Assinantes acordaram sem acesso ao My Family Cinema. Reclamações disparam, operação internacional derruba apps e deixa reembolso em aberto.
Uma decisão da Justiça da Argentina tirou do ar o My Family Cinema e outros serviços de streaming irregulares. O site oficial desapareceu e os aplicativos deixaram de funcionar em celulares, smart TVs e TV boxes. Usuários no Brasil sentiram o impacto imediato, já que muitas TV boxes vendidas por aqui traziam o app pré-instalado.
O que aconteceu
A ordem judicial argentina derrubou o My Family Cinema no fim de semana. Relatos indicam que o site exibe erro e os apps sumiram das lojas oficiais. Na mesma ação, autoridades desativaram outros 29 serviços de streaming.
O My Family Cinema foi tirado do ar por ordem judicial na Argentina. Site e aplicativos estão indisponíveis.
O efeito cruzou a fronteira porque o aplicativo figurava com frequência em TV boxes irregulares no Brasil. A assinatura do serviço começava em R$ 19,99 ao mês, com promessa de títulos em Full HD, inclusive produções de marcas conhecidas como Netflix, Disney e Globo.
| Serviço | Status após 1º | Queixas no Brasil |
|---|---|---|
| My Family Cinema | Fora do ar (site e apps) | pelo menos 100 relatos recentes |
| Eppi Cinema | Fora do ar | cerca de 1.200 reclamações |
Consumidores cobram reembolso
As queixas se multiplicaram desde sábado (1º). Há relatos de consumidores com renovação ativa por mais de um ano. Um usuário de Goiânia afirma ter pago o acesso até agosto de 2026. Outro relata que comprou uma TV box com um ano incluído e usou apenas três meses.
Assinantes relatam gastos próximos de R$ 200 por ano e dizem não saber se vão recuperar o valor.
Também surgem queixas sobre a falta de suporte. Usuários tentam contato para reativar o login e não conseguem resposta. Registros públicos de reclamações indicam silêncio das empresas após a derrubada.
Anatel reacende o alerta sobre TV boxes irregulares
A Anatel informou que não participou diretamente da operação na Argentina, mas reforçou o discurso de combate à pirataria e à venda de aparelhos não homologados. A agência lembra que esses equipamentos podem afetar redes domésticas e causar danos a terceiros.
TV boxes piratas podem provocar interferências em aparelhos legítimos e abrir caminho para ataques como DDoS.
Riscos práticos para o usuário
- Interferência em roteadores, telefones sem fio e até sinais de Wi-Fi do vizinho.
- Exposição a malwares que roubam senhas e dados bancários.
- Uso do seu equipamento em botnets para ataques DDoS.
- Perda de garantia e ausência de suporte técnico do fabricante.
- Possível responsabilização por uso de produto irregular e recepção de conteúdo sem licença.
O que você pode fazer agora
Como tentar reaver valores
- Separe comprovantes: notas, prints de pagamento e termos de oferta. Isso fundamenta a reclamação.
- Conteste no emissor do cartão: justifique a interrupção do serviço contratado e a recusa de suporte.
- Acione o vendedor da TV box: se o pacote prometia acesso por 12 meses, cobre cumprimento ou devolução proporcional.
- Busque órgãos de defesa do consumidor: protocole a reclamação com todos os anexos e prazos da compra.
Se o app veio pré-instalado no aparelho
Quando a oferta de TV box inclui acesso a apps de conteúdo não licenciado, o varejista pode responder por oferta enganosa ou serviço impraticável. Leve a proposta anunciada e o comprovante de compra para exigir solução, troca ou devolução, conforme o Código de Defesa do Consumidor. Evite negociar por mensagens sem registro; priorize protocolos formais.
Cuidados imediatos de segurança digital
- Desligue a TV box suspeita e faça restauração de fábrica.
- Mude as senhas do Wi‑Fi e dos serviços conectados à TV.
- Atualize o firmware do roteador e ative a autenticação em dois fatores nas contas principais.
- Use antivírus no celular e no computador conectados à mesma rede.
Por que essa operação mexe com o Brasil
A derrubada partiu da Justiça argentina, mas atinge diretamente o consumo de streaming no Brasil porque uma fatia relevante das TV boxes vendidas de maneira informal sai de fábrica com esses apps. Quando o serviço cai em outro país, o dispositivo perde a funcionalidade prometida aqui. A Anatel afirma que seguirá em cooperação com órgãos locais e reguladores estrangeiros para reduzir a oferta irregular e proteger redes de telecomunicações.
Impacto no bolso e nas escolhas do usuário
Quem pagou mensalidade ou pacote anual fica no limbo. O valor típico de R$ 200 por ano parece baixo diante do catálogo, mas o risco jurídico e técnico vem embutido. O fechamento repentino corta o acesso e dificulta qualquer suporte. Essa volatilidade pesa na decisão entre apps irregulares e serviços oficiais.
Alternativas legais para reduzir custos
- Planos mobile e com anúncios diminuem o valor mensal de plataformas legais.
- Assinaturas por operadoras e combos com banda larga costumam oferecer descontos reais.
- Divisão de perfis entre familiares, quando permitido, ajuda a ratear despesas.
- Aluguel avulso de filmes evita mensalidades recorrentes quando o uso é esporádico.
Informações úteis para ampliar a visão do problema
Serviços irregulares costumam depender de servidores fora do país e de uma cadeia de revenda opaca. Essa arquitetura barateia o acesso, mas fragiliza o suporte e a estabilidade. Quando uma decisão judicial bloqueia os domínios ou atinge a infraestrutura, a retomada fica improvável. O resultado recai no consumidor, que continua pagando sem receber o conteúdo contratado.
Há também o efeito de rede: TV boxes modificadas muitas vezes vêm com portas abertas, atualizações desativadas e permissões amplas. Esses fatores transformam a casa do usuário em um ponto vulnerável. Um reset simples ajuda, mas não elimina todos os riscos se o aparelho permanecer sem homologação e sem patch de segurança contínuo.


