Gordura no fígado em quem não bebe: você sente cansaço e inchaço? 7 sinais e o que fazer já

Gordura no fígado em quem não bebe: você sente cansaço e inchaço? 7 sinais e o que fazer já

Milhões de brasileiros convivem com gordura no fígado sem perceber. Quando o corpo envia alertas discretos, a rotina já mudou.

A condição ganhou nome novo na medicina, MASLD, e cresce junto com a obesidade e o sedentarismo. Você pode não beber álcool e mesmo assim acumular gordura no fígado. A boa notícia: dá para reverter com mudanças objetivas e acompanhamento profissional.

O que é MASLD e por que atinge quem não bebe

A Doença Hepática Gordurosa Associada à Disfunção Metabólica (MASLD), antes chamada de NAFLD, é o acúmulo de gordura nas células do fígado sem relação com álcool. O fígado resiste por anos, mas a sobrecarga abre caminho para inflamação (MASH), fibrose e cirrose. O processo nasce do desequilíbrio metabólico: ganho de peso, resistência à insulina, excesso de açúcares e ultraprocessados.

Mais de 70% dos casos cursam sem dor. A ausência de sintomas não significa fígado saudável.

Sintomas que passam batido

Os sinais surgem de forma sutil e variam. O corpo fala, só que baixo.

  • Cansaço persistente após tarefas simples.
  • Desconforto leve no lado direito do abdômen, abaixo das costelas.
  • Inchaço abdominal e sensação de plenitude precoce.
  • Aumento de enzimas hepáticas nos exames de sangue.
  • Piora de triglicerídeos e glicemia, mesmo com dieta “normal”.

Se você tem obesidade, diabetes tipo 2, pressão alta ou colesterol elevado, faça check-ups periódicos.

Como confirmar o diagnóstico

O primeiro passo é avaliar o sangue. Médicos analisam ALT, AST e GGT. Depois, a imagem esclarece a extensão do acúmulo de gordura e o risco de fibrose.

Exame O que mostra Quando usar
Ultrassom de abdômen Presença de gordura (“esteatose”) Investigação inicial e acompanhamento
Elastografia (fibroscan) Rigidez do fígado e risco de fibrose Estratificação de risco e monitoramento
Biópsia hepática Confirma inflamação e grau de fibrose Casos selecionados e dúvidas diagnósticas

Quem corre mais risco

O principal fator é a obesidade. O excesso de gordura corporal alimenta a resistência à insulina e deposita lipídios no fígado. O perigo aumenta com síndrome metabólica, diabetes tipo 2, triglicerídeos altos, colesterol alterado e hipertensão. Pessoas com peso “normal”, mas dieta pobre, sono ruim e sedentarismo, também entram no mapa. Crianças e adolescentes com consumo frequente de bebidas açucaradas já apresentam esteatose.

Prevenção que funciona na vida real

Perder de 5% a 10% do peso reduz a gordura hepática de forma mensurável. Esse intervalo costuma baixar enzimas e melhorar a sensibilidade à insulina.

Metas realistas vencem promessas milagrosas: 0,5 kg a 1 kg por semana, com refeição planejada e atividade física regular.

Plano prático para as próximas 8 semanas

  • Corte bebidas adoçadas, inclusive “zero” e light. Água, café sem açúcar e chá são aliados.
  • Troque ultraprocessados por comida de verdade: feijão, arroz integral, ovos, frutas e verduras.
  • Dê prioridade a proteínas magras e gorduras boas: peixe, frango, iogurte natural, azeite, castanhas.
  • Inclua 150 a 300 minutos/semana de atividade aeróbica e 2 sessões de musculação.
  • Durma 7 a 8 horas. Sono curto bagunça hormônios da fome e piora a glicose.
  • Monitore a cintura: acima de 88 cm (mulheres) e 102 cm (homens) indica maior risco metabólico.

O padrão mediterrâneo ajuda quem precisa de um guia simples: prato colorido, azeite no lugar da fritura, peixe mais vezes na semana, grãos integrais e baixa carga de açúcares simples.

O que há de novo na ciência

GLP-1 e melhora do fígado

Agonistas de GLP-1, como a semaglutida, mostraram melhora de marcadores hepáticos em MASLD e na forma inflamatória, MASH. Esses medicamentos reduzem peso, inflamam menos o fígado e melhoram a resistência à insulina. Uso exige prescrição e acompanhamento, já que nem todo paciente precisa ou se beneficia.

Adoçantes artificiais não são passe livre

Estudos recentes associaram bebidas adoçadas, inclusive versões diet e “zero”, a risco maior de fígado gorduroso. O metabolismo não “desliga” com o sabor doce. A estratégia mais segura continua sendo reduzir a doçura geral da dieta e focar em alimentos in natura ou minimamente processados.

Bebida doce, com ou sem açúcar, mantém o fígado sob pressão. Água ainda é a melhor política.

Quando procurar ajuda

Marque consulta se você vive cansado, ganhou peso rápido, tem cintura aumentada ou alterações em exames. Profissionais avaliam fatores de risco, solicitam imagem e calculam escores de fibrose. Quem já tem diabetes, apneia do sono ou hipertensão precisa de monitoramento sem atrasos.

Agenda de interesse público

No dia 5 de novembro, às 7h30, o Hospital das Clínicas da UFPE receberá a edição pernambucana do Brazilian Mash Road, encontro que reúne cirurgiões bariátricos e hepatologistas para discutir diagnóstico e tratamento da esteatose metabólica. O evento tem apoio da SBCBM e da SBH.

Mais caminhos para proteger o fígado

  • Café coado sem açúcar se associa a menor risco de fibrose em estudos observacionais.
  • Estatinas costumam ser seguras em MASLD e reduzem risco cardiovascular, grande causa de morte nesses pacientes.
  • Vitamina E pode ser considerada em casos selecionados de MASH sem diabetes, com orientação médica.
  • Jejum noturno de 12 horas ajuda a baixar triglicerídeos e reduz beliscos noturnos ricos em açúcar.

Ferramentas para o dia a dia

Checklist semanal

  • Passos/dia: 8 mil a 10 mil, subindo escadas e caminhando após refeições.
  • Prato meio verde: metade vegetais, um quarto proteína, um quarto carboidrato integral.
  • Bebidas: água como padrão; evitar sucos prontos e refrigerantes, mesmo “zero”.
  • Exames: controle de ALT/AST de 3 em 3 a 6 meses, conforme orientação.

Perguntas que você pode levar à consulta

  • Meu risco de fibrose é baixo, intermediário ou alto?
  • Preciso de elastografia agora ou posso repetir o ultrassom depois da perda de peso?
  • GLP-1 é indicado no meu caso ou dieta e exercício já bastam?
  • Quais metas de peso e cintura devo alcançar nos próximos 3 meses?

Pequenas vitórias somadas derrubam a gordura do fígado: menos açúcar líquido, mais movimento e acompanhamento regular.

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