Mensagens revelam Gardenal do CV cobrando drones noturnos: 12 mandados, você se sente seguro?

Mensagens revelam Gardenal do CV cobrando drones noturnos: 12 mandados, você se sente seguro?

Conversas em apps e um mercado de tecnologia profissional expõem novas faces do crime nas favelas do Rio de Janeiro.

O material apreendido pela investigação aponta pressão por drones com visão noturna, gastos com equipamentos e uma cadeia de comando em ação.

Como a facção tenta usar tecnologia

Relatórios baseados em trocas de mensagens indicam que Carlos da Costa Neves, o Gardenal, exigiu a compra de drones preparados para voar à noite. A cobrança mirava vigilância constante e proteção de áreas dominadas pelo Comando Vermelho. O objetivo declarado era acompanhar deslocamentos e reforçar o controle territorial sem exposição de olheiros.

O pedido foi direcionado a Washington Cesar Braga da Silva, o Grandão, também chamado de Síndico da Penha. Nas mensagens, ele admitiu não dispor do equipamento solicitado. A troca de textos mostra ritmo de compras e a tentativa de profissionalizar a segurança com acessórios, além do arsenal tradicional.

Drones equipados para operações noturnas aparecem como peça-chave para vigiar entradas, rotas de fuga e movimentação policial.

Investigações de campo e de inteligência vêm registrando o avanço do uso de drones por facções, sobretudo em regiões densas, onde ruas estreitas e morros dificultam o patrulhamento. O apelo da tecnologia está no custo relativamente baixo, na portabilidade e na facilidade de treinamento básico.

Para que o crime quer drones noturnos

  • Mapear entradas e saídas de comunidades sem expor vigias a tiros e emboscadas.
  • Identificar incursões policiais antes da chegada ao ponto sensível.
  • Monitorar rotas para transporte de drogas e armas com menor risco.
  • Produzir imagens para orientar a posição de “soldados” em barricadas.
  • Testar novas rotas de fuga com menor chance de interdição.

“Adequação tecnológica” virou palavra de ordem interna para manter o domínio de áreas e minimizar perdas em confrontos.

Quem é Gardenal na hierarquia do CV

Documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro descrevem Gardenal como gerente-geral do tráfico no Complexo da Penha. Ele coordena a compra de equipamentos, define padrões de segurança e interfere até no treinamento de base, como a forma de empunhar fuzis em pontos estratégicos. Na estrutura local, ele responde aos chefes Edgar Alves de Andrade, o Doca, e Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala.

Além do papel na Penha, Gardenal participa da expansão do CV para Jacarepaguá, na zona oeste. Contra ele pesam 12 mandados de prisão por crimes como tráfico, homicídio e associação para o tráfico. O histórico aponta influência sobre diferentes células e poder para dar ordens que afetam a rotina de comunidades inteiras.

Apelido Nome Função Situação
Gardenal Carlos da Costa Neves Gerente-geral na Penha; compras e segurança 12 mandados de prisão em aberto
Grandão Washington Cesar Braga da Silva Gerente na Penha; receptor de ordens Mencionado em conversas de aquisição
Doca Edgar Alves de Andrade Chefia; expansão para Jacarepaguá Referência na hierarquia local
Pedro Bala Pedro Paulo Guedes Chefia; liderança acima de gerências Comando sobre a Penha

Com 12 mandados de prisão ativos, Gardenal se consolidou como referência operacional e financeira dentro da facção.

Megaoperação e mosaico das provas

Uma denúncia do MPRJ desencadeou ação de grande porte nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte. A Delegacia de Repressão a Entorpecentes reuniu conversas de aplicativos, planilhas e indícios de compras, que mostram foco em tecnologia e logística. As mensagens apontam uma intenção clara: vigiar perímetros, reduzir perdas e ampliar a presença do grupo em novas áreas urbanas.

