Linha 22-marrom vai mudar sua rotina? 19 estações, trens “asiáticos” e promessa até o fim da década

Linha 22-marrom vai mudar sua rotina? 19 estações, trens “asiáticos” e promessa até o fim da década

Você vive na Raposo? Uma virada de mobilidade promete mexer no bolso, no tempo de viagem e no ar que você respira.

Depois de anos de idas e vindas, a Linha 22-marrom voltou ao radar com um desenho diferente do padrão paulistano. A proposta une trens mais compactos, obras mais ágeis e soluções de energia para ligar Cotia, Osasco e São Paulo com foco no dia a dia de quem cruza a região, especialmente quem depende da Granja Viana.

O que muda no trem: tamanho, layout e eficiência

O projeto prevê composições mais curtas e estreitas, inspiradas no que cidades como Tóquio e Seul utilizam há décadas para ganhar agilidade. Em vez de seis carros, cada trem terá cinco. A largura cairá para 2,65 metros, ante cerca de 3 metros de linhas tradicionais de São Paulo.

Essa mudança libera mais área no corredor central. Os assentos ficam voltados para as janelas, o que aumenta o espaço útil para passageiros em pé no pico e facilita a circulação. O desenho reduz a massa do trem, pede menos energia para acelerar e frear e, com intervalos curtos, mantém a capacidade ao longo do dia.

Trens com cinco carros e 2,65 m de largura abrem caminho para túneis 13% menores, com obras mais rápidas e contas mais leves.

Com composições mais enxutas, os túneis podem ter 10 metros de diâmetro, cerca de 13% a menos que o padrão. Menos diâmetro significa menos concreto, menos escavação e um canteiro mais discreto na superfície. O efeito aparece no prazo, no custo e também na operação, que tende a consumir menos energia por passageiro transportado.

Estações profundas com menos atrito: elevadores e terceiro trilho

Estudos apontam que, em pontos mais profundos — caso da Granja Viana e de Santa Maria, em Osasco —, a rede trocará escadas rolantes por elevadores de alta capacidade. O objetivo é levar grandes volumes de gente em menos tempo, com menor gasto energético e manutenção simplificada.

Elevadores de alta capacidade podem cortar até 90% do consumo de energia em estações profundas e aliviar gargalos de circulação.

A alimentação elétrica deverá ocorrer por terceiro trilho, solução mais compacta que dispensa cabos aéreos. O arranjo reduz a altura útil do túnel e simplifica intervenções em passagens e plataformas. A aposta técnica conversa com os trens mais leves e com o foco em eficiência na construção e no dia a dia da operação.

Traçado, números e quando você pode usar

O anteprojeto da Linha 22-marrom, concluído em setembro, indica um eixo de 29,7 km e 19 estações, conectando Cotia, Osasco e a capital e passando pela Granja Viana. No entorno da Cidade Universitária da USP, estão previstas três paradas, reforçando a integração com a malha existente e com os polos geradores de viagens da zona oeste.

Extensão 29,7 km
Estações 19
Demanda estimada 649 mil passageiros/dia
Composição 5 carros por trem
Largura do trem 2,65 m
Diâmetro do túnel 10 m (13% menor que o usual)
Alimentação Terceiro trilho

Em Cotia, o traçado indica paradas no Terminal Metropolitano, Vila Santo Antônio, Sabiá, Parque Alexandra, Estrada do Embu, Mesopotâmia e Granja Viana. A rede também cruza Osasco e chega a São Paulo, com porta de entrada estratégica na região da USP.

Leilão e obras tendem a ficar para o fim da década, com priorização a cargo do próximo governo estadual.

O calendário ainda é conservador. A linha figura abaixo de outras prioridades atuais e deve avançar para a próxima gestão. Enquanto isso, o cronograma do Metrô aponta:

  • Linha 19-celeste: licitação de obras civis em curso.
  • Linha 16-violeta: concessão prevista para 2026.
  • Linha 20-rosa: aguarda conclusão do projeto básico.
  • Linha 22-marrom: em fase de estudos, priorização ainda baixa.

