Goianienses abrem o coração: você já provou pequi, mangaba, baru, murici e mama-cadela do Cerrado?

Goianienses abrem o coração: você já provou pequi, mangaba, baru, murici e mama-cadela do Cerrado?

Com a volta das chuvas, memórias antigas reaparecem em Goiânia. Quintais florescem, feiras lotam e sabores marcantes voltam à conversa.

A canção regional que virou trilha de gerações segue viva nas rádios, nos bares e nos encontros de família. Ela resgata o Cerrado que alimenta, emociona e movimenta a economia criativa. Nessa mesma batida, cinco frutas nativas seguem conquistando novas mesas e novos modos de preparo.

Música que virou identidade

“Frutos da Terra” ganhou a voz de Marcelo Barra e, com o tempo, virou sinônimo de pertencimento. A letra cita chuva, quintal e fruta madura. Esses elementos definem um modo de viver que ainda pulsa nos bairros de Goiânia. Jovens e avós cantam juntos. O refrão virou senha de memória afetiva e também de orgulho de bioma.

Quando a chuva de novembro cai, Goiás colhe biografia e alimento no mesmo cesto: sabor, história e biodiversidade.

Da vitrine das antigas manhãs de sábado às playlists atuais, a música mantém a ponte entre cidade e campo. Esse elo ajuda a sustentar a cadeia de pequenos produtores, o extrativismo responsável e a presença das frutas nativas no dia a dia.

Cinco frutas que mexem com o paladar e o Cerrado

Fruta Sabor e aroma Nutrientes de destaque Usos frequentes Safra aproximada
Pequi Intenso, untuoso, aroma marcante Vitaminas A e C, carotenoides, lipídios antioxidantes Arroz, óleo, farofa, molhos, conservas Novembro a fevereiro
Mangaba Doce-ácida, polpa amarela e cremosa Vitamina C, fibras, cálcio, ferro, compostos fenólicos Sorvetes, sucos, geleias, fermentados Setembro a janeiro
Baru (castanha) Tostado, lembra amendoim com amêndoa Proteínas, zinco, magnésio, cálcio, gorduras poli-insaturadas Farinha, granola, pastas, snacks, óleo Agosto a novembro
Murici Levemente lácteo e ácido, perfume forte Carotenoides, vitamina C, fibras, compostos antioxidantes Polpas, caldas, licores, iogurtes, cremes Outubro a janeiro
Mama-cadela Doce, polpa carnosa, suave adstringência Carotenoides, fibras, fitoquímicos com ação anti-inflamatória Doces, compotas, chutneys, xaropes Setembro a dezembro

Pequi

O pequi divide opiniões, mas entrega presença e nutrição. A polpa amarela concentra carotenoides que ajudam na saúde da pele e da visão. O óleo é rico em antioxidantes e rende preparos culinários e cosméticos. Pesquisas testam o uso do pequi em pó para receitas e aplicações funcionais. Cuidado ao comer: não roa o caroço, que tem espinhos microscópicos.

Mangaba

A mangabeira gosta de sol e solo bem drenado. A fruta nasce com casca frágil e aroma doce-ácido. A vitamina C aparece em boa quantidade, junto de fibras e minerais. A polpa vira gelato, sagu, calda para queijos e refrescos. Colha madura, com casca levemente rendilhada e toque macio.

Baru

A castanha de baru chega da árvore grande que também ajuda na recomposição de áreas. Ela carrega proteínas, gorduras boas e minerais importantes para ossos e músculos. Vai bem tostada, em farinhas ou como pasta para lanches. Vegetarianos e veganos usam o baru para elevar o teor proteico de pratos simples.

Murici

O murici tem sabor único e aroma que perfume a cozinha. A polpa traz carotenoides, vitamina C e fibras. A fruta combina com lácteos e com bases vegetais, como leite de castanhas. Misture polpa de murici com iogurte natural, mel e granola de baru para um café da manhã rápido.

Mama-cadela

De polpa doce e carnuda, a mama-cadela rende doces artesanais, compotas e molhos para carnes brancas. Os carotenoides e os compostos bioativos aparecem em boa concentração. A fruta também entra em xaropes caseiros. Despolpe com colher para evitar desperdiçar a polpa junto da casca.

Frutas nativas oferecem fibras, vitaminas e fitoquímicos em níveis que rivalizam com frutas populares do varejo.

Da roça ao prato: impacto ambiental e renda

Grande parte dessas frutas vem de agricultura familiar e de extrativismo manejado. O manejo correto mantém árvores de pé, protege nascentes e amplia a renda de comunidades. Feiras locais vendem polpas, óleos e farinhas com origem conhecida. Consumidores atentos procuram rótulos que indiquem procedência e boas práticas.

Produtores adotam compostagem, adubos orgânicos e técnicas inspiradas na “terra preta” indígena. Essas práticas melhoram o solo, aumentam matéria orgânica e sequestram carbono. A cadeia curta reduz perdas e fortalece o comércio de bairro.

Quando você escolhe produtos do Cerrado, você ajuda a manter a floresta de pé e a cultura viva.

Como provar sem errar

  • Pequi: aqueça a polpa em azeite, alho e cheiro-verde e finalize no arroz recém-cozido.
  • Mangaba: bata a polpa congelada com água gelada ou leite e use pouco açúcar.
  • Baru: torre por 8 a 10 minutos, triture e misture na granola ou no feijão tropeiro.
  • Murici: faça calda rápida com polpa, açúcar mascavo e limão; sirva com iogurte.
  • Mama-cadela: cozinhe a polpa com rapadura e especiarias e transforme em doce de corte.

Dicas de compra e armazenamento

  • Dê preferência ao fruto de época; o preço baixa e o sabor melhora.
  • Observe casca íntegra e cheiro natural; evite frutas fermentadas antes do tempo.
  • Congele polpas em porções pequenas para reduzir desperdício.
  • Guarde castanha de baru em pote opaco e bem fechado, longe do calor.
  • Pequi pede refrigeração após aberto; cubra com óleo para conservar melhor.

Quer plantar? Comece por mudas nativas

Viveiros regionais e associações costumam ofertar mudas a preço acessível, com foco em áreas urbanas e pequenas propriedades. As espécies mais procuradas incluem pequi, mangaba, baru, jatobá, buriti, jenipapo e guapeva. Essas árvores recuperam solos, atraem polinizadores e formam corredores de biodiversidade em chácaras e quintais.

Quem planta precisa considerar insolação, espaço para copa e época de chuva. A cova bem adubada, com matéria orgânica, acelera o pegamento. O tutor ajuda no crescimento inicial. Em áreas urbanas, priorize locais longe da fiação e das calçadas estreitas.

Uma árvore frutífera do Cerrado num quintal urbano vira sombra, alimento e aula de bioma para as crianças.

Cuidados, porções e combinações

Pequi tem caroço espinhoso; coma apenas a polpa. Pessoas com alergias a látex ou a frutas específicas devem testar porções pequenas. Castanha de baru é calórica; ajuste a quantidade à sua rotina. Para quem treina, 20 a 30 g de baru no lanche já oferece gorduras boas e minerais. Polpas ricas em vitamina C, como mangaba e murici, combinam com ferro vegetal, presente no feijão, e favorecem absorção.

Quer variar? Faça um dia temático do Cerrado em casa. Sirva arroz com pequi, salada com vinagrete de mangaba, farofa com baru e iogurte com calda de murici. Termine com doce de mama-cadela. Você apoia produtores locais e conhece sabores que contam a história de Goiás.

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