Girolando: você quer dobrar a eficiência no leite? pesquisa da UFMG e Embrapa revela 7 passos

Girolando: você quer dobrar a eficiência no leite? pesquisa da UFMG e Embrapa revela 7 passos

Uma aliança entre universidade e setor produtivo promete separar modismos de resultados reais na pecuária leiteira brasileira, com foco no Girolando.

O movimento ganha corpo em um estudo que pretende mapear, com dados de campo, o que diferencia as fazendas de leite que avançam das que patinam em custos e baixa produtividade. A expectativa é gerar recomendações práticas para quem está à frente do dia a dia do curral.

O que está por trás da nova pesquisa

No programa DBO Raças, o professor Fábio Toral, da Universidade Federal de Minas Gerais, detalhou a iniciativa que une UFMG, Embrapa Gado de Leite e a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. O grupo quer comparar realidades de propriedades em diferentes regiões, climas e níveis de tecnologia para entender o que, na prática, puxa a produtividade para cima.

O objetivo central é transformar dados de campo em decisões simples, replicáveis e de alto impacto para técnicos e produtores.

O projeto parte de uma base técnica clara: levantar indicadores, padronizar registros, validar estratégias no rebanho Girolando e, a partir daí, consolidar um guia com rotas confiáveis de melhoria. Nada de receitas mágicas. A proposta passa por medir, comparar e priorizar o que dá retorno sob condições reais de fazenda.

Por que isso importa para você, produtor

O preço do leite oscila, insumos apertam a margem e a mão de obra exige treinamento contínuo. Em meio a esse cenário, eficiência vira diferencial. A pesquisa mira justamente nos pontos que mais pesam no custo por litro e na produtividade por vaca, como manejo de pasto, conforto térmico, rotina de ordenha, sanidade e reprodução.

Quando a fazenda mede melhor, ela investe melhor. Sem indicador, a decisão vira chute. Com indicador, vira projeto.

Os 7 passos que tendem a separar as fazendas vencedoras

  • Calendário de dados simples: registrar produção por lote, consumo de concentrado, CCS/CBT, taxa de prenhez e descarte mensal.
  • Conforto térmico efetivo: sombra, ventilação e água limpa em volume suficiente, com atenção redobrada no pré-parto.
  • Ração bem dimensionada: ajuste de dieta por categoria, leitura diária de cocho e correção rápida de sobras.
  • Rotina de ordenha estável: pré e pós-dipping consistentes, vácuo aferido, manutenção preventiva e equipe afinada.
  • Reprodução com metas: diagnóstico precoce de gestação, protocolo reprodutivo definido e foco em reduzir dias abertos.
  • Genética direcionada: acasalamentos que combinem mérito leiteiro com rusticidade e saúde de úbere no Girolando.
  • Saúde preventiva: calendário sanitário atualizado, monitoramento de mastite subclínica e manejo de transição sem falhas.

O que as fazendas de ponta costumam fazer

Quem puxa a média do setor tende a somar pequenos ganhos que, juntos, mudam o resultado. Abaixo, um resumo que ajuda a priorizar frentes de ação:

Prática Resultado esperado
Leitura diária de cocho e ajuste de matéria seca Menos variação de produção e melhor conversão alimentar
Ventilação e aspersão no curral de espera Queda de estresse térmico, mais leite e melhor fertilidade
Diagnóstico reprodutivo a cada 28–35 dias Redução de dias abertos e partos mais distribuídos no ano

Indicadores que valem ouro

Alguns números falam alto sobre a saúde econômica da fazenda. A pesquisa deve reforçar métricas que orientam decisões do dia a dia:

  • Custo por litro segmentado por categoria e por lote.
  • Produção por vaca/dia, separando primíparas e multíparas.
  • Taxa de prenhez por período e por estação quente/fria.
  • CCS e CBT com plano de ação quando há desvio.
  • Idade ao primeiro parto e taxa de reposição planejada.

Sem rotina de registro, a fazenda não compara consigo mesma e perde a chance de corrigir rumo rapidamente.

Girolando no centro do mapa

O Girolando combina vigor do Gir com a produção do Holandês, o que o torna peça-chave no leite tropical. A pesquisa quer traduzir como essa genética responde a ajustes de manejo no calor, no cocho e na ordenha. O ganho esperado está na coerência entre genética, ambiente e dieta, evitando extremos que custam caro.

O material que nascer desse esforço tende a servir tanto para quem ordenha cem litros por dia quanto para quem já opera em milhares. A diferença estará em priorizar investimentos e organizar processos, sempre com retorno medido.

Como aplicar o que virá dos dados

Enquanto os resultados finais não chegam, dá para preparar a casa. Monte um painel simples em quadro branco ou planilha e acompanhe semanalmente três itens: produção por lote, taxa de prenhez do mês e CCS média dos tanques. Com o trio em mãos, fica mais fácil negociar com o laticínio, calibrar dieta e direcionar o veterinário.

Outra frente prática é treinar a equipe para uma ordenha repetível. Defina passo a passo, cronometre as etapas e faça checagens diárias. Menos variação na rotina significa menos variação no tanque. E variação custa.

Riscos e oportunidades na mesa

Risco clássico: aumentar oferta de concentrado sem medir resposta por vaca. A conta sobe e o ganho não aparece. Oportunidade frequente: corrigir manejo de transição para reduzir casos de hipocalcemia, cetose e metrite, o que derruba descarte involuntário e perdas invisíveis de leite.

Outra oportunidade mora nas bonificações por qualidade. Programas que pagam por menor CCS e CBT podem financiar melhorias em higiene, manutenção de equipamentos e treinamento. A pesquisa deve ajudar a priorizar quais investimentos retornam mais rápido em cada realidade regional.

Para se antecipar ao novo guia

Quem deseja largar na frente pode montar um “piloto” por 30 dias. Escolha um lote, padronize dieta, reforce conforto térmico e documente cada intervenção. Compare produção, saúde e reprodução com lotes-controle. Esse mini-experimento reduz o risco de decisões caras e forma cultura de melhoria contínua.

Também vale revisar critérios de acasalamento no Girolando. Alinhe objetivos do rebanho (litros, componentes, fertilidade, casco, temperamento) com DEP/EBV dos touros e metas de manejo. Genética coerente com o ambiente corta custos futuros e suaviza a curva de aprendizado da equipe.

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