Mudanças na Avenida Paulista voltam ao debate e mexem com rotina de quem circula entre o Masp e a região.
O museu apresentou à Prefeitura um plano para requalificar a Rua Professor Otávio Mendes e priorizar caminhadas e convivência.
O que está em jogo
O Masp quer transformar a estreita via que separa seu prédio icônico do Edifício Pietro Maria Bardi em um boulevard apenas para pedestres. A proposta faz parte do programa Masp em Expansão, lançado em 2019 para consolidar um complexo de arte com gestão integrada. O retrofit do anexo foi entregue em março e liberou novas áreas expositivas. A rua no miolo do quarteirão virou o próximo alvo para costurar as duas edificações com um solo público mais amigável.
O plano cria um “segundo vão” ao ar livre, conectando os dois prédios com circulação livre, mobiliário urbano e sombra.
A instituição protocolou o projeto na Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento como manifestação de interesse social. O trâmite prevê consulta pública online antes da análise técnica. O desenho urbano inclui requalificação da Praça Arquiteto Rodrigo Lefèvre, que fica ao lado do museu. O pacote pretende redesenhar fluxos, calçadas e paisagismo em todo o entorno imediato.
Quem assina o desenho
O escritório Metro Arquitetos, de Martin Corullon e Gustavo Cedroni, assina a proposta de boulevard. A dupla conduziu o retrofit do edifício anexo e domina a linguagem do conjunto. O conceito repete a lógica do vão livre: espaço amplo, plano, sem barreiras, com protagonismo do pedestre. O traçado busca continuidade visual e física entre as entradas dos dois prédios. O paisagismo prevê espécies nativas e pontos de sombra para conforto térmico.
O boulevard propõe travessias niveladas, calçadas amplas e mobiliário inclusivo, seguindo princípios de desenho universal.
Como ficaria a rua
A Rua Professor Otávio Mendes deixaria de receber fluxo geral de veículos. A circulação motorizada se restringiria a operações pontuais. O plano contempla uma logística mínima para não travar serviços essenciais. A proposta descreve áreas para carga e descarga em horários definidos. Um ponto de embarque e desembarque para aplicativos entraria no perímetro. O itinerário de ônibus manteria um ponto dedicado com acesso acessível.
Elementos previstos no boulevard
- Faixas de travessia elevadas para reduzir velocidade de veículos de serviço.
- Calçadas contínuas com piso tátil e rampas em esquinas.
- Mobiliário urbano com bancos, lixeiras e iluminação de baixo ofuscamento.
- Áreas verdes preservadas e novos canteiros com espécies de sombreamento.
- Espaços para programação cultural temporária e instalações artísticas.
- Áreas técnicas discretas para manutenção e segurança.
| Situação atual | Proposta do Masp |
|---|---|
| Via estreita com passagem de carros e manobras frequentes | Boulevard exclusivo para pedestres com logística controlada |
| Calçadas fragmentadas e travessias com desnível | Superfície nivelada e acessível entre os prédios |
| Vegetação dispersa e poucas áreas de estar | Novos pontos de sombra e mobiliário para permanência |
| Trânsito de passagem e conflitos com ônibus e táxis | Ponto de ônibus dedicado e área de drop-off organizada |
Quem paga e quem cuida
O pedido protocolado aponta custeio integral pela iniciativa privada. A Prefeitura não aportaria recursos no canteiro. O modelo de financiamento viria por meio de parceiros e do próprio museu. A governança do espaço seria assumida pelo Masp caso o plano avance. A gestão proposta tem horizonte de até 30 anos para manutenção e programação. O termo de gestão depende de aprovação jurídica e urbanística do município.
Obra com financiamento privado e gestão pactuada por décadas reduz pressão orçamentária e dá previsibilidade de manutenção.
Consulta pública e próximos passos
A SMUL organizará a consulta online para colher contribuições. A sociedade poderá opinar sobre circulação, acessibilidade e paisagismo. O calendário de reuniões e prazos sairá no canal oficial da secretaria. A análise técnica virá depois da escuta pública. O licenciamento detalhará soluções de drenagem, acessibilidade e segurança. A implantação deve ocorrer em fases para reduzir impacto na rotina do entorno.
Etapas esperadas no processo
- Consulta pública com minuta do projeto e mapas.
- Ajustes de traçado segundo contribuições técnicas.
- Licenciamento urbanístico e de mobilidade.
- Obras civis com sinalização provisória e desvios locais.
- Entrega da fase paisagística e instalação de mobiliário.
Impactos na mobilidade e no bairro
O fechamento ao tráfego de passagem reduz conflitos em cruzamentos. A travessia de pedestres ganha prioridade entre as duas portarias. O tempo de circulação a pé cai com rotas mais diretas. As entregas seguem com janelas específicas e fiscalização. Motoristas que usam a rua como atalho devem migrar para vias paralelas. A operação do ponto de ônibus precisa manter conforto e segurança nos horários de pico.
A expectativa é de redução de ruído e ganho de conforto térmico. O sombreamento e o mobiliário favorecem permanência. A programação cultural ao ar livre pode ativar visitas fora dos horários de pico. Comerciantes do entorno tendem a ampliar vitrines e serviço de fachada. O desenho proposto cria oportunidades para feiras e ações educativas sem fechar a Paulista.
O que muda para você
- Pedestres: travessias niveladas e áreas de estar entre os prédios do Masp.
- Visitantes: acesso facilitado ao anexo Pietro Maria Bardi e ao prédio principal.
- Moradores: menos ruído de motores e mais presença de verde no quarteirão.
- Motoristas: necessidade de rotas alternativas para atravessar o quarteirão.
- Ciclistas: circulação mais segura no entorno imediato e integração com bicicletários do museu.
Perguntas frequentes do debate público
Vai faltar ponto de embarque? O projeto reserva uma área de drop-off para aplicativos e táxis. Como ficam os ônibus? O ponto segue previsto com requalificação do espaço de espera. Onde as entregas ocorrem? O desenho cria baias com horários controlados para carga e descarga. E a segurança? A gestão inclui iluminação nova, câmeras e equipe de manutenção.
Contexto e referências
Corredores de pedestres vêm ganhando espaço em São Paulo em áreas de grande fluxo. A proposta do Masp se alinha a medidas que priorizam segurança viária e caminhabilidade. A Avenida Paulista já recebe grande volume de circulação a pé diariamente. O boulevard amplia essa vocação sem interferir no calendário dominical da via. O parque cultural aberto no meio do quarteirão amplia a experiência do visitante. A conexão porta a porta encurta deslocamentos internos e reduz barreiras arquitetônicas.
Termos para acompanhar a discussão
- Retrofit: modernização de edifício existente com atualização de sistemas e acessos.
- Boulevard: via com prioridade para pedestres, paisagismo e mobiliário urbano.
- Desenho universal: princípios que garantem acesso confortável para todas as pessoas.
- Gestão de área pública: regime em que uma instituição assume manutenção e programação mediante termo com o município.
Dicas práticas para planejar sua rotina
Planeje deslocamentos nos primeiros dias de obra com antecedência. Observe sinalizações temporárias em calçadas e travessias. Combine entregas no período sugerido pelo canteiro para evitar filas. Use o acesso mais próximo ao prédio que pretende visitar. Verifique a disponibilidade de áreas de estar antes de programar atividades com grupos. Avalie rotas alternativas de carro ao contornar o quarteirão em horários de pico.
Se o plano avançar, o quarteirão do Masp pode virar um laboratório de convivência, arte e mobilidade a céu aberto.