O que muda para você: mobilidade, custo e cidade

Para quem mora, estuda ou trabalha entre Cotia, Osasco e a capital, a 22-marrom promete uma nova lógica de deslocamento. O eixo reduz a dependência da Rodovia Raposo Tavares, hoje sobrecarregada e vulnerável a acidentes e intempéries, e distribui viagens em alta capacidade ao longo do dia.

  • Mais integração com a capital e polos de emprego e estudo.
  • Valorização imobiliária e requalificação do comércio no entorno das estações.
  • Menos acidentes e tempo perdido na Raposo Tavares.
  • Redução de emissões de poluentes por viagem.

Se a operação adotar velocidade comercial semelhante à das linhas recentes de São Paulo, algo na ordem de 35 a 40 km/h, o percurso completo de quase 30 km pode ficar na faixa de 45 a 55 minutos. É uma estimativa técnica, que depende de intervalos, paradas e integrações.

Integração e experiência do passageiro

O layout com bancos laterais favorece o embarque e o desembarque rápidos. Portas mais largas e corredores centrais desobstruídos acomodam melhor mochilas e carrinhos, comuns no deslocamento até a USP e nos fluxos de trabalho da zona oeste.

A escolha por terceiro trilho e trens mais leves tende a reduzir ruído e vibração. Com elevadores de grande capacidade em estações profundas, a descida ao nível da plataforma fica mais direta, o que acelera o início da viagem e evita filas nos horários críticos.

Riscos e incertezas do caminho

O avanço depende de modelagem de concessão, disputa orçamentária e obtenção de licenças. Interferências de redes subterrâneas, desapropriações e compatibilização de projetos com outras obras podem alterar prazos e custos. O sucesso do cronograma passa por priorização política e segurança jurídica para o leilão.

Por que falar em “estilo asiático”

Cidades asiáticas de alta densidade adotam há anos composições mais compactas, com foco em fluxo e frequência. Em vez de tentar resolver a lotação com trens cada vez maiores, o sistema trabalha com intervalos reduzidos, portas amplas e circulação interna eficiente. A 22-marrom bebe dessa fonte para entregar capacidade com túneis menores e canteiros mais contidos.

Mais fluxo por minuto, menos obra na superfície: é o equilíbrio que o desenho “asiático” procura trazer para a região oeste.

O que observar nos próximos meses

  • Audiências públicas e consultas sobre licenciamento ambiental.
  • Definição do modelo de concessão e de garantias para o leilão.
  • Estudos de demanda ajustados por estação e por faixa horária.
  • Antecipação de obras de drenagem e desvio de redes para reduzir imprevistos.

Informações que ajudam você a se planejar

Para quem mora perto das futuras paradas, acompanhar mapas de zoneamento e diretrizes de adensamento pode orientar reformas e novos negócios. Corredores alimentadores de ônibus tendem a reorganizar linhas, o que muda a porta de entrada ao metrô e redistribui o movimento nas vias locais.

Empresas da região podem avaliar programas de vale-transporte e escalas com base na futura integração com a USP e com estações em Osasco. O redesenho das viagens abre chance de reduzir frota de fretados, reorganizar horários de pico e incentivar o uso de bicicleta em trechos curtos até as estações, especialmente se vierem bicicletários e rotas seguras no entorno.

Vale também acompanhar a escolha por elevadores de alta capacidade. Essa tecnologia pede manutenção preventiva rigorosa e operação coordenada com o fluxo de passageiros. Em contrapartida, oferece ganho imediato em consumo de energia e conforto térmico, já que a circulação vertical fica mais rápida, com menos concentração de pessoas em saguões e passarelas.

O terceiro trilho, por sua vez, exige barreiras e protocolos de segurança bem definidos. Em troca, remove cabos aéreos, reduz altura do túnel e simplifica inspeções. Em uma linha longa como a 22-marrom, cada centímetro economizado de obra pesada ajuda a manter o orçamento sob controle e a encurtar o cronograma.

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