Entre lavouras, indústrias e o Rio Doce, uma rota pouco lembrada promete mudar deslocamentos, reduzir poeira e aquecer negócios locais.
Uma via rural usada no dia a dia de produtores, trabalhadores e estudantes ganhará uma transformação aguardada. A ES 442, no trecho que contorna a margem sul do Rio Doce, deve receber pavimentação integral, nova sinalização e melhorias de segurança, abrindo alternativa real entre Linhares e Colatina e desafogando o tráfego da ES 248.
O que está previsto para a ES 442
O governo capixaba autorizou a pavimentação de 27,5 quilômetros da ES 442, entre Linhares e Colatina, com investimento estimado em R$ 157 milhões. O acesso inicia nas proximidades da BR-101, no bairro Rio Quartel, onde funciona a WEG Equipamentos Elétricos, segue por fazendas às margens do Rio Doce, passa nas imediações da Lagoa do Limão e avança em direção a Colatina.
R$ 157 milhões para 27,5 km; início previsto no segundo semestre de 2026; prazo de execução de 40 meses e entrega estimada para o primeiro trimestre de 2029.
O projeto é do DER-ES e inclui implantação completa do pavimento, drenagem, dispositivos de segurança, sinalização horizontal e vertical e intervenções pontuais para aumentar a capacidade em trechos críticos. O traçado funcionará como desvio parcial do fluxo hoje concentrado na ES 248 e conectará com mais eficiência as BRs 101 e 259.
Por que a obra muda a vida de quem passa ali
Hoje, o trecho de chão batido dificulta operações no período de chuva, aumenta custos de manutenção de veículos e alonga viagens. Com o asfalto, moradores e motoristas tendem a ganhar previsibilidade, conforto e segurança. Para o agronegócio do Norte e Noroeste capixaba — café conilon, madeira, leite e hortifrutis — a rota pavimentada reduz perdas no transporte e acelera o escoamento até centros de distribuição e portos.
- Menos poeira e lama em épocas de seca e chuva, com impacto direto na saúde respiratória e na conservação dos veículos.
- Viagens mais rápidas, com ganho de produtividade para trabalhadores, caminhoneiros e transportes escolares e de saúde.
- Integração a polos industriais de Linhares e Colatina e acesso mais ágil à BR-101 e à BR-259.
- Descompressão da ES 248, diminuindo congestionamentos em horários de pico e períodos de safra.
- Mais segurança em ultrapassagens, curvas e travessias, com sinalização e dispositivos de contenção.
Impactos no bolso do produtor e do caminhoneiro
Rodar no asfalto reduz trancos, patinagem e trechos de baixa aderência, o que costuma diminuir consumo de combustível, desgaste de pneus e quebras. Em rotas rurais, a diferença de custo de operação por quilômetro tende a cair quando a velocidade média sobe e as paradas por manutenção diminuem. A pavimentação também reduz contaminação por poeira em cargas sensíveis, como hortaliças e laticínios, aumentando a qualidade na entrega.
Segurança e saúde
Com sinalização adequada, faixas de bordo e acostamentos, a probabilidade de colisões e saídas de pista diminui. Em comunidades próximas, a redução da poeira contribui para menos irritações oculares e respiratórias. A drenagem bem dimensionada evita atoleiros e formação de valetas, problema recorrente na estação chuvosa.
A nova rota aliviará a ES 248 e cria um eixo direto para o Parklog, em Aracruz, conectando cadeias produtivas e polos industriais.
Cronograma, fases e próximos passos
O edital foi assinado no fim de outubro e a ordem de serviço deve sair no segundo semestre de 2026. O prazo de 40 meses inclui licenciamento final, projetos executivos e execução em campo. Em períodos de chuva intensa, os serviços tendem a se concentrar em drenagem, bueiros e terraplenagem protegida, priorizando camadas de base e pavimento em janelas de clima favorável.
| Fase | Janela prevista | Principais entregas |
|---|---|---|
| Mobilização e ajustes de projeto | 2º semestre de 2026 | Campanha topográfica, sondagens, canteiro, revisões de traçado e licenças |
| Terraplenagem e drenagem | 2026–2027 | Regularização, bueiros, sarjetas, obras de contenção e proteção de margens |
| Base e pavimentação | 2027–2028 | Sub-base, base granular, CBUQ, acostamentos e acessos |
| Sinalização e segurança | Final de 2028–início de 2029 | Faixas, placas, defensas, balizamento, dispositivos de velocidade e entrega |
Em trechos com interferências de redes e acessos privados, podem ocorrer desapropriações pontuais e readequações de entradas de fazendas. A obra também deve prever travessias seguras para pedestres e fauna, reduzindo atropelamentos e conflitos com a circulação local.
Relação com outras rotas e polos produtivos
A ES 442 se soma às conexões existentes pela margem norte do Rio Doce, criando uma malha mais resiliente. Em situações de interdição ou alto fluxo, a redundância de rotas mantém o abastecimento e evita paradas de fábricas. A ligação com a BR-101 favorece o acesso a Aracruz, onde o Parklog concentra operações logísticas. Em Linhares, a presença de parques industriais e da WEG reforça a vocação da área para cargas industriais, além dos insumos agrícolas.
O que muda para moradores de Rio Quartel e Lagoa do Limão
Com o pavimento, linhas de ônibus ganham regularidade em dias de chuva, o transporte escolar fica menos sujeito a cancelamentos e ambulâncias têm deslocamento mais previsível. Para pequenos produtores, o acesso a mercados urbanos fica mais simples, assim como o recebimento de assistência técnica e insumos.
Perguntas que você deve fazer antes de pegar a estrada
- Há desvios temporários ativos no trecho em obras?
- Quais horários de bloqueio parcial a construtora divulgou para o dia?
- O veículo está com pneus e suspensão em dia para trechos de terraplenagem ainda não pavimentados?
- Em caso de chuva forte, existe rota alternativa pela ES 248 ou pela margem norte?
- Como ficam as entradas das propriedades rurais durante as fases de drenagem e base?
O que observar nas especificações técnicas
Fique atento à largura de pista e acostamentos, tipo de revestimento asfáltico (como CBUQ), dispositivos de drenagem, defensas metálicas em taludes e curvas, sinalização refletiva e tachões. Em áreas de fauna, medidas como cercamento e sinalização de travessia reduzem acidentes. A qualidade do pavimento depende de base bem executada e controle de umidade e compactação; a fiscalização ativa do DER-ES e da comunidade ajuda a garantir durabilidade.
Quer saber o impacto no seu tempo de viagem?
Considere um exemplo prático. Em estrada de chão, velocidades médias reais costumam ficar próximas de 30 a 40 km/h, principalmente com tráfego pesado. No asfalto, o trecho pode operar com médias maiores, respeitando limites e condições climáticas.
- Hoje (estimativa): 27,5 km a 35 km/h ≈ 47 minutos.
- Com a pista pavimentada (estimativa): 27,5 km a 70 km/h ≈ 24 minutos.
O ganho aproxima-se de 20 a 25 minutos por viagem, efeito que se multiplica em rotas diárias de trabalho, transporte escolar e logística de carga. Resultados variam conforme clima, obras em curso, velocidade regulamentada e paradas.
Riscos e oportunidades após a entrega
Com a pista nova, a velocidade média tende a subir. Isso pede fiscalização, redutores em pontos sensíveis e campanhas de educação para reduzir colisões e atropelamentos. Por outro lado, a pavimentação viabiliza novas linhas de ônibus, atrai serviços de transporte por aplicativo e facilita rotas turísticas ligadas a lagoas e fazendas, criando renda extra para quem vive no traçado.


