Movimento intenso no parque municipal, sirenes e curiosos. Técnicos cercam a água e pedem distância. Algo grande está acontecendo.
Porangatu viveu um dia diferente às margens da Lagoa Grande. Equipes ambientais entraram cedo, organizaram barreiras e iniciaram um manejo criterioso de fauna. O plano, anunciado pela prefeitura, combina segurança pública e conservação. A operação retirou jacarés do espelho d’água mais visitado da cidade e redesenhou a relação entre turismo e natureza no coração do município.
O que levou à operação
A Lagoa Grande virou vitrine turística e ponto de lazer. Nos últimos meses, relatos de avistamentos frequentes cresceram. Técnicos perceberam adensamento de indivíduos e disputas por território. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) decidiu agir com base em um plano de preservação que contempla redução de risco para visitantes e equilíbrio ecológico da área.
110 jacarés foram removidos em operação oficial na Lagoa Grande. Alguns mediam até 2 metros de comprimento.
A prefeitura afirma que o manejo segue protocolos técnicos validados e busca evitar conflitos. A medida mira dois objetivos imediatos: reduzir a chance de incidentes e distribuir melhor a fauna em ambientes adequados, fora do perímetro urbano.
Como ocorreu o manejo
Etapas e equipe
A Semma coordenou uma força-tarefa com biólogos, médicos-veterinários e profissionais experientes em fauna silvestre. A equipe mapeou áreas de descanso dos répteis, definiu janelas de captura e operou em horários de menor fluxo de pessoas. Cada animal passou por avaliação de saúde, identificação e marcação.
Os técnicos colocaram pulseiras de identificação para permitir acompanhamento na adaptação ao novo habitat.
As capturas respeitaram orientações do Ibama para bem-estar animal. A equipe priorizou contenção segura, minimizou estresse e registrou dados de tamanho, peso e condição corporal. A logística de transporte usou caixas apropriadas e rotas planejadas para reduzir tempo de deslocamento.
Destino e confidencialidade
O destino dos jacarés não foi divulgado. A Semma justifica a medida como proteção contra caça e interferências humanas. Os animais seguem para áreas autorizadas, com disponibilidade de alimento, abrigo e lâmina d’água compatível. O plano prevê visitas técnicas periódicas e relatórios de adaptação.
Para evitar caça e captura ilegal, o novo local permanece sob sigilo e monitoramento contínuo.
O que muda na Lagoa Grande
A lagoa seguirá aberta ao público, com reforço de sinalização e barreiras físicas em trechos sensíveis. A prefeitura já havia instalado telas e placas após ocorrências anteriores. Programas educativos vão orientar frequentadores sobre condutas seguras e respeito à fauna.
Segundo o município, quatro indivíduos de grande porte ainda permanecem no sistema hídrico e serão capturados em outra janela operacional. Técnicos mantêm rondas e inspeções com foco em horários de crepúsculo, quando os répteis se mostram mais ativos.
- Evite chegar às margens e áreas de vegetação densa.
- Não alimente animais silvestres, nem descarte restos de comida.
- Mantenha crianças e pets sob controle, a uma distância mínima de 10 metros da água.
- Prefira correr e pedalar em trechos sinalizados e durante o dia.
- Ao avistar um jacaré, afaste-se calmamente e avise a Semma.
Relembre o ataque de 2021
Há quatro anos, um bebê de um ano e oito meses sofreu ferimentos graves após um ataque às margens da lagoa. Uma babá conseguiu retirar a criança da água e acionar o Samu. O menino passou por cirurgia e internação em UTI. O caso acelerou medidas de proteção, como telas, placas e rondas. Em operações anteriores, a prefeitura já havia removido dezenas de animais para reduzir risco.
Números da operação
| Total de jacarés removidos | 110 indivíduos |
| Maior comprimento registrado | Até 2 metros |
| Grandes indivíduos remanescentes | 4 (captura em fase posterior) |
| Equipe envolvida | Biólogos, veterinários e manejadores de fauna |
| Protocolo técnico | Orientações do Ibama e normas municipais |
| Identificação | Pulseiras para monitoramento |
| Destino | Local não divulgado, em área autorizada |
Por que jacarés aparecem em áreas urbanas
Ambientes aquáticos urbanos atraem jacarés por oferta de abrigo, peixes e aves. O descarte de alimento e a presença de capivaras criam oportunidades de fácil acesso a presas. Em períodos de seca ou reprodução, indivíduos ampliam deslocamentos e encostam em margens frequentadas por pessoas. O Cerrado abriga espécies nativas, como o jacaré-do-papo-amarelo e o jacaré-tinga, que se adaptam bem a lagoas e canais.
Medidas simples reduzem conflitos. A cidade pode cortar atrativos de comida, manter margens limpas e bloquear acessos críticos. Visitantes podem ajustar rotas de caminhada, recolher lixo e manter distância. A soma dessas ações diminui a chance de encontro e protege tanto as pessoas quanto os animais.
Conservação, segurança e lei
O manejo de fauna precisa de autorização e justificativa técnica. Municípios elaboram planos, avaliam riscos e definem metas de monitoramento. A Semma reporta que atuou com base em normas federais e estaduais e comunicou órgãos competentes. A confidencialidade sobre o novo habitat reduz a possibilidade de perseguição e comércio ilegal, crimes que ameaçam populações silvestres.
Remoção não significa erradicação. Jacarés cumprem papel ecológico relevante. Regulam populações de peixes, removem carcaças e ajudam a manter a qualidade da água. Por isso, a relocação prioriza áreas adequadas e acompanhamento pós-soltura. Quando o ambiente urbano concentra indivíduos, cresce a chance de conflito. O manejo tenta reequilibrar essa pressão.
Como agir se você encontrar um jacaré
- Pare a uma distância segura e mantenha a linha de visão.
- Afaste crianças e animais de estimação sem correr ou gritar.
- Não tente fotografar de perto ou tocar o animal.
- Evite encostar na água, principalmente ao amanhecer e ao entardecer.
- Comunique a observação à Semma com a localização aproximada.
O que esperar nas próximas semanas
A prefeitura promete visitas técnicas, contagens noturnas e ações educativas em escolas e praças. Técnicos vão avaliar a resposta da fauna remanescente e a adesão dos frequentadores às novas regras. A captura dos quatro grandes indivíduos ainda na lagoa tende a ocorrer em janela com menor fluxo de pessoas e condições climáticas favoráveis.
Como a população pode ajudar
Moradores podem registrar avistamentos, respeitar áreas isoladas e reforçar o cuidado com lixo e restos de comida. Comerciantes no entorno podem adotar horários de recolhimento e tampar recipientes. Grupos de corrida e ciclismo podem redirecionar treinos para rotas sugeridas pela gestão do parque. Essas atitudes colaboram com o monitoramento e reduzem riscos.
Segurança e preservação caminham juntas quando a cidade reduz atrativos, sinaliza bem e mantém distância responsável.
Para quem deseja entender melhor o tema, vale acompanhar oficinas e atividades ambientais promovidas pela gestão municipal. Elas costumam abordar convivência com fauna, descarte correto de resíduos e rotas seguras de visitação. Em ambientes urbanos com água e vegetação, a prevenção começa no comportamento diário de cada visitante.


