O céu fechou de repente e a ventania derrubou galhos. Em várias cidades, o calor cedeu e os transtornos começaram.
Com validade de 24 horas, o Cimehgo emitiu aviso para chuva forte e tempestades em todos os 246 municípios de Goiás. O comunicado segue episódios de danos registrados desde domingo e prevê novas pancadas com momentos de maior intensidade ao longo do dia.
Tempo vira em todo o estado
A partir da manhã desta segunda-feira (3), o estado entrou em condição favorável à formação de núcleos de tempestade. A chuva tende a se manter intermitente, com janelas de sol que elevam a temperatura e alimentam novas nuvens carregadas. Esse “vai e volta” de instabilidade aumenta o potencial de vento forte e alagamentos.
Goiânia, Itumbiara e Aparecida de Goiânia já relataram destelhamentos, quedas de galhos e interrupções pontuais de energia. O histórico recente sustentou a decisão de estender a cobertura do aviso para todo o território goiano, sem exceção.
Vigência de 24 horas e risco de chuva entre 20 e 30 mm/h, com rajadas de 40 a 60 km/h no nível amarelo.
O Inmet também publicou nível laranja para áreas com potencial de chuva entre 30 e 60 mm/h, com possibilidade de granizo e rajadas próximas de 60 km/h. A recomendação é tratar as próximas horas como período de atenção contínua, sobretudo em vias sujeitas a acúmulo de água.
Diferença entre chuva intensa e tempestade
Chuva intensa concentra volume em curto intervalo e costuma provocar alagamentos e enxurradas. Tempestade reúne vários ingredientes ao mesmo tempo: água em grande quantidade, vento forte e, por vezes, granizo. Em alguns pontos, a ventania predomina sobre a precipitação e causa quedas de árvores mesmo com pouco acumulado.
Tempestade é combinação de fenômenos: vento, água e, eventualmente, granizo. O risco cresce quando o calor sustenta nuvens muito desenvolvidas.
Riscos e recomendações imediatas
A instabilidade prevista pode afetar serviços e mobilidade nas áreas urbanas e rurais. Abaixo, os pontos de atenção destacados pelos órgãos de meteorologia para o nível amarelo e, pontualmente, laranja.
Principais riscos apontados pelos órgãos
- Rajadas de vento com potencial para destelhamentos.
- Queda isolada de granizo.
- Interrupções no fornecimento de energia elétrica.
- Queda de galhos e árvores, com bloqueio de vias.
- Alagamentos localizados e enxurradas rápidas.
- Descargas elétricas (raios) com risco em áreas abertas.
O que fazer agora
- Evite áreas alagadas e não tente atravessar enxurradas a pé ou de carro.
- Retire veículos de pontos sujeitos a inundação e não estacione sob árvores.
- Mantenha distância de janelas durante rajadas e desligue aparelhos em caso de trovoadas.
- Não se abrigue sob árvores ou estruturas metálicas em espaços abertos.
- No trânsito, reduza a velocidade e aumente a distância de segurança; faróis acesos.
- Revise calhas, rufos e telhados; fixe objetos soltos em varandas e quintais.
- Anote os canais de emergência: Defesa Civil 199 e Bombeiros 193.
Temperaturas e umidade
O calor segue dominante, mas a chuva tende a derrubar as máximas em 2 a 3 ºC, criando alívio temporário entre as pancadas. Ainda assim, o boletim indica marcas elevadas, sem médias abaixo de 34 ºC nas regiões observadas.
Máximas previstas por região nesta segunda-feira (3)
| Região | Máxima |
|---|---|
| Norte | 36 ºC |
| Oeste | 36 ºC |
| Sudoeste | 34 ºC |
| Leste | 35 ºC |
| Central | 35 ºC |
| Sul | 34 ºC |
A umidade relativa, que vinha crítica nos últimos meses, se eleva com a instabilidade e pode alcançar picos próximos de 90%. O contraste entre ar muito quente e umidade alta favorece a formação de cumulonimbus, nuvens típicas de tempestade com grande desenvolvimento vertical.
Entenda o cenário meteorológico
O período de transição para a estação chuvosa em Goiás costuma combinar aquecimento diurno forte, aporte de umidade da Amazônia e perturbações em níveis médios da atmosfera. Quando esses fatores se alinham, células de tempestade se formam rapidamente e descarregam volumes robustos em poucas horas, seguidos de pausa e nova formação no fim da tarde.
Nesse regime, o relevo e as ilhas de calor urbanas amplificam o vento e a chuva em bairros específicos. Por isso, bairros vizinhos podem relatar impactos diferentes na mesma janela de tempo. O padrão esperado para hoje reproduz essa variabilidade: pancadas concentradas, com rajadas e raios, intercaladas por períodos de abafamento.
Planejamento para as próximas 24 horas
Famílias e empresas podem reduzir perdas com ações simples. Mantenha celulares carregados e lanternas à mão, organize documentos em locais secos e proteja equipamentos eletrônicos. Em condomínios, acione a manutenção para vistoriar bombas de drenagem e verificar geradores. Produtores rurais devem recolher animais para áreas abrigadas e checar o estado de cercas e telhados de galpões.
- Em casa: confira calhas, desobstrua ralos e guarde objetos que possam ser arrastados pelo vento.
- Na rua: prefira rotas mais altas, evite pontilhões sujeitos a enxurradas e respeite bloqueios viários.
- No campo: afaste-se de cercas, tratores e árvores isoladas durante trovoadas.
Para referência, uma taxa de 30 mm/h equivale a 30 litros por metro quadrado em uma hora, volume suficiente para sobrecarregar bueiros em vias planas. Já rajadas de 60 km/h conseguem deslocar lonas, derrubar galhos medianos e comprometer telhas mal fixadas. Esses números ajudam a dimensionar o potencial de dano e orientar prioridades de proteção.
O quadro pode oscilar ao longo do dia. Acompanhe os avisos oficiais do Cimehgo e do Inmet, observe o céu e ajuste rotas e atividades conforme a evolução das nuvens. No primeiro sinal de granizo ou vento muito forte, busque abrigo firme e aguarde a passagem do núcleo mais intenso antes de retomar o deslocamento.


