Estilo « coastal grandmother » na primavera? Veja como adotar sem exageros

O estilo “coastal grandmother” parece ter nascido para o verão, só que a primavera pede um toque mais leve, com menos fantasia e mais vida real. Como trazer a brisa das casas à beira-mar para a rua, o escritório, a padaria? E como fugir do uniforme de praia fora de hora?

Num domingo de manhã, o céu ainda lavado pela chuva da madrugada, vi uma mulher cruzar a praça com uma camisa de linho creme meio amassada, short jeans impecável e sandálias minimalistas. Trazia uma sacola de feira com ramos de manjericão apontando para fora, e um suéter de tricô fino jogado nos ombros, como quem não pensou muito e, ainda assim, acertou tudo. Não era uma fantasia de “avó chique da costa”, era apenas alguém confortável dentro da própria pele, filtrando a estética para o clima da cidade e a temperatura das nove da manhã. E é aí que a coisa funciona: quando parece parte do seu dia e não do Pinterest. E nem estava na praia.

Coastal grandmother na vida real: frescor sem caricatura

O coração do visual está nas texturas naturais, na silhueta que respira e numa paleta que conversa com a luz suave da primavera. Cores de concha, areia úmida, margaridas no jardim: off-white, bege quente, azul marinho e um toque de verde sálvia dão o tom sem roubar a cena. O efeito é de descanso visual, como abrir a janela e deixar o vento levantar a cortina, só que em forma de roupa.

Pense na sua semana, não em uma casa em Hamptons. Uma amiga, a Lúcia, adotou a ideia trocando o blazer estruturado por um cardigan de algodão cru, mantendo a calça de alfaiataria de sempre e mudando apenas o mocassim por uma sandália de tiras. Saiu do trabalho para um café no fim da tarde e ninguém comentou “look temático”, só “você está radiante”. Todo mundo já viveu aquele momento em que uma mudança mínima altera o humor do dia inteiro.

Funciona porque a estética prioriza proporção e descanso: peças um pouco mais soltas, pele à mostra do jeito certo, nada colando no corpo ou pedindo licença. Escolha até três cores por look e brinque com pesos — linho mais seco com malha macia, palha com metal polido — para que o olho tenha onde pousar. É a prova prática de que menos é mais quando a primavera pede leveza sem perder estrutura.

Guia prático: peças, combinações e limites

Comece por uma peça âncora: camisa de linho clara, vestido midi camisaria ou calça reta de algodão. A partir dela, adicione um complemento funcional (cardigan fino, colete de tricô, lenço discreto) e finalize com um acessório de textura natural de medida certa, como cinto de couro macio ou bolsa de palha pequena. Às vezes, é só uma camisa de linho aberta e pronto. Materiais importam: priorize linho, algodão, tricô leve e evite brilhos muito frios que puxam o look para festa fora de contexto.

Os tropeços mais comuns vêm do excesso: palha de cima a baixo, pérolas em camadas, listras em tudo, como se fosse um figurino. Escolha apenas um signo “praiano” por combinação e deixe o resto resolver a vida com calma — se entrou palha, reduza nos colares; se tem listras, vá de calçado minimalista. Sejamos honestos: ninguém faz isso todo dia de verdade, então monte fórmulas simples que você repetiria sem pensar duas vezes.

Quando bater a dúvida, teste a regra do espelho a três passos: afaste, olhe o conjunto, confira se há um ponto de descanso e outro de interesse. Se parecer fantasia, remova um elemento chamativo ou troque por algo urbano (um tênis limpo, um relógio masculino, um jeans reto). E lembre: misture com o que você já tem, o estilo vive melhor no improviso do que na compra compulsiva.

“Elegância acontece quando a roupa deixa espaço para respirar.”

• Uma peça âncora neutra + um toque de textura (palha, tricô, couro macio).
• Até três cores por look, preferindo claros queimados e azuis profundos.
• Sandálias de tiras, mules ou tênis limpos mantêm o pé leve.
• Brilho controlado: metal polido pequeno, pérola única, nada em excesso.

Respire a estação: leveza que dura além do verão

Adotar o “coastal grandmother” na primavera não é encenar uma vida à beira-mar, é traduzir a sensação de brisa para uma rotina que passa pela fila do mercado, o e-mail das 14h e a mesa do bar no fim do dia. Quando as peças têm ar, a agenda também parece respirar, e essa calma visual contamina o jeito de andar, de sentar, de conversar. Trocas simples, como converter o preto da semana por um marinho profundo, ou elevar o jeans com uma camisa clara e um suéter leve, geram uma presença mais suave sem perder personalidade. A roupa vira cenário e não protagonista, e isso libera energia para o que realmente importa. Talvez seja esse o segredo mais silencioso da temporada: usar a estética como um lembrete de ritmo, não como um rótulo. E se você descobrisse que o seu armário já tem quase tudo?

FAQ :

• O estilo funciona para quem mora longe da praia?Sim. A ideia é sensorial: tecidos naturais, cores calmas e proporção confortável. Leve isso para a cidade com tênis limpo e bolsas menores.
• Posso usar estampas?Sim, listras finas e florais pequenos combinam bem. Use como ponto único de destaque e mantenha o resto neutro.
• Como adaptar para dias de trabalho?Troque a palha pela bolsa estruturada, inclua alfaiataria em algodão e sapatos fechados. O resultado segue leve, mas profissional.
• E para noites frescas de primavera?Some um cardigan de lã fina ou um trench leve sobre o vestido midi. Textura sobre textura, sem peso visual.
• Quais peças comprar primeiro?Camisa de linho off-white, sandália de tiras e cardigan neutro. O trio multiplica o que já existe no seu armário.