Ruídos no chão, água empoçada e fissuras discretas acenderam o susto. No Fragata, o início do dia virou correria.
O que parecia infiltração banal ganhou gravidade em poucas horas. Partes do piso e do quintal afundaram, e duas famílias deixaram as casas às pressas, sob a orientação da Defesa Civil de Marília. Técnicos da concessionária de água e saneamento, a RIC Ambiental, iniciaram atendimento no local e prometem reparos e suporte aos moradores.
Como o solo começou a ceder
De acordo com relatos de moradores, o primeiro sinal surgiu no sábado, quando um vazamento de água apareceu na via pública, em frente às residências. A água correu de forma contínua e silenciosa. O asfalto manteve a aparência, mas o subsolo começou a ficar encharcado.
Na segunda-feira, uma equipe da concessionária esteve na rua. Técnicos avaliaram a situação e avisaram que voltariam com outra equipe. O retorno não ocorreu no prazo esperado, e o quadro piorou. Na quarta de manhã, o piso interno de uma das casas cedeu, e o quintal afundou em pontos diferentes, abrindo fendas próximas aos encanamentos.
Defesa Civil interditou os dois imóveis por risco estrutural imediato e recomendou saída temporária das famílias.
Agentes municipais isolaram a área, interromperam o acesso e realizaram vistoria preliminar. Não houve feridos, mas a recomendação foi clara: ninguém deve permanecer nos imóveis até nova avaliação técnica.
O que diz a RIC Ambiental
Em nota, a RIC Ambiental informou que deslocou equipes para conter o vazamento, estabilizar o solo e apoiar as famílias. A empresa afirma que mantém monitoramento e que seguirá com reparos na rede. Os moradores receberam orientação para registrar protocolos e documentar os prejuízos.
Vazamentos prolongados podem lavar o subsolo, criar cavidades e provocar colapsos repentinos do piso.
Linha do tempo do caso
| Data | Fato |
|---|---|
| Sábado (26) | Moradores percebem vazamento de água na via em frente às casas. |
| Segunda (27) | Concessionária visita o local e indica retorno com nova equipe. |
| Quarta (30) | Piso interno e parte do quintal cedem; Defesa Civil interdita dois imóveis. |
Risco para vizinhos: sinais que exigem atenção
A vizinhança também sente preocupação. Nem toda anomalia indica colapso, mas alguns sinais pedem ação imediata. Veja o que observar:
- Água empoçada constante no mesmo ponto da calçada ou rua, mesmo sem chuva.
- Rachaduras novas que avançam rapidamente em pisos, muros ou paredes.
- Portas e janelas que travam de um dia para o outro sem causa aparente.
- Afundamento leve do solo ou “oco” ao pisar em áreas antes firmes.
- Barulhos de estalo no piso ou nas estruturas.
Viu mais de um sinal ao mesmo tempo? Afaste pessoas, feche o registro e acione suporte técnico.
Quem responde pelos danos
Quando o vazamento tem origem na rede pública, a concessionária tende a responder pelos danos materiais e pelos custos emergenciais. A legislação de defesa do consumidor garante serviço adequado e contínuo, com reparo e assistência quando o problema decorre da prestação do serviço.
Para buscar reparação, o morador precisa reunir provas. O caminho inclui registro formal de protocolos junto à concessionária, laudo de profissional habilitado, fotos e vídeos, além do boletim de ocorrência e do auto de interdição da Defesa Civil. Em casos de urgência habitacional, a Prefeitura pode avaliar concessão de benefício temporário, como aluguel social, conforme regras locais.
Como registrar a ocorrência e preservar seus direitos
- Documente tudo: fotos datadas, vídeos e testemunhos dos vizinhos.
- Solicite o número de protocolo em cada contato com a concessionária.
- Peça vistoria da Defesa Civil e guarde o relatório.
- Contrate, se possível, engenheiro para laudo técnico de danos.
- Registre boletim de ocorrência, principalmente quando houver interdição.
- Procure o Procon ou a Defensoria Pública em caso de negativa de cobertura.
Por que o piso cede em áreas urbanas
O solo urbano abriga tubulações antigas, ramais clandestinos e redes sobrepostas. Um vazamento constante infiltra água e carrega partículas finas do subsolo. Com o tempo, surgem vazios. O piso se mantém por um período, mas perde apoio e desaba de forma súbita. Em regiões com argilas expansivas, o ciclo de molhar e secar amplia fissuras e deixa estruturas instáveis.
Além da água, vibrações de trânsito pesado, drenagem deficiente e obras mal executadas agravam o cenário. O problema raramente ocorre por um único fator. Normalmente há combinação de falha na rede, saturação do terreno e ausência de drenagem adequada.
Como reduzir o risco em casa
- Inspecione ralos e caixas de inspeção. Esgoto retornando indica obstrução e infiltração.
- Reforce a drenagem do quintal com grelhas, canaletas e caimento correto.
- Evite concentrar peso extremo sobre lajes ou pisos de preenchimento.
- Faça manutenção do telhado para reduzir pontos de infiltração interna.
- Ao notar água persistente no passeio, protocole reclamação na concessionária e registre fotos diariamente.
Após interdição, não entre no imóvel para retirar objetos. Aguarde liberação técnica e acompanhamento seguro.
O que acontece a partir de agora
As equipes devem localizar e estancar o vazamento, recompor o subleito e reconstruir o pavimento, além de avaliar fundações e muros afetados. A Defesa Civil pode exigir laudos de estabilidade para liberar o retorno. Enquanto isso, as famílias buscam acomodação temporária, e o suporte prometido pela concessionária precisa se materializar em hospedagem, reparos e indenização.
Casas vizinhas merecem monitoramento nos próximos dias. Pequenas trincas podem indicar que o solo ainda se acomoda. Moradores podem combinar uma rotina de checagem, registrar alterações e comunicar imediatamente qualquer nova movimentação de terra ou surgimento de buracos.
Informações úteis para o leitor
- Simulação rápida: se um balde de 10 litros escoa por vazamento a cada hora, em 24 horas são 240 litros infiltrando o solo; em uma semana, o volume passa de 1.600 litros, suficiente para lavar o subleito de uma calçada extensa.
- Risco associado: rachaduras diagonais próximas às esquinas de portas e janelas sugerem movimento do conjunto estrutural, exigindo avaliação técnica.
- Atividade preventiva: manter o número de emergência da concessionária e da Defesa Civil à mão encurta o tempo de resposta em situações semelhantes.