Esse pacote probatório ajuda a mapear rotas de abastecimento, redes de fornecedores e interlocutores que cuidam de pagamentos. O interesse por drones noturnos se soma a outras aquisições, como coletes e rádios, compondo um sistema de vigilância com camadas de redundância.

Impacto direto na vida do morador

O sobrevoo de drones à noite altera a rotina de quem vive nas comunidades. Ruídos de hélices, luzes discretas e voos repetidos geram medo e sensação de cerco. Crianças ouvem o zumbido e associam a incursões. Pequenos negócios ajustam horários com base em alertas circulados por grupos. Pessoas evitam ruas específicas quando percebem aumento de monitoramento aéreo.

Drones noturnos e como funcionam

Modelos voltados para pouca luz usam sensores com grande abertura e algoritmos de redução de ruído. Versões mais avançadas embarcam câmeras térmicas, capazes de detectar calor humano e motores em atividade. A autonomia média gira de 20 a 45 minutos, a depender de carga e vento. O GPS estabiliza voo e facilita rotas predefinidas.

Um kit com câmera sensível à luz, baterias extras e hélices silenciosas eleva o custo e amplia a capacidade de observação. Em ambientes urbanos, prédios e rede elétrica criam interferência. Pilotos experientes compensam com voos baixos e trajetórias curtas para reduzir perda de sinal.

Respostas possíveis do Estado

Polícias e Forças Armadas testam sensores de radiofrequência para localizar pilotos e neutralizar voos ilegais. Bloqueadores e redes anti-drone aparecem em operações pontuais, por causa de restrições técnicas e legais. Softwares de análise de vídeo ajudam a identificar padrões de voo e horários de maior risco para incursões.

Drones e a lei no Brasil

A ANAC regula operações por peso e uso. O DECEA estabelece regras de espaço aéreo e exige autorização para sobrevoos em áreas urbanas, principalmente à noite. Quem voa sem registro se expõe a sanções administrativas. Se o drone serve ao crime, o operador responde por delitos associados, como tráfico, invasão de dispositivos informáticos, resistência e porte de arma quando houver vínculo probatório.

Em operações urbanas, autoridades podem apreender equipamentos, solicitar quebra de sigilo de dados e buscar vestígios de rotas de voo em aplicativos. Fabricantes guardam logs e facilitam rastreamento quando a justiça determina. Isso reforça a importância de documentação técnica dentro dos inquéritos.

Sinais de risco para o morador

  • Ruído de hélices concentrado perto de acessos a morros após as 22h.
  • Drones voando com luzes reduzidas e trajetos repetidos sobre as mesmas vielas.
  • Sobrevoo estacionário sobre escolas, quadras ou becos usados como atalhos.
  • Aumento de mensagens em grupos locais sobre “movimento” antes do amanhecer.
  • Orientação: não tente derrubar o equipamento; registre horário, local e direção e acione o 190.

Informações que ajudam você a entender o cenário

Visão noturna x imagem térmica

Visão noturna amplifica a luz disponível, gera imagens mais claras e custa menos. Câmeras térmicas detectam calor, enxergam através de fumaça fina e vegetação rala, e têm preço mais alto. Facções costumam priorizar sensores de baixa luz, pois oferecem bom equilíbrio entre custo e benefício para vigiar becos e telhados.

Riscos e limites do uso criminoso

Drones podem colidir com cabos e aeronaves, causar quedas e incêndios e expor moradores a reações violentas. A desativação por forças de segurança pode interromper sinal de celular na área e afetar serviços. A curto prazo, essa disputa tecnológica torna confrontos mais imprevisíveis. A médio prazo, investigações com perícia digital tendem a mapear redes de compra e a dificultar voos clandestinos.

Para o leitor, a presença desses equipamentos indica mudanças nas táticas do crime. A combinação de drones, rádios e observadores humanos aumenta alcance e velocidade das respostas locais. As operações recentes buscam quebrar esse circuito com prisões, apreensões e inteligência aplicada ao espaço aéreo urbano.

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