Mudanças silenciosas começam a aparecer sobre a Marginal Pinheiros, chamando a atenção de motoristas e usuários das linhas metropolitanas diariamente.
Equipes iniciaram a montagem de um conjunto de aparelhos de mudança de via para o monotrilho no elevado da Marginal Pinheiros. As estruturas metálicas, conhecidas no setor como deck switch, ficam logo depois da Estação Morumbi e vão organizar as manobras operacionais dos trens, especialmente onde não existe área dedicada para inversão de sentido entre as futuras estações Chucri Zaidan e Morumbi.
O que muda na Marginal Pinheiros
Sem um bolsão de manobra entre Chucri Zaidan e Morumbi, os 14 trens da linha vão desembarcar passageiros na integração com a Linha 9-Esmeralda, seguir vazios até o ponto de troca de via no elevado, realizar a manobra e voltar para atender os sentidos Aeroporto de Congonhas e Washington Luís. A solução concentra as inversões em um trecho desenhado para suportar os esforços e o peso extra do aparelho.
O primeiro deck switch no elevado da Marginal Pinheiros marca o início da fase de manobras: os trens vão esvaziar em Morumbi, girar no elevado e retornar ao serviço.
O que é o track switch no monotrilho
O track switch do monotrilho cumpre a mesma função do AMV em ferrovias: mudar a rota do trem com segurança e precisão. Em vez de trilhos, o monotrilho usa vigas-guia metálicas móveis. Ao receber comando do sistema de sinalização, as vigas se deslocam e alinham a via conforme a rota definida para cada composição. Sensores confirmam o travamento antes de qualquer liberação de movimento, o que reduz risco de erro humano e falhas de posicionamento.
Vigas-guia deslizantes e travas redundantes determinam a rota de cada trem conforme a programação do sistema de controle.
Onde ficam os aparelhos e para que servem
As obras atuais incluem o aparelho identificado como X27, instalado no elevado após Morumbi. Para o trecho previsto para abrir no próximo ano, o plano inclui cinco track switches adicionais, sem contar os do Pátio Água Espraiada. Cada código representa uma função específica na malha.
| Código | Função operacional | Ponto de referência |
|---|---|---|
| X22 | Entrada e saída do pátio para trens que seguem ou retornam em direção a Jabaquara | Acesso ao pátio |
| X23 | Entrada e saída do pátio para trens com destino ao sentido São Paulo–Morumbi | Acesso ao pátio |
| X24 | Manobras imediatamente antes da Estação Aeroporto de Congonhas | Aeroporto de Congonhas |
| X25 | Movimenta os trens entre o trecho principal e o ramal de acesso a Congonhas | Conexão com o ramal |
| X26 | Permite que trens vindos do Aeroporto mudem de sentido rumo ao pátio ou a Jabaquara | Zona de retorno |
| X27 | Realiza a manobra após Morumbi para retorno em direção aos dois sentidos da linha | Elevado da Marginal Pinheiros |
Impacto para você, passageiro e motorista
- Intervenções noturnas: içamento e fixação de vigas costumam ocorrer à noite para reduzir impacto no trânsito.
- Bloqueios pontuais: faixas sob o elevado podem ter bloqueios temporários durante testes e movimentação de guindastes.
- Ritmo de obra: a montagem segue por etapas, com janelas técnicas entre cada fase para testes elétricos e mecânicos.
- Operação mais previsível: a área de manobra dedicada organiza a volta dos trens e ajuda a manter intervalos regulares.
- Integração garantida: o desembarque em Morumbi prioriza a conexão direta com a Linha 9-Esmeralda.
Como vai funcionar no dia a dia
No fluxo cotidiano, você desembarca na Estação Morumbi quando vier no sentido Chucri Zaidan. O trem segue vazio até o deck switch montado sobre a Marginal Pinheiros, muda de via e retorna para atender ambos os sentidos. Esse desenho evita cruzamentos em nível, libera espaço na plataforma e cria uma janela segura para a mudança de rota.
Você segue viagem pela Linha 9-Esmeralda; o trem, sem passageiros, faz a inversão no elevado e volta para a linha.
Segurança, testes e etapas da montagem
A equipe instala os módulos estruturais, faz o alinhamento fino das vigas-guia e conecta cabos de força, sinalização e rede. Em seguida, técnicos realizam testes estáticos, verificam travas mecânicas e sensores de posição. A etapa dinâmica vem depois, com deslocamentos controlados e baixa velocidade. O sistema só libera manobras em operação comercial quando cada cenário de falha passa por validação e redundâncias de comando mostram resposta correta.
A arquitetura normalmente inclui frenagem automática diante de qualquer divergência de posição, travas mecânicas independentes e supervisão contínua do centro de controle. Esse conjunto reduz o risco de desalinhamento e protege componentes contra desgaste prematuro.
Benefícios operacionais e pontos de atenção
Concentrar manobras no elevado de Morumbi traz ganho de regularidade, porque tira as inversões das áreas de plataforma. O passageiro sente impacto em intervalos mais estáveis e menor chance de retenções por acúmulo de trens. Para a gestão da frota, o deck switch permite reposicionar composições com rapidez, abrir respiros na grade e adequar oferta ao pico.
O ponto de atenção recai no comissionamento: cada ajuste de software e cada recalibragem mecânica precisa casar com o cronograma do trecho. Ruídos e vibrações tendem a surgir durante os primeiros testes; as equipes costumam mitigar com calços, amortecedores e ajustes de torque nos elementos estruturais.
O que esperar nos próximos meses
Com o X27 em montagem e cinco aparelhos previstos no trecho a abrir no próximo ano, a linha ganha o miolo que faltava para a operação plena. As obras seguem em frentes paralelas: acabamentos de via, pátio Água Espraiada, energização segmentada e simulações de tráfego. A liberação de manobras depende da aprovação de segurança e de uma bateria de testes com trem, ainda sem passageiros.
Para além da obra: como um deck switch afeta o intervalo e a capacidade
O tempo de mudança de via de um deck switch de monotrilho costuma ficar na casa de dezenas de segundos, variando com o modelo e a extensão da viga móvel. Quando o planejamento embute a manobra entre viagens, o centro de controle encaixa o movimento no vão entre trens. Em linhas com 14 trens, uma inversão bem programada tende a manter intervalos de alguns minutos sem impacto perceptível ao passageiro.
Vale uma simulação mental simples: se a manobra leva menos de um minuto e o percurso vazio até o aparelho soma mais um minuto, a janela total fica próximo de dois minutos. Ao reservar essa janela na grade, a operação mantém o fluxo de embarque em Morumbi e reduz conflitos com trens que seguem para Congonhas.
Glossário rápido e dica prática
AMV: aparelho de mudança de via em ferrovias convencionais. Track switch/deck switch: conjunto de vigas-guia móveis que muda a rota no monotrilho. Pátio Água Espraiada: base de manutenção e estacionamento de trens. Com esses termos em mente, você acompanha melhor os próximos passos.
Se você dirige pela Marginal Pinheiros, verifique alertas de trânsito à noite durante os içamentos. Se você usa a integração em Morumbi, programe alguns minutos extras no período de testes, quando o operador costuma escalonar as viagens para validar sistemas sem pressionar a regularidade.


