Entre o verde da Mata Atlântica e os trilhos históricos, um destino paranaense volta aos holofotes do turismo nacional neste ano.
No litoral do Paraná, Morretes combina rios de águas claras, pontes fotogênicas e casarios bem preservados. O apelido de “Veneza Brasileira” surgiu do desenho urbano cortado pelos rios Nhundiaquara e Marumbi, que contornam ruas, praças e pequenas ilhas. O cenário, somado à culinária de raízes litorâneas e ao trem que cruza a serra, reacende o interesse de quem busca um passeio completo em um único fim de semana.
Rios que dão ritmo à cidade
O Nhundiaquara atravessa o centro e dita a vida cotidiana. Suas margens reúnem moradores, feiras e cafés. Nas cheias, ele lembra que a natureza manda. Em dias calmos, a correnteza baixa revela pedras e refúgios para fotos discretas. As pontes conectam quarteirões e abrem ângulos para ver o casario de dois andares refletido na água.
Dois rios desenham o mapa de Morretes e criam paisagens que mudam com a luz, a maré do dia e as chuvas de verão.
O traçado urbano facilita caminhadas curtas. Ruas de paralelepípedo conduzem a capelas, praças sombreadas e ateliês. Quem gosta de arquitetura encontra portas altas, azulejos antigos e varandas com gradis de ferro fundido. Muitos imóveis guardam memórias do ciclo do ouro e do auge da erva-mate.
Um passado de ouro, erva-mate e aguardente
Fundada em 1733, Morretes cresceu com as rotas que ligavam o planalto ao litoral. O ouro passou, a erva-mate ganhou força e a aguardente criou prestígio regional. Esse vaivém comercial sustentou artesãos e comerciantes. Hoje, o centro histórico protege a escala humana do lugar e ajuda a manter fachadas e esquadrias fiéis ao período colonial.
Chegar faz parte da experiência
O trem que segue de Curitiba até Morretes virou atração por si. A composição cruza túneis, viadutos e curvas de serra em um percurso de cerca de 3 a 4 horas. O visual alterna mata densa, vales e paredões de rocha. Para quem prefere o asfalto, a BR-277 reduz o tempo e dá previsibilidade. Em dias sem chuva, a Estrada da Graciosa, quando liberada, oferece paradas em mirantes e vendas de produtos locais.
O passeio de trem transforma a descida da serra em viagem lenta, com janelas abertas para a Mata Atlântica remanescente.
- Trem: saídas diárias na alta temporada; valores variam conforme a classe do vagão e serviços inclusos.
- Carro: cerca de 65 km a partir de Curitiba; verifique condições da estrada e alertas de chuva.
- Ônibus: linhas intermunicipais ligam a capital à cidade com frequência ampliada nos fins de semana.
- Bicicleta: rota possível para ciclistas experientes, com subidas, descidas e clima instável.
Quanto custa a viagem
Os preços mudam conforme época do ano e demanda. O bilhete do trem costuma oscilar entre faixas econômicas e turísticas. Refeições com barreado aparecem no cardápio por valores médios entre R$ 60 e R$ 100 por pessoa, dependendo do serviço. Passeios guiados no parque cobram taxas de acesso ou contratação de condutor, quando necessário. Leve dinheiro em espécie para pequenas compras em feiras e quitandas.
Gastronomia que preserva tradições
O barreado virou rito local. A carne cozinha lentamente em panela de barro, vedada com massa de farinha, até desmanchar. Servido com banana, arroz e farofa, o prato sustenta bem caminhadas e tardes preguiçosas à beira do rio. Restaurantes do centro trabalham com porções fartas e atendem famílias, casais e grupos. Feiras culturais aos fins de semana reúnem bolachas caseiras, compotas, pimentas, cachaças e peças de artesanato em madeira e fibra.
Natureza ao redor, com trilhas e cachoeiras
O Parque Estadual Pico do Marumbi concentra trilhas sinalizadas, cascatas de água fria e paredes que atraem escaladores. Guias locais ajudam na leitura do tempo, no uso correto das vias e na definição do nível adequado para cada visitante. Em dias de chuva, o terreno fica escorregadio. Planeje paradas para hidratação e evite atalhos que aceleram a erosão.
Atividades para perfis diferentes
- Famílias: caminhada leve nas margens do rio, visita às praças e almoço com barreado.
- Aventureiros: trilhas no Marumbi, canionismo com operadores credenciados e escalada em vias clássicas.
- Observadores: fotografia de pássaros nas primeiras horas do dia e registros das fachadas coloniais no fim da tarde.
- Curiosos por cultura: ateliês, feiras de rua e apresentações musicais em datas festivas.
Roteiro rápido de um dia
Manhã: chegada de trem ou pela BR-277, passeio pelas pontes e pelo centro histórico. Meio-dia: almoço com barreado e sobremesas à base de banana. Tarde: visita a ateliês, banho de rio em área segura e café na beira d’água. Fim de tarde: fotos do casario com luz baixa e retorno à capital.
| Modal | Distância/tempo | Custo estimado | Observações |
|---|---|---|---|
| Trem | 3 a 4 horas | R$ 100 a R$ 300 por pessoa | Vagões com diferentes serviços; reserve com antecedência |
| Carro (BR-277) | ~65 km / 1h30 a 2h | Combustível e pedágio | Previsível em dias secos; atenção a obras |
| Estrada da Graciosa | Tempo semelhante, com paradas | Combustível | Trecho cênico; verifique liberações após chuvas |
| Ônibus | 2h a 2h30 | Tarifa intermunicipal | Mais econômico; horários reforçados no fim de semana |
Quando ir e o que levar
Meses mais secos reduzem o risco de enchentes e fechamentos de trilhas. Fins de semana concentram visitantes. Dias de semana oferecem ritmo mais tranquilo. Leve capa de chuva leve, repelente, protetor solar, calçado com boa aderência e garrafa de água. Use sacola retornável para o lixo e evite recipientes de vidro às margens do rio.
Segurança, cheias e preservação
Chuvas de verão elevam o nível do Nhundiaquara com rapidez. Evite áreas de banho após pancadas fortes. Siga orientações de guarda-parques e da Defesa Civil. Não estacione em pontos sujeitos a alagamento. Respeite a fauna, mantenha distância de ninhos e não alimente animais. Ao contratar atividades, procure profissionais com certificação e equipamentos revisados.
O que está por trás do apelido
O título de “Veneza Brasileira” aparece em campanhas locais por causa das pontes, dos canais naturais e do charme das margens. A comparação não é técnica. Ela funciona como convite para observar o papel da água na vida urbana. Em Morretes, a presença do rio molda hábitos, rotas e encontros. A memória do comércio fluvial ainda respira em armazéns e nos relatos de moradores mais antigos.
Informações que ampliam a experiência
Quem tem mais tempo consegue combinar Morretes com Antonina, a poucos quilômetros, para um circuito com música, cafés históricos e vista de baía. Cicloturistas podem percorrer trechos planos no entorno do centro e alongar o pedal até bairros rurais. Caiaques infláveis ganham espaço em dias de nível estável do rio, sempre com colete e acompanhamento.
Curiosos por gastronomia encontram variações do barreado, com cortes diferentes e guarnições regionais. Alguns restaurantes trabalham com receitas autorais que respeitam o método tradicional da panela vedada. Para crianças, há versões com porções menores e opções sem glúten. Quem prefere refeições rápidas encontra sanduíches de pernil, pastéis e bolinhos de peixe em barracas de rua.


