Um ícone do passado retoma o centro das atenções e promete mexer com a memória afetiva de moradores e visitantes.
Em Campos do Jordão, tradição e nostalgia dividem espaço com o brilho natalino. Uma Jardineira Chevrolet 1928, peça rara que atravessou quase um século, vai rodar em cortejos no coração da cidade, reacendendo histórias e atraindo olhares curiosos.
Cortejo de Natal ganha toque de época
O cortejo com a Jardineira Chevrolet 1928 foi programado para os fins de semana, sempre às 15h. A primeira saída ocorre neste domingo, 2 de novembro, data de Finados, quando o clima de lembrança encontra o começo das festividades de fim de ano. A proposta é simples e poderosa: levar a magia de Natal sobre rodas que fizeram parte da formação do transporte coletivo brasileiro.
Fins de semana, às 15h: a Jardineira Chevrolet 1928 abre o cortejo natalino pelas ruas de Campos do Jordão.
Com visual inconfundível, carroceria de madeira e bancos longitudinais, o veículo chama atenção por onde passa. Quem estiver na cidade terá a chance de ver de perto um capítulo vivo da história automotiva do país, em plena temporada de alta na Serra da Mantiqueira.
Como será a circulação
A jardineira deve percorrer vias centrais de Campos do Jordão, interagindo com a programação natalina já em andamento. A combinação de música, decoração luminosa e o ruído grave do motor a gasolina cria uma atmosfera cenográfica que conversa com famílias, casais e grupos de amigos em busca de uma experiência diferente.
| Quando | Horário | Observação |
|---|---|---|
| Fins de semana | 15h | Primeiro cortejo no domingo, 2 de novembro |
Relíquia sobre rodas: o que torna a jardineira especial
Produzida no fim da década de 1920, a Chevrolet Jardineira fazia parte dos primeiros veículos adaptados para o transporte coletivo no Brasil. O modelo levava de 8 a 12 passageiros e nasceu sobre o chassi do Chevrolet Série AB “National”, conhecido pela robustez mecânica e facilidade de adaptação a usos variados, incluindo rotas urbanas, escolares e passeios turísticos.
Motor 4 cilindros de 171 polegadas cúbicas (2,8 litros), cerca de 35 cv e câmbio manual de três marchas.
A carroceria, em madeira de fabricação artesanal, seguia o padrão de encarroçadores nacionais, frequentemente usando espécies como peroba e imbuia. As janelas amplas e os bancos longitudinais atendiam às rotas curtas, comuns em estâncias e cidades do interior, como Campos do Jordão, Poços de Caldas e Petrópolis.
Características técnicas que você vai notar
O som metálico ao engatar marchas, a elasticidade do motor de baixa potência e a posição de dirigir elevada formam um conjunto que contrasta com os veículos atuais. Para quem observa o cortejo, esse contraste vira encanto: a jornada acontece em ritmo próprio, sem pressa, valorizando o cenário e o compartilhamento da rua.
| Componente | Detalhe |
|---|---|
| Motor | 4 cilindros, 2,8 litros (171 in³), cerca de 35 cv |
| Transmissão | Manual de 3 marchas |
| Chassi | Chevrolet Série AB “National” |
| Carroceria | Madeira, construção artesanal |
| Capacidade | 8 a 12 passageiros |
| Combustível | Gasolina |
Do acervo ao asfalto: quem cuida da raridade
O exemplar que puxa o cortejo pertence ao acervo do CARDE – Arte Design. A peça foi comprada de um colecionador de Taubaté e, mesmo fora de mostra permanente, integra a coleção institucional. O valor pago não foi divulgado, algo comum no segmento de veículos históricos, em que cada unidade tem trajetória particular e preços variáveis.
O retorno às ruas exige preparação cuidadosa: revisão de freios com materiais compatíveis, checagem de estrutura em madeira, calibração de pneus e planejamento do trajeto com apoio operacional. Em muitos casos, equipes acompanham o deslocamento para garantir fluidez e proteger a integridade do veículo e do público.
O cortejo celebra o Natal e, ao mesmo tempo, preserva a memória do transporte coletivo que moldou cidades brasileiras.
Segurança e boa experiência para todos
- Chegue com antecedência para ver a saída e garantir um bom ponto de observação.
- Mantenha distância da carroceria de madeira e evite encostar durante as paradas.
- Respeite a sinalização da equipe e os bloqueios temporários de trânsito.
- Se levar crianças, permaneça com elas junto ao meio-fio e longe do fluxo do cortejo.
- Para fotos mais nítidas, prefira modo retrato em luz natural e evite o flash frontal.
Por que isso mexe com você, morador ou turista
Ver uma jardineira de 1928 operando no presente conecta gerações. Quem cresceu ouvindo histórias dos avós reconhece detalhes que pareciam perdidos. Quem visita pela primeira vez enxerga além do cartão-postal: entende como o transporte ajudou a criar os passeios, as ruas comerciais e a vocação turística de Campos do Jordão.
Há impacto direto na economia local. A experiência autêntica aumenta o tempo de permanência de visitantes, distribui público ao longo do dia e estimula pequenos negócios, de cafeterias a artesanato. Ao mesmo tempo, práticas de preservação atraem um público interessado em patrimônio, fotografia e design histórico.
Dicas práticas para o seu roteiro
- Verifique a previsão do tempo e leve agasalho leve, já que a circulação ocorre à tarde.
- Planeje deslocamentos a pé nas áreas centrais, onde o trânsito fica mais intenso.
- Se quiser registrar o som do motor, use o microfone do celular apontado para a traseira do veículo.
Patrimônio e futuro: o que vale saber além do cortejo
Veículos históricos como a Jardineira 1928 podem buscar certificações específicas, caso atendam a critérios de originalidade e preservação. Esse tipo de reconhecimento ajuda a manter a fidelidade de peças e processos, favorecendo restaurações responsáveis. Por características de construção e idade, a operação costuma limitar velocidades e lotação para priorizar segurança e conforto.
A experiência também abre espaço para educação patrimonial. Professores e guias turísticos podem usar o cortejo como ponto de partida para trabalhar temas como urbanização, artes do fazer manual (carpintaria e funilaria) e a transição tecnológica da mobilidade. A partir de um único veículo, surgem debates sobre materiais, design, ergonomia e a história do trabalho no Brasil.
Ver, ouvir e sentir a jardineira em movimento ajuda o público a entender como nascia o transporte coletivo no país.
Para quem pensa em fotografar ou filmar, vale procurar ângulos laterais que valorizem as janelas longitudinais e a textura da madeira. Já à noite, a iluminação natalina cria reflexos interessantes sobre o verniz, o que rende imagens com atmosfera vintage. Se a ideia for uma atividade em família, uma boa saída é combinar o cortejo com uma pausa para chocolate quente e, depois, uma caminhada curta pelas ruas decoradas.
Campos do Jordão construiu sua fama com clima serrano, arquitetura alpina e eventos sazonais. Com a Jardineira Chevrolet 1928 em ação, a temporada de Natal ganha um elemento concreto de memória. Você presencia uma história que se move devagar, mas deixa marcas fortes — da mecânica de época ao olhar coletivo que transforma a cidade em palco.


