduz irritação e incentiva a própria articulação a produzir mais ácido hialurônico.

  • Lubrificante: diminui o atrito entre as superfícies ósseas.
  • Amortecedor: ajuda a distribuir a carga e protege a cartilagem.
  • Antiinflamatório: reduz mediadores inflamatórios locais.
  • Estímulo biológico: favorece a produção local de ácido hialurônico.

O esquema pode ser de dose única ou em série de 3 a 5 injeções semanais. A série entrega o efeito de forma gradual. A escolha depende da articulação, do grau de desgaste e do produto. O desconforto inicial dura um a dois dias. O alívio aparece entre duas e quatro semanas e pode se manter por seis a doze meses.

Viscossuplementação se encaixa melhor fora da crise. O foco fica na função e na proteção da cartilagem.

Anestésicos locais: mapa da dor e quebra do ciclo

O anestésico entra com dois papéis. No diagnóstico, ele confirma a origem da dor quando o alívio surge após a aplicação em um ponto suspeito. No tratamento, ele interrompe o ciclo dor–espasmo–mais dor e libera o movimento, facilitando a fisioterapia. O efeito é imediato e dura poucas horas. Muitos médicos combinam anestésico com corticoide para unir alívio rápido e ação anti-inflamatória.

Anestésico mostra onde a dor nasce e dá janela para você se mexer sem travas e iniciar a reabilitação.

Terapias regenerativas: PRP e células-tronco

O PRP (plasma rico em plaquetas) vem do seu próprio sangue. Após centrifugação, o concentrado de plaquetas carrega fatores de crescimento que estimulam reparo de tendões, ligamentos e cartilagem. As células-tronco, geralmente colhidas da medula óssea ou do tecido adiposo, buscam regeneração mais robusta, especialmente em lesões de cartilagem e artrose leve a moderada.

Essas abordagens não costumam trazer alívio instantâneo. O benefício aparece ao longo de semanas a meses e se fortalece com fisioterapia e ajustes de carga. A seleção correta do caso faz diferença, e o campo ainda evolui em protocolos e indicações.

O que esperar da aplicação

  • Antes: alinhe diagnóstico, objetivo terapêutico e plano de reabilitação. Ajuste anticoagulantes conforme orientação do médico.
  • Durante: o profissional usa técnica estéril. Em algumas articulações, a ultrassonografia guia o ponto da injeção.
  • Depois: pode surgir peso ou dor leve por 12 a 48 horas. Gelo e repouso relativo nas primeiras 48 horas ajudam.
  • Retorno: recomece as atividades de baixo impacto de forma progressiva. Fisioterapia direcionada consolida o ganho da infiltração.

Quem deve considerar e quem deve adiar

Boa indicação: dor articular que limita o dia a dia, inflamação que não cede com medidas simples, artrose leve a moderada que piora com carga, tendinopatias crônicas que travam o movimento. Atletas e trabalhadores com sobrecarga repetitiva também se beneficiam quando o planejamento inclui reabilitação e ajuste de treino.

Adie ou reavalie: infecção ativa, ferida no local da aplicação, suspeita de artrite infecciosa, descompensação importante de diabetes (corticoide pode elevar glicemia), distúrbios de coagulação sem controle, alergia ao produto, gestação em contextos específicos. Quem usa anticoagulante precisa de avaliação individual.

Tabela rápida de comparação

Tipo Para que serve Início do alívio Duração típica Alerta
Corticoide Crise inflamatória e dor intensa 24–48 horas Semanas a poucos meses Evitar repetição frequente; não regenera
Ácido hialurônico Artrose fora da crise, melhora da função 2–4 semanas 6–12 meses Requer repouso relativo inicial
Anestésico local Diagnóstico e quebra do ciclo da dor Imediato Horas Alívio temporário; costuma ser combinado
PRP/células-tronco Estimular reparo de tendões e cartilagem Semanas Meses (depende do caso) Indicação criteriosa; protocolos em evolução

Perguntas que ajudam na consulta

  • Qual é a fonte principal da minha dor e como você confirmou isso?
  • Qual infiltração atende melhor meu objetivo agora?
  • Que resultados esperar e em quanto tempo?
  • Quais riscos específicos eu tenho com esta opção?
  • Como será o plano de fisioterapia após a aplicação?
  • Quando posso treinar, dirigir e voltar ao trabalho?

Dica extra para o dia a dia

A infiltração rende mais quando você ajusta a rotina. Atividades de baixo impacto como caminhada controlada, bicicleta ou hidro ajudam a nutrir a cartilagem. Fortalecimento de quadríceps e glúteos alivia o joelho e o quadril. Controle de peso reduz carga a cada passo. Calçados estáveis e descanso adequado reduzem recaídas. Em crises, gelo por 15 minutos, duas a três vezes ao dia, modera a irritação local.

Quem convive com dor crônica pode testar metas semanais simples: subir escadas apenas quando a dor permitir, fracionar tarefas domésticas, alternar posições a cada 45 minutos e registrar dor e ganho de movimento. Esse diário mostra ao médico a resposta real à infiltração e orienta ajustes no tratamento.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *