Ibaneis anuncia avanço do Centro Urbano Tororó : você aceita 98 mil vizinhos na DF-140?

Ibaneis anuncia avanço do Centro Urbano Tororó : você aceita 98 mil vizinhos na DF-140?

Uma expansão urbana no Distrito Federal volta ao centro do debate, com impactos diretos em mobilidade, serviços e moradia.

O governador Ibaneis Rocha sinalizou avanço no licenciamento do Centro Urbano Tororó, novo setor habitacional integrado ao Jardim Botânico. O plano prevê moradia, comércio e serviços, além de equipamentos públicos. A área fica próxima ao entroncamento da DF-001 com a DF-140, com acesso relativamente curto ao Plano Piloto.

O que é o Centro Urbano Tororó

O projeto desenha uma cidade com uso misto. A proposta combina residências, atividades econômicas e estruturas do Estado. A Terracap responde pelo desenho urbanístico e pela condução das etapas de planejamento. Em outubro de 2024, a empresa apresentou o conceito em audiência pública, que reuniu moradores e movimentos sociais.

Capacidade estimada: o plano prevê abrigar ao menos 98 mil habitantes, com mistura de usos para reduzir deslocamentos longos.

A localização cria um novo polo na borda sudeste do DF. O acesso rápido à DF-140 indica um eixo de crescimento que pressiona o trânsito e exige soluções de transporte coletivo. A proposta inclui escolas, unidades de saúde e áreas de lazer, citadas como “equipamentos públicos” nos documentos de referência.

Onde fica e a que distância

A área projetada fica a 11 km da cabeceira da terceira ponte do Lago Sul. O trajeto até a Esplanada dos Ministérios soma 17 km. A posição geográfica favorece conexões tanto com o Plano Piloto quanto com núcleos do sul do DF.

Fato Detalhe
Localização Jardim Botânico, próximo ao entroncamento DF-001/DF-140
População prevista Ao menos 98 mil moradores
Distância da 3ª ponte 11 km
Distância da Esplanada 17 km
Responsável técnico Terracap

Licenciamento ambiental e governança

O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) afirma que o licenciamento está em fase avançada. O órgão encaminhou o processo ao Conselho de Meio Ambiente do DF (Conam) e ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) para deliberação. Essa etapa pode definir condicionantes, como medidas de compensação e limites de ocupação.

O EIA/Rima, contratado por R$ 2,9 milhões, indica baixa suscetibilidade à erosão e condições ambientais favoráveis.

O Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental foram elaborados pelo Consórcio Infra-Tororó, escolhido por licitação. Os documentos apontam qualidade satisfatória do ar e da água e geologia compatível com ocupação planejada. Essas conclusões demandam monitoramento contínuo e validação por instâncias colegiadas.

Próximos passos no rito

  • Análises técnicas complementares e eventuais pedidos de esclarecimento.
  • Deliberação do Conam sobre condicionantes e medidas mitigadoras.
  • Parecer do ICMBio sobre interfaces com unidades de conservação ou áreas sensíveis.
  • Definição de cronograma, contrapartidas e execução faseada de obras públicas.

Impacto no seu dia a dia

Quem vive no Jardim Botânico, no Jardins Mangueiral e em condomínios da DF-140 deve antecipar mudanças. Obras de infraestrutura costumam gerar trânsito, barulho e desvios temporários. O comércio local tende a ganhar movimento. O preço dos imóveis pode se ajustar com a expectativa de novos serviços e maior demanda.

O desenho prevê morar, trabalhar e consumir no mesmo perímetro para cortar deslocamentos longos e aliviar o trânsito diário.

Esse adensamento exige transporte coletivo eficiente. Aumentar oferta de linhas, faixas de ônibus e integração com o metrô reduz a dependência do carro. Ciclovias e calçadas contínuas ampliam segurança e conectividade de curta distância.

Mobilidade: gargalos e soluções possíveis

  • Capacidade viária: DF-140 e DF-001 podem operar no limite sem upgrades.
  • Transporte coletivo: corredor exclusivo de ônibus e terminais integradores reduzem lotação e tempo de viagem.
  • Segurança viária: rotatórias, iluminação e travessias elevadas cortam riscos em horários de pico.
  • Mobilidade ativa: rede de ciclovias e calçadas acessíveis apoia deslocamentos de até 5 km.
  • Gestão da demanda: escalonamento de horários em escolas e repartições diminui picos simultâneos.

Meio ambiente e compensações

A audiência pública discutiu riscos ambientais, medidas compensatórias e densidade demográfica. Canalização de águas pluviais, controle de erosão e proteção de áreas de recarga precisam vir antes da ocupação plena. Plantio compensatório, parques lineares e recuperação de nascentes ajudam a equilibrar o adensamento.

O licenciamento pode exigir monitoramento de fauna, corredores ecológicos e limites a supressão vegetal. Programas de educação ambiental e fiscalização permanente reduzem pressão sobre remanescentes de cerrado.

O Ibram enviou o processo ao Conam e ao ICMBio para definir condicionantes de implantação e proteção de áreas sensíveis.

O que já está na mesa

  • Projeto urbanístico sob a responsabilidade da Terracap.
  • Estudos ambientais apresentados e debatidos com a sociedade.
  • Promessa de entrega com equipamentos públicos desde as primeiras fases.
  • Objetivo do GDF de impulsionar o desenvolvimento regional com parceria público-privada.

O que ainda falta decidir

  • Quantas etapas a cidade terá e que obras entram primeiro.
  • Quais contrapartidas ambientais serão exigidas e em que prazos.
  • Como ficará a divisão entre moradia de interesse social e mercado aberto.
  • Que investimentos em transporte coletivo chegam antes da população.

Como o morador pode se preparar

Mapeie trajetos alternativos à DF-140 enquanto as frentes de obra avançam. Avalie horários de pico e previsão de restrições temporárias. Acompanhe comunicados do governo para ajustar sua rotina. Se você pensa em comprar na região, simule custos de deslocamento e verifique a infraestrutura prevista na etapa em que pretende morar.

Na participação social, acompanhe novas audiências e consultas públicas. Esse é o momento de sugerir mitigação de ruído, rotas de ônibus, ciclovias e prioridades de equipamentos públicos como creches, escolas e unidades básicas de saúde. Demandas registradas precocemente viram condicionantes factíveis de contrato.

Informações práticas para ampliar sua análise

Termos que valem entender

  • EIA/Rima: estudos que medem impactos, propõem mitigação e orientam condicionantes de licença.
  • Equipamentos públicos: escolas, unidades de saúde, delegacias, áreas de lazer e centros culturais.
  • Condicionantes: obrigações ambientais e urbanísticas que liberam cada fase da obra.

Simule seu deslocamento

  • 11 km até a 3ª ponte significam cerca de 15 a 25 minutos fora do pico, dependendo do fluxo.
  • 17 km até a Esplanada podem variar de 25 a 45 minutos, com maior incerteza no horário de pico.
  • Uma faixa exclusiva de ônibus pode reduzir o tempo em 20% a 35% no corredor principal.

Riscos e oportunidades

  • Risco: pressão sobre vias sem obras proporcionais de mobilidade.
  • Risco: adensamento sem sombra arbórea eleva ilhas de calor.
  • Vantagem: uso misto atrai empregos locais e diminui deslocamentos longos.
  • Vantagem: entrega de escolas e saúde desde o início reduz déficit de serviços.

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