Ruas esburacadas pesam no bolso do contribuinte. Fiscalização mira cargas pesadas e reacende debate sobre responsabilidade compartilhada.
A Prefeitura de Goiânia colocou nas ruas uma operação para identificar e coibir caminhões com peso acima do permitido. A meta é preservar o asfalto, reduzir buracos e cortar gastos com recapeamento que afetam toda a cidade.
Primeiro dia aponta onde a malha sofre
A primeira blitz aconteceu na Avenida 3ª Radial, no Setor Pedro Ludovico, na sexta-feira (31/10). Agentes da Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET) e da Guarda Civil Metropolitana (GCM) montaram um ponto de fiscalização voltado ao transporte de cargas. O foco recaiu sobre caminhões com indícios de sobrecarga, amarração inadequada e documentação vencida.
Em poucas horas, a equipe abordou 40 veículos. Desse total, 13 resultaram em autuações. Houve também a remoção de uma motocicleta com licenciamento vencido desde 2022. A ação mapeou padrões de risco e apontou faixas de tráfego onde o pavimento apresenta sinais de fadiga precoce.
40 abordagens, 13 autuações e uma moto removida: a ofensiva começou pela 3ª Radial e segue para novas áreas.
Como o excesso de carga destrói o pavimento
Quando o peso por eixo ultrapassa o limite, o asfalto passa a sofrer mais do que foi projetado para suportar. Surgem fissuras que se transformam em trincas, afundamentos em trilhas de roda e perda de aderência. Em dias de chuva, a água infiltra e acelera a ruptura das camadas inferiores.
Estudos técnicos mostram que o dano cresce de forma desproporcional à carga. Em termos práticos, um caminhão acima do limite pode equivaler a milhares de passagens de veículos leves. A conta explode no caixa público: a via dura menos, o recape chega mais cedo e o contribuinte paga duas vezes.
Um único caminhão acima do limite causa impacto similar ao de milhares de carros, abreviando a vida útil do asfalto.
Fiscalização semanal e pontos estratégicos
Segundo a SET, as ações com veículos de carga ocorrerão toda semana, com horários alternados e escolha de locais baseada em dados. O Centro de Controle Operacional (CCO) e o Centro Operacional de Trânsito (COT) indicam segmentos com alta circulação de caminhões, registros de acidentes e desgaste acelerado do pavimento.
Os agentes receberam capacitação específica em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O treinamento incluiu técnicas de abordagem, leitura de documentos de transporte, conferência de distribuição de peso e uso de equipamentos de medição. O objetivo é combinar padronização, precisão e segurança.
- Roteiros definidos por dados de tráfego e estado do pavimento.
- Horários rotativos para evitar que condutores burlem o controle.
- Conferência de peso, amarração e cobertura da carga.
- Checagem de licenciamento, notas fiscais e autorizações específicas.
- Retenção para transbordo quando a irregularidade impede circulação segura.
O que o motorista precisa fazer para não ser autuado
Empresas e caminhoneiros podem evitar multas com organização. O primeiro passo é respeitar o limite de peso bruto total e a carga por eixo previstos no documento do veículo. Distribuir o peso corretamente, ajustar suspensão e manter pneus calibrados ajuda a cumprir o limite por eixo. A amarração e a cobertura devem impedir deslocamento do material e queda na via.
Levar documentação atualizada reduz o tempo de parada: licenciamento em dia, notas fiscais, manifesto de carga e autorizações especiais quando a operação exige. Planejar a rota por vias adequadas ao transporte de carga também faz diferença, com atenção a trechos urbanos sensíveis e horários de pico.
| Irregularidade verificada | Medida aplicada |
|---|---|
| Excesso de peso por eixo ou total | Auto de infração, retenção para transbordo e liberação somente após regularização |
| Amarração ou cobertura inadequada | Notificação e adequação imediata antes de seguir viagem |
| Licenciamento vencido | Remoção do veículo ao pátio e custos de estadia |
Quanto custa infringir as regras
A infração por excesso de peso gera multa cujo valor cresce conforme a quantidade excedida e a distribuição por eixo. Em situações de grande sobrecarga, a soma pode alcançar cifras elevadas. Há custos indiretos que poucos colocam na ponta do lápis: parada forçada para transbordo, perda de prazo de entrega, imagem comprometida e desgaste acelerado do próprio caminhão.
Quando a irregularidade envolve documentação vencida, como licenciamento, o veículo não segue viagem. O recolhimento ao pátio acrescenta diária e guincho, além do tempo parado, que afeta a operação logística do embarcador e do transportador.
Impacto para quem vive na cidade
Para o morador, o efeito aparece no dia a dia. Buracos multiplicam manobras bruscas, derrubam a velocidade média dos ônibus e elevam o risco de quedas de motociclistas. O comércio perde com atrasos, e a manutenção emergencial de vias interfere no trânsito por horas.
Controlar a sobrecarga aumenta a durabilidade do pavimento e reduz a necessidade de recape. A cidade ganha regularidade no transporte coletivo, menor custo de manutenção viária e menos interrupções não planejadas. A economia local agradece quando a logística funciona dentro das regras.
O que vem pela frente
A prefeitura promete manter a rotina de blitz em diferentes corredores urbanos. A seleção de alvos vai combinar fluxo de caminhões, histórico de desgaste e denúncias registradas por canais oficiais. O plano inclui sinalização educativa em pontos de carga e descarga, com orientação para empresas e motoristas.
No curto prazo, a expectativa é aumentar o efeito dissuasório. No médio prazo, a redução de sobrecarga tende a alongar a vida do pavimento, liberando orçamento para obras estruturantes e não apenas para tapar buracos.
Informações úteis para transportadores
- Revise a distribuição de peso a cada carregamento, inclusive após trechos com vibração intensa.
- Cheque se o documento do veículo limita o peso por eixo diferente do peso bruto total.
- Mantenha cintas, correntes e lonas em bom estado e com capacidade compatível à carga.
- Estabeleça uma rotina de pesagem interna em pátio próprio ou parceiro antes de sair.
- Inclua no planejamento tempos de parada para fiscalização, sem pressionar o motorista a correr riscos.
Pistas para uma gestão eficiente da carga
Quem opera frota pode adotar controles simples e eficazes. Um checklist eletrônico por viagem reúne fotos da amarração, pesagens e conferência de documentos. O monitoramento por telemetria ajuda a detectar sobrecarga indireta, como excesso de temperatura em rolamentos ou consumo fora da curva. Ao cruzar essas informações com o histórico de rotas, a empresa identifica onde costuma ocorrer carregamento além do previsto e corrige o processo no embarcador.
Para o autônomo, vale simular a distribuição por eixo antes do carregamento. Posicionar pallets e big bags respeitando o entre-eixos reduz o risco de exceder o limite em um eixo específico, mesmo quando o peso total parece dentro da lei. Ajustar a altura da suspensão e a calibragem dos pneus após a balança também evita surpresa na fiscalização seguinte.
