Num estádio lotado, emoção contida dividiu espaço com efeitos milimetrados e refrões que todo mundo canta. Famílias com crianças apareceram em peso.
Em São Paulo, a Loom World Tour do Imagine Dragons pousou no Morumbis com clima de presença total. A garoa recuou, a lua apareceu e Dan Reynolds fez do “aqui e agora” um guia de cena, sem pressa e mirando cada rosto nas arquibancadas e na pista.
Um rock pensado para famílias
O público trouxe muitos pais, mães e filhos. Essa composição não surge por acaso. A banda construiu uma ponte com audiências jovens por meio de trilhas ligadas a videogames, refrões fáceis e um som que aposta em batidas tribais e baixos marcados, sem exagerar na agressividade. O resultado cabe no estádio e não assusta quem estreia em shows grandes.
Um “rock de estádio” que prioriza refrão, dinâmica e visual, e que acolhe quem vai ao primeiro show da vida.
- Repertório com letras diretas e clima catártico, sem linguagem chula.
- Ritmos percussivos e pausas calculadas para o público cantar junto.
- Volume alto, mas menos estridente que bandas de metal, o que ajuda com crianças.
- Uso constante de visuais, luzes e confete como reforço de narrativa.
O roteiro da turnê e os pontos de virada
O set foi pensado para alternar explosão e respiro. A abertura com Fire in These Hills já lança papel picado sobre as cabeças, define o tom de espetáculo e delimita o espaço do improviso. Thunder, Demons e Bones mantêm a energia em alta, com o vocal de Reynolds sustentando notas longas e controladas, empurrado por tambores e baixo robustos.
No meio do caminho, uma fresta no céu permite ao vocalista brincar com a lua, ao mesmo tempo em que o show desacelera. A cena combina com a postura estoica do frontman: presença, foco no momento e zero afetação. Ele desce à pista, erra um trecho e corrige na hora, lembrando a plateia de que a música acontece ali, viva.
Em Birds, o clima muda. Reynolds abre uma janela sobre fins de relacionamento e valida quem ainda sente a ferida. Mãos ao alto, celulares iluminam o estádio e lágrimas aparecem entre adolescentes e adultos. O fechamento chega com Believer, somado a pirotecnia e luzes no limite, juntando de vez arquibancadas e pista.
Abertura com confete, meio introspectivo e final pirotécnico: o espetáculo guia emoções em ondas calculadas.
| Momento | Sensação | Recursos de cena |
|---|---|---|
| Fire in These Hills | Entrada triunfal | Confete e visuais amplos |
| Thunder / Demons / Bones | Pico de energia | Percussão forte e coro do público |
| Birds | Catárse íntima | Luzes suaves e vozes em uníssono |
| Believer | Esperança e descarga final | Pirotecnia e estandartes de luz |
Stoicismo em cena
A condução do show revela traços de estoicismo. Reynolds privilegia o presente, encara o estádio sem ansiedade aparente e regula a própria intensidade. O histórico do cantor, que já conversou publicamente sobre depressão, reverbera em falas curtas sobre gratidão diária e cuidado com a saúde emocional. O palco vira um espaço de resiliência, não um concurso de virtuosismo.
O debate sobre o rótulo “rock”
Há quem reclame de falta de ruptura no som do grupo, e o álbum que batiza a turnê, Loom, alimenta discussões sobre repetição de fórmula. O vocalista já admitiu não ter crescido sob influência direta do rock clássico, o que irrita puristas. Ainda assim, a equação que a banda oferece entrega impacto em arenas: percussão tribal, linhas de baixo em destaque, melodias que pedem coro e produção que privilegia drops e clímax. Em estádio, isso funciona.
Não é uma aula de vanguarda, é engenharia de espetáculo. E dentro do Morumbis, a equação fecha.
Agenda e contexto: a vez de São Paulo
Depois de Belo Horizonte e Brasília, o giro chegou à capital paulista. A procura levou à marcação de uma data extra no sábado, 1º, ainda com bilhetes disponíveis no fechamento desta reportagem. O pacote técnico levado ao Brasil inclui pirotecnia, chuva de papel e um desenho de luz que explora bem a arquitetura do Morumbis.
Show extra em São Paulo no sábado, 1º, com ingressos ainda disponíveis.
Guia prático para quem pretende ir com crianças
A presença de famílias dominou a pista. Para repetir a experiência com segurança, vale preparar alguns itens e acordos entre responsáveis e pequenos.
- Protetores auriculares infantis reduzem o impacto do som e evitam desconforto.
- Capa de chuva leve e calçado fechado dão conta de garoa e piso molhado.
- Combine ponto de encontro em caso de separação e escreva um telefone de contato.
- Chegar cedo facilita a adaptação das crianças ao barulho e à multidão.
- Leve água e um lanche simples, respeitando as regras de entrada do estádio.
- Planeje a saída: aplicativos de transporte e metrô costumam lotar após o bis.
Por que esse espetáculo cria pertencimento
O desenho de show tem algo de teatro popular: cenas claras, emoções legíveis e um protagonista que quebra a barreira do palco. Ao descer para a pista, Reynolds legitima os fãs mais jovens e chama pais e mães para o jogo. Quando o artista aponta para o céu limpo após a garoa, cria uma memória simples e potente, que pede repetição na data extra.
Pistas para quem quer ampliar a experiência
Para quem acompanha a turnê, vale prestar atenção em como o Imagine Dragons conversa com culturas do entretenimento digital. A costura com videogames abre portas para trilhas oficiais, reacts em plataformas de vídeo e versões em jogos de ritmo. Famílias podem montar playlists conjuntas com as faixas do set e comparar arranjos de estúdio com os picos ao vivo, entendendo como percussão e luz transformam a mesma música.
Outro ponto útil: crianças sensíveis a flashes e barulho podem se beneficiar de intervalos programados longe da grade e de óculos com filtro de luz. Adultos devem considerar a dinâmica de calor e fumaça da pirotecnia, escolhendo setores com circulação de ar. Para quem pensa em novas idas a shows em estádio, vale testar assentos intermediários, que oferecem visão ampla sem pressão de empurra-empurra, e praticar saídas escalonadas para evitar aglomeração nos portões.


